Ventos de mudanças - 016

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Caroline me lançou um olhar firme, um misto de preocupação e determinação. Ela hesitou antes de falar, como se estivesse escolhendo as palavras com cuidado.

– Hope, eu preciso resolver algumas coisas – disse ela, sua voz carregada de algo que não consegui decifrar completamente. – Não quero que você fique aqui agora.

Surpresa, minha primeira reação foi discordar. Eu acabara de descobrir algo sobre meu pai, Klaus Mikaelson, através das palavras dela. O desejo de ficar e exigir mais respostas estava em cada parte de mim, mas havia algo no tom de Caroline que me fez parar. Ela não estava pedindo; estava me dando uma ordem.

Dei um suspiro, sentindo o peso de tudo aquilo. Mesmo sem querer admitir, eu sabia que ela estava certa. Meus pensamentos estavam uma bagunça, e talvez um pouco de distância ajudasse. Então, apenas assenti com a cabeça, tentando ignorar a sensação de derrota que se acumulava no peito.

Caroline me lançou um último olhar, mais suave, como se tentasse me tranquilizar. Depois, se afastou, deixando-me sozinha com meus próprios pensamentos.

(...)

Hope deixou o jardim, caminhando de volta para o hotel em silêncio. Cada passo parecia um peso, enquanto a recente conversa girava em sua mente, tocando feridas que ela mantinha há tanto tempo. Caroline havia pedido para resolver algo sozinha, deixando Hope sem muitas respostas e com um turbilhão de sentimentos.

Hope deduzio que sua história com o seu pai era complicada, mas ouvir Caroline falar sobre ele mexia com Hope de uma maneira diferente. Hope não era mais aquela menina pequena que olhava para o pai como um herói, mas ele ainda significava tudo para ela. Ele a amava de uma forma feroz, e Hope sentia que essa mesma intensidade pulsava dentro dela agora – uma dor, uma saudade que nunca diminuía, não importava quanto tempo passasse.

Enquanto caminhava, ela tentava controlar a raiva e o ressentimento. Por que Caroline achava que poderia esconder algo assim dela? Por que todos sempre pareciam tratá-la como se ela fosse frágil demais para lidar com a verdade? Era como se todo mundo sempre estivesse escondendo pedaços da história, como se ela precisasse ser protegida. Mas Hope já havia visto e suportado mais do que muitos jamais imaginariam.

Ao passar pelas ruas silenciosas de Nova Orleans, as luzes amareladas projetavam sombras sobre seu rosto, dando a ela uma aparência quase etérea. Mas, por dentro, Hope se sentia consumida por emoções que mal sabia nomear. Ela sentia raiva, saudade, frustração, tudo ao mesmo tempo.

Mais do que tudo, sentia-se sozinha.

(...)

Hope chegou ao hotel com passos leves, quase furtivos, para não acordar seus colegas da escola que dormiam no quarto. Ao vê-los ali, respirou fundo, tentando conter o turbilhão de sentimentos que ainda pulsava em seu peito. Eles estavam tranquilos, completamente alheios ao caos que se passava dentro dela.

Sem querer ficar naquele ambiente abafado e silencioso, ela decidiu ir ao terraço para tomar um pouco de ar e se acalmar. Assim que abriu a porta para o lado de fora, o vento fresco da noite a envolveu, dando-lhe um pequeno alívio. O céu estava limpo, com estrelas brilhando de forma quase reconfortante, e Hope caminhou até a beirada, olhando para a cidade adormecida.

Foi então que ela notou uma figura sentada em uma das cadeiras do terraço: Josie. A garota estava quieta, olhando para baixo, com os ombros curvados, como se estivesse perdida em pensamentos. Hope parou por um momento, observando-a, antes de se aproximar. Josie parecia tão vulnerável quanto Hope se sentia por dentro, e mesmo que ambas fossem orgulhosas demais para admitir suas dores uma para a outra, havia uma conexão ali que era impossível ignorar.

