Tomé Gomes
O meu corpo inteiro está doendo por causa de ontem a noite e o Leonel não foi tão “manso” como das últimas vezes.
Estremeci de dor ao sentir o algodão tocando a minha bochecha dolorida, ainda consigo sentir o cinto de couro que ele usou na noite passada.
— Não devia estar fora da sua cama — Hyun disse observando o médico tratar dos meus ferimentos com delicadeza que eu sempre admirava.
Odeio o facto de ele saber que sou o ómega dele e simplesmente fingir que nada está acontecendo. Eu odeio a sensação de estar preso a alguém que não amo ou nem mesmo sinto atração.
— Porque não desaparece da minha frente? Você é muito mais útil fora da minha vida do que dentro dela então me poupe da sua hipocrisia, Hyun — soltei um suspiro longo quando senti que o médico terminou o que estava fazendo.
Senti o meu estômago embrulhar quando vi a Kayla trazer o meu almoço, comer era a última coisa que queria fazer no momento e ter o meu corpo doendo não era o principal motivo.
— A medicação que receitei é muito forte enquanto peço para se alimentar o máximo que puder antes de começar a tomar — o médico disse entregando a papelada para o meu segurança.
— Se eu comer vocês somem da minha frente? — Hyun pareceu hesitante mas aceitou calmamente, o que foi um alívio para mim.
— O seu nível hormonal está muito baixo. Sugiro que se alimente melhor e permita que o seu alfa lhe marque — o meu médico disse com uma expressão totalmente neutra, como se estivesse dizendo a mais simples das coisas.
— Como assim? Você disse que não havia nenhum problema com a Sky e agora me diz isso. Quer saber? Saí daqui — digo sem esconder a minha indignação.
— Quando o seu cio chegar, recomendo que seja marcado — deixo o meu corpo inteiro amolecer no sofá. O Hyun é o meu alfa mas o desgraçado se faz de santo e não quer me tocar.
Eu sempre lidei muito bem com o facto de ser um homem adulto e um ómega não marcado. Nunca tive problemas com os meus níveis de feromônios.
Toquei na minha nuca. Aquele era o lugar onde a glândula responsável por liberar o cheiro doce que atrai os alfas como as mariposas fazem. Sentir o calor da minha própria pele ali me fez lembrar da primeira vez que notei o poder que essa pequena parte do meu corpo exerce sobre aqueles ao meu redor. Um misto de fascínio e repulsa percorreu meu corpo.
O meu esposo tentou me marcar tantas vezes mas felizmente, a marca dele sempre desaparece após o meu cio passar.
— Perfeito! — O azar insiste em estar grudado a mim mas enfim, só tenho que aguentar mais um pouco e estarei livre.
O restante do dia passou bem tranquilo e eu estava quase totalmente curado graças a maravilhosa natureza lupina que tenho nas veias.
Aproveitei o silêncio da noite para escapar daquele maldita mansão e pegar um táxi que me levasse a praia mais próxima.
Eu sabia que Hyun estava me seguindo, a sua presença forte e gentil era inconfundível que me fazia não conseguir odiar ele.
Por isso continuei caminhando tranquilamente pela areia branca que brilhava com o luar que reluzia na água cristalina do mar.
A brisa fria tocando a minha pele exposta causou um arrepio em mim mas logo senti algo quente me envolvendo.
— Você está bem? — perguntou finalmente, a sua voz baixa e coberto de preocupação ressoou quebrando o silêncio entre nós.
— Eu sobrevivo — respondi emaranhando os meus dedos no cobertor que ele me deu. O cobertor está repleto dos feromônios dele, é a minha primeira vez que me sinto seguro perto de um alfa que não seja a Kayla.
Ele deu a volta ficando cara a cara comigo. Os seus olhos negros preenchidos por uma determinação, carinho e força que o meu coração começou a bater loucamente.
— Odeio ver você assim… machucado. Eu quero… preciso protegê-lo — fecho os olhos tentando engolir a minha vontade de chorar ao escutar aquelas palavras.
— Então, porque você não faz nada? Porque continua agindo como se não se importasse comigo? — sem dizer uma palavra, lentamente, ergueu a sua mão para tocar a minha nuca, algo que fez o meu corpo tremer.
