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CHAPTER ELEVEN

Liz se recupera.

LIZ COOPER


A claridade batendo em meus olhos me acorda.
Entro em pânico ao não saber onde estou. Mas, depois de alguns segundos, reconheço a casa de Fezco. Me sento no sofá e bocejo.
Minha cabeça está doendo, minha boca está extremamente seca e sinto meu corpo fraco.

— Olha só... A bela adormecida acordou...

Me viro para encontrar Ashtray, sentado à mesa da cozinha, levando colheres de cereais até a boca.
Me levanto devagar, pressionando a mão na cabeça.
— Ah... Me sinto tão... Estranha.
— Sorte sua que a dose não foi tão forte. Só o suficiente pra te apagar. Caso contrário...

Vou até lá e me sento em sua frente, com os braços sob a mesa da cozinha. Escoro a cabeça nos braços, sonolenta.
— Do que você lembra? — ele pergunta, servindo uma tigela generosa de cereais para mim.
— Lembro de ter vindo falar com o Fez. E aí aquele homem chegou e... Eu lembro que eu usei alguma coisa.

— Depois disso, não lembra nada?
— Não...
— E quando você estava acordada de madrugada?
— Não lembro...
— É. Que bom... Porque você drogada só faz merda.

Me preocupo no mesmo instante.
— Como assim? Eu fiz alguma coisa? Quebrei alguma coisa?
— Invadiu o banheiro enquanto eu estava usando.

Evito contato visual.
Não acredito nisso!
— Sério? — pergunto, constrangida. Sinto as bochechas queimando.
— É. Não me deixou mijar em paz.
— Bem... A culpa não é minha se você não tranca a porta.
— Você está na minha casa, não tem o direito de ficar zanzando assim.
— É que eu estava apertada!
— Não cai a sua mão se bater na porta.
— E a sua não cai se trancar!

Ele empurra a tigela cheia em minha direção.
— Come e fica quieta.

Faço cara feia, mas levo uma colher bem cheia até a boca. Estou morrendo de fome.
Na verdade... Me sinto cansada. A dor de cabeça parece que só piora, e é tão forte que me deixa tonta.
Cubro o rosto com as mãos, respirando fundo.
Sinto que vou vomitar.

— Dor de cabeça? — ele pergunta. Assinto.
— Tá doendo muito...
— Mais alguma coisa dói?
— Não. Só... Me sinto fraca.
— Não sei se posso te dar um remédio pra dor. GHB é muito forte, você ainda tá sob efeito. Se misturar com remédio pode dar merda.
— Melhor não arriscar... — murmuro.

Ele se levanta, serve um copo de água com bastante gelo e o coloca em minha frente.
— Vai por mim, é melhor beber bastante água hoje.

Bebo em três goles intensos. A água gelada desce pela garganta, deixando uma sensação de frescor. Isso me deixa levemente melhor.
Me lembro de onde suas mãos tocaram.
Me sinto tão suja... Tão...
— Isso é horrível — digo.
— O que você tá sentindo?
— Além da dor de cabeça? Parece que eu tô há dias sem dormir. Se eu deitar naquele sofá eu vou apagar. Estou tão fraca que parece que faço esforço até pra levantar a colher. Isso é... Urgh. Me sinto suja. Tô com enjôo, com dor de cabeça... Tudo de ruim.

— É... Pelo menos está consciente. — ele diz, levemente preocupado, mas nada que deixe transparecer. — As vezes a dose é tão forte que a pessoa fica desorientada por um bom tempo. Mesmo dormindo por horas.
— Quantas horas eu dormi?
— Ah... Um bom tempo. Era fim de tarde quando você chegou. Logo em seguida o rato veio... E aí você apagou. Agora são nove da manhã.
— Meu Deus... Minha mãe não sabia onde eu estava. Eu não avisei ela... Se eles não tiverem notícias ele vai... — me interrompo. Ashtray fixa os olhos em mim após a palavra "ele".

𝒀𝒐𝒖 // ᴀsʜᴛʀᴀʏOnde histórias criam vida. Descubra agora