Hope respirou fundo e deu alguns passos até Josie, parando ao seu lado.

– Não achei que você ainda estivesse acordada – disse Hope, tentando manter a voz calma, embora sua mente ainda estivesse turbulenta.

Josie levantou o olhar para Hope, e a expressão dela era uma mistura de cansaço e tristeza.

– Não consegui dormir – respondeu Josie, desviando o olhar de volta para o chão. – Muito na minha cabeça.

Hope assentiu, compreendendo perfeitamente. Ficaram em silêncio por um momento, apenas sentindo a presença uma da outra, antes que Hope finalmente rompesse o silêncio.

– Eu… tive uma conversa com Caroline – começou Hope, com a voz baixa, quase temerosa. – Ela me contou algumas coisas sobre… meu pai. Coisas que eu nem imaginava.

Josie olhou para ela, interessada, mas também com um traço de frustração nos olhos.

– E o que ela te disse?

Hope suspirou, sentindo o peso daquelas palavras antes de continuar.

– Ela disse que meu pai significava mais para ela do que eu sabia. Eles tinham uma conexão que… que vai além do que eu podia imaginar. E isso me deixou… confusa. Eu passei tanto tempo achando que conhecia tudo sobre ele, sobre o que ele significava para mim, e agora parece que ainda existem partes dele que eu nunca soube.

Josie cruzou os braços, o rosto fechado, mas os olhos fixos em Hope, analisando cada palavra dela.

– Então, o que você vai fazer com essa informação?

Hope deu de ombros, sentindo uma pontada de frustração.

– Eu não sei, Josie. Não sei o que fazer com isso. Parte de mim quer odiá-la por ter escondido isso, mas outra parte… entende o porquê. Acho que, de alguma forma, ela queria proteger o que eu tinha do meu pai, mas isso não faz sentido. Ele era tudo para mim, e eu tenho o direito de saber.

Josie balançou a cabeça, soltando um suspiro irritado.

– Você sempre fala como se ninguém mais tivesse problemas, Hope. Como se só você tivesse que lidar com coisas difíceis.

Hope sentiu a raiva subir, mas conteve-se, sabendo que Josie não estava totalmente errada.

– Eu sei que não sou a única com problemas, Josie. Mas você sabe como é – disse ela, olhando nos olhos de Josie, seu orgulho e vulnerabilidade visíveis ao mesmo tempo. – Eu não sou boa em pedir ajuda ou falar sobre o que sinto. E você… você também não facilita.

Josie arqueou uma sobrancelha, ainda em guarda.

– Você acha que é fácil para mim, Hope? Você acha que eu gosto de ser deixada de fora, de sempre ter que adivinhar o que está acontecendo com você?

Hope desviou o olhar, sentindo-se pega. Ela sabia que Josie estava certa, mas admitir isso era outra coisa. Ela respirou fundo antes de falar de novo.

– Talvez eu seja péssima em pedir desculpas… mas estou tentando agora, do meu jeito. Eu sinto muito, Josie, de verdade. Eu não quero te afastar… eu só… não sei como não fazer isso.

Josie a olhou por um momento, como se ponderasse o que dizer, mas, em vez de responder, apenas se levantou e se afastou um pouco, cruzando os braços novamente.

– Não é tão simples, Hope. Não é só dizer que sente muito e esperar que tudo fique bem.

Hope mordeu o lábio, sentindo a dor daquelas palavras.

– Eu sei, Josie… eu sei.

Ficaram ali, uma ao lado da outra, com uma distância que não era só física. Hope sabia que tinha muito a trabalhar, e Josie ainda guardava ressentimentos, mas talvez aquele fosse o primeiro passo para quebrar o orgulho que as separava.




♡Notas da autora♡

Desculpa, pela demora, eu tive tendo uma perda na minha família, e isso me afetou, peço perdão, garanto que vou postar mais amigas!

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⏰ Última atualização: Oct 28 ⏰

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