Espelho da realidade - 010

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A noite em Nova Orleans era quente e sufocante, mas isso não se comparava à atmosfera dentro da casa dos Mikaelsons. Freya e Rebekah estavam, mais uma vez, em uma discussão acalorada sobre Hope. Era quase reconfortante em sua previsibilidade – se algo podia ser dito sobre nossa família, era que nunca faltava drama.

"Hope não precisa ser mais ignorada, Freya! Você não vê que suas decisões só estão piorando as coisas?" A voz de Rebekah era um misto de raiva e frustração.

"E você acha que é fácil para mim, eu só quero o bem dela!" Freya respondia, sua paciência claramente no limite.

Revirei os olhos enquanto passava por elas, não desejando me envolver na briga eterna de minhas irmãs. Desde que Klaus e Elijah morreram, a casa parecia um campo de batalha constante, e eu estava cansado de ser um soldado involuntário nessas guerras familiares.

Subi as escadas, cada passo ecoando pelo corredor vazio. A casa era uma sombra do que já foi, e a ausência de Klaus e Elijah era palpável. Não que eu tivesse alguma ilusão romântica sobre nossos irmãos. Elijah, com seu ar de superioridade e sua constante pregação de moralidade, e Klaus, com seu ego imenso e planos intermináveis de dominação. Mas, apesar de tudo, eram nossos irmãos.

(...)

Entrei no meu quarto e fechei a porta, desejando apenas um momento de paz. Me joguei na cama, tentando afastar os pensamentos, mas eles vieram de qualquer maneira. Lembranças de brigas ferozes com Klaus, cada uma mais intensa que a outra, e dos momentos de rara camaradagem com Elijah, onde, por um breve segundo, éramos apenas irmãos.

Havia uma memória específica que sempre voltava, especialmente nessas noites solitárias.

Flashback on

Estávamos no salão principal da casa, e eu tinha acabado de fazer algo que Klaus considerava uma traição – nada incomum, dada nossa história turbulenta.

"KOL! COMO VOCÊ PÔDE FAZER ISSO?" Klaus gritou, seus olhos brilhando com uma fúria que só ele conseguia expressar.

"Eu fiz o que era necessário, Klaus! Você não é o único que pode tomar decisões por esta família!" Eu retruquei, sentindo o calor da raiva subir em mim.

Elijah entrou no meio da nossa briga, como sempre fazia. "Calma, ambos vocês. Este é um momento de tensão, mas brigar entre nós não resolverá nada."

"Fique fora disso, Elijah!" Klaus e eu dissemos quase ao mesmo tempo, antes de voltarmos a nos encarar.

A briga escalou rapidamente. Klaus me empurrou contra a parede, e eu reagi jogando-o para trás com toda a força. Elijah tentou nos separar, mas acabamos derrubando móveis e causando um verdadeiro caos.

Finalmente, exaustos e machucados, todos nós paramos, respirando pesadamente. Elijah, com sua calma habitual, quebrou o silêncio. "Somos uma família. Não importa quantas vezes briguemos, no final do dia, devem lembrar disso."

Klaus, ainda ofegante, olhou para mim. "O kol que não sabe oque faz, e sobra tudo a nós ."

"Niklaus"

Houve um momento de silêncio, uma trégua não dita. Elijah colocou uma mão no ombro de cada um de nós. "Vamos para o bar. Precisamos de um drink."

Aquela noite terminou com nós três sentados, compartilhando um copo de bourbon, conversando sobre nossos planos, nossas esperanças e nossos medos. Era um raro momento de paz e entendimento, algo que valorizo mais agora que eles se foram.

Flashback off

Suspirei, sentindo o peso de todas essas emoções. Fechei os olhos, tentando encontrar um pouco de alívio no sono. As vozes de Freya e Rebekah ainda ecoavam distantes, mas agora eram apenas ruído de fundo enquanto eu mergulhava nas lembranças e saudades.

Adormeci, esperando que, ao menos nos sonhos, pudesse reencontrar aqueles momentos caóticos, mas genuínos, com meus irmãos.

(...)

Kol estava perdido em uma floresta densa e sombria, a névoa espessa envolvia as árvores, tornando difícil enxergar o caminho à frente. Ele sentia o frio úmido da noite penetrando sua pele, arrepiando seus sentidos. O silêncio era quase absoluto, quebrado apenas pelo som distante de água corrente. Ele não reconhecia aquele lugar, mas havia algo estranhamente familiar na atmosfera.

As árvores pareciam se fechar ao seu redor, formando uma prisão natural. Kol continuava a caminhar, cada passo acompanhado pelo farfalhar das folhas secas sob seus pés. De repente, ele ouviu um som suave, como um sussurro. Ele parou e olhou ao redor, seus olhos varrendo a escuridão.

"Kol," uma voz suave e calma chamou seu nome. Ele se virou bruscamente, e seu coração parou por um segundo. Ali, parado entre as árvores, estava Elijah. A figura alta e imponente de seu irmão mais velho parecia quase etérea, como se ele estivesse parcialmente presente, parcialmente um espectro.

"Elijah?" Kol chamou, sua voz saindo hesitante, incrédula. "O que você está fazendo aqui?"

Elijah deu um passo à frente, e Kol pôde ver a preocupação nos olhos do irmão. "Kol, escute-me com atenção. Algo está acontecendo. Eu não sei direto mais fale com freya, há uma energia maligna crescendo. Não temos muito tempo."

Kol franziu a testa, sentindo uma mistura de confusão e urgência. "O que você quer dizer? O que está acontecendo?"

Elijah colocou uma mão firme no ombro de Kol, seus olhos perfurando os dele. "Você precisa falar com Freya sobre isso. Ela saberá o que fazer. Confie em mim, irmão. O tempo está se esgotando."

A floresta ao redor deles pareceu estremecer, e Elijah começou a desaparecer, como se estivesse sendo puxado para longe. "Elijah, espere!" Kol gritou, mas sua voz ecoou inutilmente na escuridão.

De repente, o chão sob seus pés começou a tremer, e a névoa tornou-se ainda mais espessa, quase sufocante. Kol tentou seguir em frente, mas parecia que a floresta estava se fechando ao seu redor, aprisionando-o. Ele sentiu um arrepio gelado correr por sua espinha, uma sensação de pavor crescente.

O som de sussurros aumentou, como se as próprias árvores estivessem falando. Ele podia ouvir seu nome sendo chamado de várias direções, uma cacofonia de vozes indistintas. "Kol... Kol... Kol..."

A sensação de urgência tornou-se insuportável, e Kol começou a correr, tentando escapar da opressiva presença ao seu redor. Mas quanto mais ele corria, mais a floresta parecia se estender infinitamente. O medo tomou conta de seu coração, e ele começou a sentir-se sufocado pela escuridão crescente.

(...)

Então, como um estalo, ele foi puxado de volta à realidade. Kol acordou em seu quarto, o suor frio cobrindo sua testa e sua respiração rápida e irregular. Ele olhou ao redor, tentando se acalmar. As sombras do quarto pareciam mais ameaçadoras do que nunca, e ele podia sentir a mesma sensação de urgência que havia experimentado no sonho.

Ele se levantou da cama, ainda sentindo o peso das palavras de Elijah. "Foi um sonho," murmurou para si mesmo, mas a sensação de perigo era palpável. Algo estava definitivamente errado, e ele sabia que precisava falar com Freya imediatamente. O tempo estava se esgotando, e Kol não podia ignorar o aviso de seu irmão.













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