Capítulo 11

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Leonel Sanz Carter

Hospitais são a coisa mais que mais odeio nesta vida e olha que já fiz coisas piores.

Encaro a mulher que trouxe ao mundo o ómega que me deixa louco desde o primeiro momento que o vi. O torci o nariz quando esse cheiro a cloro e álcool preencheu as minhas narinas.

— Acredito que se continuarmos induzindo o coma ela não vá sobreviver — encaro o médico que eu escolhi a risca para cuidar desta velha.

— Estou pagando você e a sua equipe para garantir que essa estúpida não abre os olhos mas continue viva e você me diz isso? — o Tomé não terá como continuar comigo se a Carmen morrer.

Aquele ómega é tão teimoso e orgulhoso, acho que foi por causa disso que ele chamou a minha atenção.

Desde o momento que o vi naquela exposição de arte soube que ele seria meio, seja a mal ou a bem, ele seria meu.

— No começo não apresentava nenhum risco de saúde, mas passar quase dois anos no mesmo processo pode levar a complicações para ela. Eu recomendo parar agora antes que seja tarde demais — o velho médico disse sem esperar.


— Não me interessa o que vai fazer mas ela daqui não saí mesmo que tenha que morrer — gastei milhões de dólares para manter esse hospital funcionando para não conseguirem concretizar um simples pedido.

Saí dali antes que metesse uma bala na cabeça do homem que sabe como se certificar que a Carmen não acorda e o Tomé continue sendo meu e de mais ninguém.

Depois que cheguei ao meu carro, finalmente consegui relaxar porque eu sabia que encontraria o único ómega que me satisfaz como homem.

— Ele foi ao shopping com a Kayla como pedido, senhor mas… — o meu guarda-costas fez uma pausa que não gostei nem um pouco.

— O nosso informante disse que viu o seu esposo com um alfa e pareciam ser íntimos — tirei um charuto para manter a calma. Não quero perder a cabeça agora ou não terei ódio suficiente para descontar nele.

— Íntimos como? — perguntei após soltar a fumaça dentro do carro. Ele hesitou um pouco para responder a minha pergunta.

Eu não fui honesto ao prender o Tomé a mim usando as dividas do avô dele e a condição da sua mãe como garantia mas também não me arrependo.

Sou uma das pessoas mais importantes dessa maldita cidade e ter conexões sempre facilitou as coisas para mim por isso não fui preso quando ele revelou tudo a polícia.

— Eles estavam se beijando, senhor — amassei o maldito charuto que eu usava para fumar. O Tomé sempre deixou claro que não me quer e ele rejeitar o meu toque ou a minha marca são provas suficientes mas eu sou Leonel Sanz Carter e ninguém me rejeita.

Quando cheguei em casa, não esperei nem um segundo para decidir seguir para a varanda. Era o único lugar que ele gostava de ficar dentro da minha mansão.

Ele segurava um ursinho de pelúcia e o olhava como se fosse a coisa mais importante da sua vida, com certeza recebeu do alfa que estava com ele no shopping.

— Tomé! — chamei usando o meu comando de alfa e antes que fugisse de mim apertei o seu braço o impedindo de fugir.

— Quem é o desgraçado que estava com você no shopping? — ele fez uma careta de dor mas estou pouco me importando com isso. Não sou nenhum idiota para permitir que o meu esposo fique com outro mesmo sendo um casado por contrato.

— Do que está falando? — é essa coragem que ele tem para me enfrentar que torna tudo ainda mais divertido.

— Achas que sou idiota? Eu tenho os meus homens te seguindo o dia todo e eles viram você aos beijos com outro homem. Fala o nome dele ou você apanha e bem feio, Tomé — digo usando o meu comando de alfa. Ele baixou a cabeça ainda apertando aquele maldito urso como se fosse a coisa mais importante da sua vida.

