Capítulo 09

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Tomé Gomes

O meu corpo inteiro está doendo por causa de ontem a noite e o Leonel não foi tão “manso” como das últimas vezes.

Estremeci de dor ao sentir o algodão tocando a minha bochecha dolorida, ainda consigo sentir o cinto de couro que ele usou na noite passada.

— Não devia estar fora da sua cama — Hyun disse observando o médico tratar dos meus ferimentos com delicadeza que eu sempre admirava.

Odeio o facto de ele saber que sou o ómega dele e simplesmente fingir que nada está acontecendo. Eu odeio a sensação de estar preso a alguém que não amo ou nem mesmo sinto atração.

— Porque não desaparece da minha frente? Você é muito mais útil fora da minha vida do que dentro dela então me poupe da sua hipocrisia, Hyun — soltei um suspiro longo quando senti que o médico terminou o que estava fazendo.

Senti o meu estômago embrulhar quando vi a Kayla trazer o meu almoço, comer era a última coisa que queria fazer no momento e ter o meu corpo doendo não era o principal motivo.

— A medicação que receitei é muito forte enquanto peço para se alimentar o máximo que puder antes de começar a tomar — o médico disse entregando a papelada para o meu segurança.

— Se eu comer vocês somem da minha frente? — Hyun pareceu hesitante mas aceitou calmamente, o que foi um alívio para mim.

— O seu nível hormonal está muito baixo. Sugiro que se alimente melhor e permita que o seu alfa lhe marque — o meu médico disse com uma expressão totalmente neutra, como se estivesse dizendo a mais simples das coisas.

— Como assim? Você disse que não havia nenhum problema com a Sky e agora me diz isso. Quer saber? Saí daqui — digo sem esconder a minha indignação.


— Quando o seu cio chegar, recomendo que seja marcado — deixo o meu corpo inteiro amolecer no sofá. O Hyun é o meu alfa mas o desgraçado se faz de santo e não quer me tocar.

Eu sempre lidei muito bem com o facto de ser um homem adulto e um ómega não marcado. Nunca tive problemas com os meus níveis de feromônios.

Toquei na minha nuca. Aquele era o lugar onde a glândula responsável por liberar o cheiro doce que atrai os alfas como as mariposas fazem. Sentir o calor da minha própria pele ali me fez lembrar da primeira vez que notei o poder que essa pequena parte do meu corpo exerce sobre aqueles ao meu redor. Um misto de fascínio e repulsa percorreu meu corpo.

O meu esposo tentou me marcar tantas vezes mas felizmente, a marca dele sempre desaparece após o meu cio passar.

— Perfeito! — O azar insiste em estar grudado a mim mas enfim, só tenho que aguentar mais um pouco e estarei livre.

O restante do dia passou bem tranquilo e eu estava quase totalmente curado graças a maravilhosa natureza lupina que tenho nas veias.

Aproveitei o silêncio da noite para escapar daquele maldita mansão e pegar um táxi que me levasse a praia mais próxima.

Eu sabia que Hyun estava me seguindo, a sua presença forte e gentil era inconfundível que me fazia não conseguir odiar ele.

Por isso continuei caminhando tranquilamente pela areia branca que brilhava com o luar que reluzia na água cristalina do mar.

A brisa fria tocando a minha pele exposta causou um arrepio em mim mas logo senti algo quente me envolvendo.

— Você está bem? — perguntou finalmente, a sua voz baixa e coberto de preocupação ressoou quebrando o silêncio entre nós.

— Eu sobrevivo — respondi emaranhando os meus dedos no cobertor que ele me deu. O cobertor está repleto dos feromônios dele, é a minha primeira vez que me sinto seguro perto de um alfa que não seja a Kayla.

Ele deu a volta ficando cara a cara comigo. Os seus olhos negros preenchidos por uma determinação, carinho e força que o meu coração começou a bater loucamente.

— Odeio ver você assim… machucado. Eu quero… preciso protegê-lo — fecho os olhos tentando engolir a minha vontade de chorar ao escutar aquelas palavras.

