Tomé Gomes
Encaro o teto branco, os móveis caros que aumentavam a beleza desta mansão, estranhamente me fez lembrar do dia que o conheci.
Era uma tarde bem agitada por ser o meu primero semestre na faculdade de artes e eu estava tão feliz por visitar um exposição de arte pela primeira vez na minha vida.
As luzes brancas criavam um contraste perfeito com os inúmeros quadros penduras nas paredes pintadas a branco.
Eu sonhava em um dia depois de concluir a faculdade poder pintar vários quadros e fazer uma exposição como aquelas que sempre via na televisão junto da mulher que sempre me apoiou.
— Gostando do que vê? — uma voz grave me tirou do meu estupor. Inclino um pouco a cabeça para poder encontrar os olhos do estranho, ele era tão atraente e tinha um aroma tão viciante que o meu coração falhou uma batida.
Ele vestia um terno caro que não escondia a sua estatura robusta e as tatuagens ainda eram visíveis no seu pescoço e mãos, o piercing no seu nariz e orelhas o tornavam tão sexy que no fundo desejei que ele estivesse interessado em mim.
— Amo. Este sítio é o paraíso para mim — respondi inocentemente enquanto ainda olhava fascinado para aquele lugar.
— É mesmo? Eu tenho alguns quadros interessantes em casa, acho que vais gostar, senhor… — fez uma pausa.
— Tomé Gomes mas pode tratar por Tomé e você é… — pelo seu cheiro reconheci logo que ele era um alfa e sorri internamente, talvez fosse o meu destinado.
— Leonel Sanz Carter — estendeu a mão para mim e eu aceitei o cumprimentando sem fazer a mínima ideia que aquele seria o meu pior pesadelo.
Depois daquele dia não demorou muito para o Leonel mostrar as suas verdadeiras intenções comigo e me sinto tão estúpido por ter permitido que ele entrasse na minha vida.
Solto um suspiro quando vejo o último quadro que desenhei antes de conhecer o Leonel, as cores vivas que transmitiam a alegria que não sinto faz tanto tempo mas tudo desmorona e eu sou o culpado.
Virando para o lado, encontro o alfa que me está deixando louco. Três dias passaram desde o dia que tentei tirar a minha própria vida naquela praia.
Eu queria odiar o homem que me salvou a vida porém agradeço ao mesmo tempo, eu estava numa montanha russa de emoções que acabei esquecendo da minha própria mãe.
Hyun Jung.
Ele tem um nome adequado para a sua personalidade, não que eu saiba alguma coisa sobre coreano ou cultura deles mas andei pesquisando e descobri o significado do seu nome.
— Pode devolver, estou sem fome — a Kayla tentou retrucar ao meu pedido mas ela sabia que eu não mudaria de ideia tão facilmente.
A ruiva deixou a comida em cima da mesa e se ajoelhou na minha frente ignorando completamente a presença de Hyun na sala.
— Entendo perfeitamente como te sentes mas precisas te alimentar e não comes nada desde ontem, isso não é o que a sua mãe quereria, é? — ela falou tentando me convencer.
— Se você entende, então me ajuda a sair daqui. Eu não aguento mais ficar trancado aqui e apanhando por qualquer coisa — digo calmamente.
— Kayla! — um dos homens do Leonel chamou atenção dela antes que pudesse me responder, provavelmente um aviso para ela se manter calada e não me escutar.
— Eu vou ajudar, pode ir tranquila — a sua voz grave me deixou arrepiado. Encolho os meus pés descalços quando ele se ajoelha na minha frente com o prato de comida e uma colher nas mãos.
— O que você quer? — perguntei sem rodeios. Em toda a minha vida nunca conheci um alfa que me ajudasse sem querer alguma coisa em troca e ele não seria uma exceção.
— Quero cuidar do senhor. Se não comer vai ficar doente e eu não quero isso. Eu alimento você se quiser — franzi o cenho quando ele respondeu com mansidão e ainda mostrou um sorriso fraco que formou uma covinha na bochecha direita.
