Arquivo 25

7 2 0
                                    

Quando tomou consciência de si, Sasuke percebeu que estava deitado de bruços de um jeito completamente largado numa superfície fofa, que depois identificou ser o sofá da sala. A cabeça encostava confortavelmente no meio das almofadas que pareciam ter sido colocadas ali com cuidado. De repente, pressionou os olhos com força quando sentiu a cabeça latejar. O braço direito estava pendurado para fora do sofá, enquanto o esquerdo encontrava-se próximo à cabeça. As pernas estavam desengonçadas, uma levemente dobrada.

Levantou-se devagar e sentou-se extremamente preguiçoso, com aquela dor de cabeça que parecia aumentar. Quando apoiou os pés no chão gelado, fechou os olhos, e ajeitou o casaco quadriculado no colo, percebendo que estava completamente nu. Murmurou um "que merda" consigo mesmo quando sentiu a cabeça latejar forte mais uma vez. Depois de alguns segundos abriu os olhos, lembrando-se do que havia acontecido na noite anterior, e mesmo com a dor de cabeça, abriu um pequeno sorriso, comprimindo os lábios finos. Então, observou que a sala estava minimamente arrumada: o restante de suas roupas estavam dobradas no braço do sofá, próximo onde estavam seus pés; no lugar da garrafa de mezcal vazia e de camisinhas espalhadas, estava seu coturno; as almofadas que outrora estavam no chão, eram as que protegiam sua cabeça; e na mesinha ao lado, perto do abajur, ainda estava a caixinha laranja. Próximo a ela havia aspirinas, com dois comprimidos já usados, e um copo com água. O sorriso alargou-se nos lábios avermelhados, então esticou-se para pegar a aspirina e tomou com um pouco de água. Tratou de vestir-se, colocando a cueca e a calça preta apenas, não se dando o trabalho de fechar o cinto spike por pura preguiça.

Olhando mais atento pelo ambiente, percebeu que não havia sinal de Naruto no lugar, exceto pela caixinha misteriosa. Então, de repente um vento fresco e forte entrou pela porta da cozinha, que dava para os fundos da casa, e invadiu a sala. Vendo que a tal porta estava completamente aberta, Sasuke caminhou, descalço, lentamente em direção a ela. Passou pela cozinha silenciosa e devidamente organizada, e viu que o relógio digital em cima da geladeira marcava mais de três horas da tarde. Logo, um cheiro de café incrivelmente gostoso invadiu seus pulmões violentamente. Naquele horário os raios de sol passavam pelo vidro blindado da longa janela deixando o ambiente completamente iluminado. Comprimiu as pálpebras assim que a luz do sol atingiu seus olhos, quando chegou na porta, e protegeu o rosto dos raios com a mão direita.

Depois de acostumar-se com a claridade, conseguiu ver que Naruto estava de costas, debruçado na cerca que dava para fora da propriedade, com o tronco levemente curvado para frente. Estava com os dois braços dobrados, deitados na cerca, um por cima do outro, e ao seu lado havia uma caneca verde-água. De vez em quando, ele bebericava o líquido, que, pelo cheiro, parecia ser o café, enquanto observava aquela imensidão azul à sua frente, quase da cor dos seus olhos. Os pequenos fios dourados balançavam quando a brisa marítima batia com mais força e pareciam brilhar debaixo do sol da tarde. As costas de ombros largos, levemente musculosas e bronzeadas, estavam nuas e usava calça jogger da noite anterior. A perna direita sustentava o peso do corpo robusto, enquanto a esquerda estava levemente dobrada. Ele parecia estar distraído, meio distante, enquanto observava a paisagem.

Sasuke ficou admirando aquela belíssima cena por alguns segundos, quando decidiu se aproximar.

– Tudo bem? - Naruto perguntou cordial, com um sorriso comprimindo os lábios carnudos, assim que virou a cabeça em sua direção, percebendo a aproximação dele.

– Tudo. - Sasuke respondeu com seu pequeno sorriso terno, de canto nos lábios, debruçando-se sobre a cerca ao lado do loiro. Apoiou os dois braços próximos, deixando as mãos para fora da cerca, com o tronco levemente curvado para frente.

Então, observou a paisagem que Naruto olhava tão intensamente. Era realmente lindo como a parte da mata plana, sem árvores, logo abaixo da cerca da propriedade, contrastava com a areia e o azul do mar bem mais distantes. O azul celeste tocava o azul intenso do oceano e este parecia não ter fim no horizonte. Era possível ver as ondas fortes que se produziam longe da costa e como elas chegavam mais tranquilas na beira da praia. O vento trazido deixava o calorzinho da tarde extremamente confortável.

Convite Para a Culpa (NaruSasu)Onde histórias criam vida. Descubra agora