— Eu me importo mais do que imagina, Tomé — os seus dedos frios pressionaram a minha nuca me puxando para mais perto dele.
— O meu ser implora para eu te tornar inteiramente meu mas não quero fazer nada que v… — sem me importar com mais nada colei os seus lábios contra os meus.
Largo o cobertor para poder envolver o seu pescoço com os meus braços, tive de inclinar um pouco por ser mais alto que ele mas isso não me importava.
Abro a boca ao sentir o sabor doce dos seus lábios devorando a minha boca. Soltei um gemido quando os seus braços fortes enlaçaram a minha cintura, bem do jeito que eu gosto.
Os seus lábios são tão macios e o toque dele firme mas com uma delicadeza que fez a minha pele arrepiar e o calor se espalhou por meu corpo inteiro.
O calor do seu corpo contra o meu fazia eu querer mais, posso escutar o coração dele batendo tão rápido quanto o meu próprio, um ritmo frenético que tornava aquele momento perfeito.
Nos separamos do beijo quando a falta de ar veio e os meus olhos encontraram aquele olhar que não recebia a tanto tempo.
Aproximou-se ainda mais de mim depois do silêncio que parecia ser perfeito no momento.
Os seus braços apertando a minha cintura, os seus feromônios sentia eles subtilmente poderia ser de um alfa mas não tinha medo. O calor da sua pele, a sensação ainda presente dos seus lábios.
Mesmo que eu queira negar, sinto uma sensação estranhamente familiar com ele.
— Eu sou um homem morto se ele descobrir que te beijei mas eu não me arrependo — mordo o lábio inferior ao sentir o seu nariz macio passeando pela minha nuca.
Segurei o seu rosto voltando a beijá-lo, mas desta vez eu queria mostrar para ele que desejo.
Porque eu fui tão ingênuo por acreditar no Leonel? Porque o meu próprio avô fez isso comigo?
A minha vida seria perfeita se eu tivesse conhecido o Hyun. A minha vida teria sido muito diferente e não estaria sofrendo nas mãos daqueles desgraçados.
O Hyun apertou as minhas coxas e eu aproveitei o impulso para envolver a sua cintura sem parar o beijo. O meu corpo inteiro parecia estar pegando fogo, a minha pele implorava pelo toque dele.
Sem parar o meu beijo, ele foi gentilmente ficando de joelhos na areia fria e pressionou as minhas costas com tanto cuidado que me fez sentir estranhamente bem. É a primeira vez em muito tempo que um alfa é gentil comigo.
Ele parou o beijo me empurrando para longe. Sinto algo molhado escorrendo pelo meu rosto quando comecei encontrei os seus olhos que não conseguiam esconder o seu desejo por mim.
— Não faça isso, por favor — a sua voz saiu rouca, quase num sussurro causando ainda mais desejo em mim, as suas presas sedentas para marcar a minha nuca e eu liberei os meus feromônios querendo que ele me marque.
Esperançoso, fechei os olhos quando senti o seu corpo cobrindo o meu mas logo fiquei chocado quando ele se afastou de mim.
O vermelho carmesim foi manchando a areia branca. A sua respiração ofegante mostrava que estava lutando contra a vontade de me marcar mas porque? Será porque sou impuro?
Ele havia mordido o próprio braço para controlar os seus instintos mais primitivos e queira ele ou não, afectaram a mim também.
O meu corpo continuou imóvel quando senti os feromônios dele. Era como a primeira vez que o vi no parque mas muito mais intenso.
A sua presença esmagadora me deixou sem ar, era como se o seu lobo gritasse para que eu saísse dali e eu não conseguia porque o meu corpo simplesmente não se mexia.
— Kayla! — não demorou muito para a ruiva aparecer do meu lado. Sem me aperceber a minha vista escureceu.
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Breaking Chains
RomantizmTomé Gomes Carter, um ômega, está preso em um casamento abusivo com seu marido alfa, Leonel Sanz Carter, um empresário implacável e cruel. Leonel, paranoico e controlador, decide contratar um segurança alfa para vigiar Tomé. O que Leonel não espera...