— Acha que vou confiar em ti depois de me trazer de volta? — eu sei que ele é o mesmo alfa que vi no parque entretanto não consigo confiar nele mesmo sabendo que a minha loba o reconheceu com o meu destinado.
— Como posso chamar o senhor? — questionou. Os seus olhos negros acompanhando subtilmente cada movimento que eu fazia, aquilo me fez sentir estranho.
— Tomé. Diz logo o que você quer — respondi sem rodeios.
— Não foi minha intenção fazer-te sentir desconfortável, Tomé. E mesmo eu não concordando com a maneira como ele o trata, vou julgá-lo por casar com o sr. Carter, mas saiba que eu farei o meu melhor para manter você em segurança — mordi o lábio inferior. O sabor amargo na minha boca aumentou ao escutar o homem que deveria ser o meu marido dizendo aquelas palavras para mim.
— Você pretende me proteger mantendo preso ao homem que me maltrata, bate e me humilha todos os dias? Que tipo de proteção é essa? — não consigo esconder as lágrimas que caíram dos meus olhos.
— Olha, saí da minha frente se você não tiver mais nada para dizer — digo limpando o meu rosto com raiva, odeio quando choro na frente de estranhos.
— Tomé. Podes pedir ao seu marido para comprar roupa nova para mim, estou realmente precisando mudar o meu visual — O meu avô interrompeu Hyun quando ele fez menção de falar e para ser sincero acho que é melhor assim.
— E nem respondas mal ao teu marido, sabes que ele não gosta — como o meu próprio avô pode ser tão indiferente ao sofrimento que eu passo por culpa do maldito vício dele em jogos de azar?
— As vezes eu tenho a certeza que morto estaria mil vezes melhor — digo me levantando. Saí da presença deles antes que voltasse a surtar.
Só dei alguns passos antes de ser traído pelas minhas próprias pernas. Eu odeio o Leonel por me tornar assim, tão fraco e incompetente.
— Confia nele — a Sky pediu quando me afastei do meu segurança. Não queria um alfa me tocando, o único que me toca só me machuca, porque ele seria diferente?
O meu avô não moveu nem um músculo mesmo vendo que eu tremia e Hyun se aproximou de mim tão rápido que nem escutei os seus passos.
— Isso é coisa de branco e nem sei porque continua fingindo que tem isso — Hyun tentou me ajudar mas eu me afastei dele como se estivesse pegando fogo, não gosto que me toquem quando tenho as minhas crises de ansiedade.
Arrasto o meu corpo de volta ao sofá esperando impaciente para a Kayla trazer os meus comprimidos, ela fica com eles, segundo o Leonel para evitar que alguma burrice.
E não é que ele estivesse errado, eu já tentei me entupir de remédios para ver se acabava com esse vida miserável que tenho, enfim, não funcionou e ele bateu mais depois que me recuperei.
Fecho os olhos tentando controlar os tremores, eu odeio quando isso acontece, mas é o preço a pagar pelo bem da minha mãe.
Escuto passos rápidos ao longe traz em mim o alívio. Sinto as mãos frias tocando a minha testa e as suas palavras reconfortantes que eu mal percebia.
— Tome devagar, ok — ela colocou um comprimido na minha boca e logo senti a água doce descendo pela minha garganta.
Abro os olhos lentamente e vejo Hyun me observando a distância, os seus olhos numa mistura de preocupação e medo? Porque ele sentiria medo por uma pessoa que mal conhece.
Eu ainda não senti nem um resquício dos seus feromônios desde que o incidente aconteceu, ele deve ser bom a controlar ou me enganei e ele não é quem eu penso ser?
Não importa. Destinado ou não, nós nunca teremos nada, pelo menos enquanto o meu marido viver então porque me preocupar com coisas que não posso mudar?
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Breaking Chains
RomanceTomé Gomes Carter, um ômega, está preso em um casamento abusivo com seu marido alfa, Leonel Sanz Carter, um empresário implacável e cruel. Leonel, paranoico e controlador, decide contratar um segurança alfa para vigiar Tomé. O que Leonel não espera...