• O amor mais puro do mundo •

324 39 10
                                    

Nicola

Jesus, como minha cabeça dói. Eu achava mesmo que era fácil ficar horas viajando, tomar umas poucas doses e sair ilesa. Eu tenho trinta e sete, mas ando com os mesmos pensamentos de quando tinha dezenove. Apesar de ser apenas um número... isso me lembra que minhas costas também doem um pouco.

Quando olhei para a mesa de cabeceira, meu livro e meus óculos estavam lá, mas quando eu os tirei?
Devo ter estado sonâmbula.

Olhei para a parte divisória do meu quarto e estava entreaberta. O que? Eu saí do meu quarto ontem à noite? Eu só espero que Luke não tenha me visto, se por acaso eu fiz essa loucura.

Quando ele deu a entender que a namorada dele sentia ciúmes de mim, fiquei chocada, confesso. Por que raios ela teria ciúmes de mim?
Lembrei que preciso estar em mais uma coletiva às dez. Peguei o telefone para ver as horas: "Puta merda, são nove e cinquenta!"

— Serviço de quarto! — a merda, eu não pedi café da manhã ainda.

Eu ouvi duas batidas.

— Nic, está se sentindo bem? Temos que sair em dez minutos. — a merda, agora Luke.

Merda, merda, merda...

Eu nunca sou a atrasada. Geralmente esse é o papel de Luke. Me sinto mal por ter perdido a hora, mas eu preciso correr.

— Me desculpa, eu não pedi serviço de quarto. Você poderia voltar em outro momento, sim?

— Ah, perdão, senhorita Coughlan, foi seu amigo que pediu café para a senhorita. Voltarei mais tarde então.

Eu nunca tinha me arrumado tão rápido assim. Em cinco minutos, tomei banho, escovei os dentes, arrumei um pouco o cabelo e voltei para o quarto. "Nove e cinquenta e seis!" Nem tenho tempo para ficar surpresa por ter conseguido, nem para me parabenizar, porque preciso sair logo.

Ao sair do meu quarto, a primeira pessoa que encontro é Newton. Seu corte de cabelo estava bem mais atrevido do que quando o vi ontem à noite. E seu perfume... Uau, estávamos a uma boa distância, mas seu cheiro estava me sufocando. Acho que o encarei por muito tempo, agora ele está me encarando de volta, confuso. Pelo menos ele deu um sorriso quando eu sorri sem graça.
Não sei por que, mas sinto receio de me aproximar por um momento. Luke levanta os ombros, perguntando-se por que não saio de perto da porta.

— Bom dia, Nic! — ele diz finalmente, parecendo impaciente.

Droga, por que eu não falei nada por tanto tempo? Talvez tenha sido o acontecimento de ontem à noite. Mas ele pareceu ignorar esse episódio. O que me conforta.

— Bom dia, Luke! Eu acho que ainda estou atordoada... nem lembro quando adormeci. — disse, esfregando os olhos.

Caminhei a passos rápidos, tentando compensar o tempo perdido. Passei por ele com um sorriso tímido e o vi me acompanhar logo em seguida. Agora sim, seu perfume me atingiu forte. Era o cheiro mais doce e amadeirado que já senti. Isso é confuso, porque eu não consigo nem descrever o quanto o cheiro dele é bom. Ainda vem acompanhado de uma loção pós-barba que deixa aquele momento ainda mais estranhamente sexy.

Eu nem tenho interesse romântico em Luke, mas se tivesse, aqui seria minha queda.

— O que você tomou ontem? — perguntou ele. — Você não parecia alta quando conversamos.

There is fire - NewghlanOnde histórias criam vida. Descubra agora