— Então, porque você não faz nada? Porque continua agindo como se não se importasse comigo? — sem dizer uma palavra, lentamente, ergueu a sua mão para tocar a minha nuca, algo que fez o meu corpo tremer.

— Eu me importo mais do que imagina, Tomé — os seus dedos frios pressionaram a minha nuca me puxando para mais perto dele.

— O meu ser implora para eu te tornar inteiramente meu mas não quero fazer nada que v… — sem me importar com mais nada colei os seus lábios contra os meus.

Largo o cobertor para poder envolver o seu pescoço com os meus braços, tive de inclinar um pouco por ser mais alto que ele mas  isso não me importava.

Abro a boca ao sentir o sabor doce dos seus lábios devorando a minha boca. Soltei um gemido quando os seus braços fortes enlaçaram a minha cintura, bem do jeito que eu gosto.

Os seus lábios são tão macios e o toque dele firme mas com uma delicadeza que fez a minha pele arrepiar e o calor se espalhou por meu corpo inteiro.

O calor do seu corpo contra o meu fazia eu querer mais, posso escutar o coração dele batendo tão rápido quanto o meu próprio, um ritmo frenético que tornava aquele momento perfeito.

Nos separamos do beijo quando a falta de ar veio e os meus olhos encontraram aquele olhar que não recebia a tanto tempo.

Aproximou-se ainda mais de mim depois do silêncio que parecia ser perfeito no momento.

Os seus braços apertando a minha cintura, os seus feromônios sentia eles subtilmente poderia ser de um alfa mas não tinha medo. O calor da sua pele, a sensação ainda presente dos seus lábios.

Mesmo que eu queira negar, sinto uma sensação estranhamente familiar com ele.

— Eu sou um homem morto se ele descobrir que te beijei mas eu não me arrependo — mordo o lábio inferior ao sentir o seu nariz macio passeando pela minha nuca.

Segurei o seu rosto voltando a beijá-lo, mas desta vez eu queria mostrar para ele que desejo.

Porque eu fui tão ingênuo por acreditar no Leonel? Porque o meu próprio avô fez isso comigo?

A minha vida seria perfeita se eu tivesse conhecido o Hyun. A minha vida teria sido muito diferente e não estaria sofrendo nas mãos daqueles desgraçados.

O Hyun apertou as minhas coxas e eu aproveitei o impulso para envolver a sua cintura sem parar o beijo. O meu corpo inteiro parecia estar pegando fogo, a minha pele implorava pelo toque dele.

Sem parar o meu beijo, ele foi gentilmente ficando de joelhos na areia fria e pressionou as minhas costas com tanto cuidado que me fez sentir estranhamente bem. É a primeira vez em muito tempo que um alfa é gentil comigo.

Ele parou o beijo me empurrando para longe. Sinto algo molhado escorrendo pelo meu rosto quando comecei encontrei os seus olhos que não conseguiam esconder o seu desejo por mim.

— Não faça isso, por favor — a sua voz saiu rouca, quase num sussurro causando ainda mais desejo em mim, as suas presas sedentas para marcar a minha nuca e eu liberei os meus feromônios querendo que ele me marque.

Esperançoso, fechei os olhos quando senti o seu corpo cobrindo o meu mas logo fiquei chocado quando ele se afastou de mim.

O vermelho carmesim foi manchando a areia branca. A sua respiração ofegante mostrava que estava lutando contra a vontade de me marcar mas porque? Será porque sou impuro?

Ele havia mordido o próprio braço para controlar os seus instintos mais primitivos e queira ele ou não, afectaram a mim também.

O meu corpo continuou imóvel quando senti os feromônios dele. Era como a primeira vez que o vi no parque mas muito mais intenso.

A sua presença esmagadora me deixou sem ar, era como se o seu lobo gritasse para que eu saísse dali e eu não conseguia porque o meu corpo simplesmente não se mexia.

— Kayla! — não demorou muito para a ruiva aparecer do meu lado. Sem me aperceber a minha vista escureceu.

Breaking ChainsOnde histórias criam vida. Descubra agora