— Sabes muito que não te amo e tão pouco és o meu alfa. O nosso contrato vai acabar em breve então porque eu vou continuar fingindo estar contigo? — enxerguei vermelho quando ele disse aquilo.

Peguei naquela porcaria de ursinho de pelúcia e o joguei o mais longe possível e quando ele se debateu para ir atrás daquela coisa eu tive a certeza que tinha recebido de outro e isso não iria engolir.

— Ou você fica comigo ou não fica com mais ninguém e nem pense em fugir ou a Carmen sofre as consequências — os seus olhos marejados me encaram com tanto ódio e desprezo que não doeu nem um pouco.

— Eu estive com outro e sabe qual foi a melhor parte? — aproximou o seu rosto do meu com uma convicção que não via há muito tempo. Parece que depois de apanhar tantas vezes as pessoas ficam mais rebeldes e eu pensava que era só uma loucura do meu pai.

— O beijo dele é tão viciante que eu fiquei implorando para ele me marcar, algo que você nunca irá conseguir mesmo que me obrigue e sabe porque, Leonel? — o seu corpo trémulo mostrava que estava com medo mas aqueles olhos diziam o contrário.

— Eu jamais vou amar um filho da puta como você — aquilo foi demais para mim que ergui a mão pronto para desferir uma bofetada mas alguém segurou a minha mão.

Viro a cabeça para encontrar a única pessoa que não consigo meter a mesmo que eu queira. Os seus olhos verdes brilharam mostrando a sua raiva, essa mulher é mesmo afrontoso.

— O seu esposo está mentindo, Sr. Carter. Eu estive com ele durante o dia todo e posso garantir que não houve nenhum alfa perto dele, além de mim, claro — a Kayla disse com tanta calma e confiança mas não iria cair nos truques dela.

Empurrei o Tomé que caiu no chão, a palma da minha mão está avermelhados, teria deixado uma marca feia na pele dele se fosse claro, enfim, benefícios da melanina.

Os seus soluços poderiam me afectar no começo mas aprendi que as pessoas usam as lágrimas para tirar proveito da situação e tenho provas suficientes para saber que isso é verdade.

— Agradeça a ela ou você estaria numa cama de hospital até o amanhecer de hoje, seu ómega estúpido — digo voltando a minha atenção a Kayla que fintava Tomé, eu sabia que ele iria ter mais um daqueles episódios patéticos de pânico.

Levei a mão na nuca, os meus ombros estão tão tensos. Tive um dia cheio de negócios e ainda ter que aguentar esse ómega irreverente.

— Cuide desse problema  e mande o Gregório vir ao meu escritório agora — ordenei tirando o maço de cigarro, preciso relaxar e essa parece a única coisa que pode fazer isso.

Joguei todos os papéis para fora da minha mesa, a fúria tomando conta de mim e eu não ter ninguém para descontar é a pior parte de manter a fachada do empresário e marido perfeito.

Sentir o cheiro daquele velho ómega quase me fez vomitar mas preciso dele vivo e saudável para o Tomé continuar nesta mansão.

— O teu neto me desafiou e você sabe o que isso significa ou prefiro explicar? — o Gregório continuou imóvel na porta do meu escritório.

— O meu neto anda um pouco rebelde mas eu tenho certeza que posso convencê-lo a mudar e assim os juros da minha dívida não aumentam — é incrível como este homem consegue ser tão egoísta ao ponto de oferecer o próprio neto para mim num jogo de azar.

— Eu deixo você continuar apostando no meu casino se ele se comportar mas os juros não vão parar de crescer enquanto o Tomé não me obedecer por completo, entendeu? — um sorriso enorme brotou dos seus lábios.

A parte boa de ter tantos negócios é que sei exactamente como controlar as pessoas viciadas como o Gregório e saber disso me deixa minimamente feliz.

— Sem problemas, senhor — digo quando ele saiu escritório sem dizer mais nada.

Breaking ChainsOnde histórias criam vida. Descubra agora