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CHAPTER EIGHT

Ashtray está desconfiado.

LIZ COOPER


Nem preciso dizer que desapareci da vida de Ashtray por uma semana.
Não sei se por causa do beijo ou por ele ter percebido meus hematomas.
É arriscado, não gosto quando as pessoas descobrem. Elas sentem pena, e isso é a última coisa que quero.

Mas não posso mentir, aquele beijo não sai da minha cabeça.
O cheiro do perfume dele parece estar impregnado em mim.

Será que ele sempre foi assim tão bonito? Ou eu só estou achando isso porque ele me beijou?
Aquele garoto é um babaquinha... Mas aquele beijo vale super a pena.
Aqueles lábios macios...

Recebo um empurrão que me arranca para a realidade.
— Terra chamando Liz! — Rue diz, balançando as mãos em frente ao meu rosto. — Você está sonhando acordada ou o quê?

— Rue!
— Eu hein! Você fica aí parada olhado para o nada, babando no canudo — ela tira a latinha de refrigerante sabor uva de minhas mãos — Para de ser estranha.

— Ah, e você é super normal... — reviro os olhos. — Eu só estou cansada hoje. Não dormi direito.
— Sei... Aconteceu alguma coisa?
— Não. Claro que não.
— Você está estranha.
— Não estou.
— Bom... Tanto faz. Te vejo na saída.
— Nem me espera. Vou direto para casa.

Ela franze a testa, mas não pergunta nada, apenas assente.
— Ok...
E então se levanta e segue até sua sala.
Quando percebo, Lexi está me encarando, curiosa.

— Está tudo bem, Liz?
— Hm... Sim.
— Tem certeza?

Ok... Eu preciso dividir isso com alguém.
— Promete não contar para a Rue?
— Prometo.
— Eu... Eu beijei o Ashtray — murmuro.

Ela se inclina para a frente.
— Não entendi.
— Eu beijei o Ashtray — repito.
— Fala mais alto!
— Eu beijei o Ashtray! — digo, em alto e bom som. Ela arregala os olhos.

— O garoto? Irmão do Fez?
— Sim.
— Caramba, Liz...
— Não conta isso pra Rue!
— Relaxa, não vou falar nada. Mas quando foi isso?
— Semana passada. — cubro o rosto com as mãos — Eu não vejo ele desde aquele dia.

— E você está assim porque está arrependida?
— Não. Quer dizer... Eu não sei. Você acha que isso é um problema muito grande?
— Depende. Você acha que é um problema?
— Sim e não. Ele é um traficante. E isso é ruim, né?
— Bem... Sim.
— Mas eu gostei do beijo. E isso é bom, né?
— Acho que sim?

Ela passa os dedos pelas mechas de cabelo, ajeitando o penteado.
— Talvez você deva ir falar com ele.
— Como é que é?
— Se você gostou... A não ser que não goste da ideia de ter algo com ele.
— Eu não sei...
— Tenta falar com ele. Não sobre o beijo. Mas conversa...

— Será que isso é boa ideia?
— Não custa tentar, né? Mas se você tentar algo com esse garoto e aparecer careca, não vem me culpar.
Dou risada.
— Relaxa.

O sinal toca e ela pega seus materiais.
— Até, Liz. Boa sorte, caso você decida falar com ele.
— Obrigada, eu acho.

(...)

Tomo coragem e vou até a conveniência após as aulas encerrarem. Espio antes de entrar e respiro aliviada ao ver que Fezco está lá também. É bom saber que não vou ficar sozinha com Ashtray de novo.
— Oi, gente!

Quando entro, os dois me olham. Fezco abre um grande sorriso, enquanto Ashtray apenas observa do caixa, de braços cruzados.
— Olha quem resolveu aparecer!

𝒀𝒐𝒖 // ᴀsʜᴛʀᴀʏOnde histórias criam vida. Descubra agora