• Perdido em seus olhos •

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Em meio àquele quarto com meia-luz, o silêncio pairou por longos minutos. Acalmados os ânimos, os dois se encaravam de uma distância relativamente longa. Nicola estava irritada. Era mais a falta de escolha, já que foi obrigada a permanecer ali. Luke manteve-se calado, esperando o melhor momento para começar a discutir. Porque eles iriam discutir.

Não que ele quisesse, mas Nic se tornara inflexível, e ele entendia. Não era de bom tom prendê-la em seu quarto, obrigando-a a falar sobre algo que claramente a deixava desconfortável, mas se não o fizesse, eles nunca se entenderiam. Por isso, deixou que ela pensasse, e se, depois de tudo aquilo, ela ainda não quisesse falar, ele finalmente a deixaria em paz. Era um tiro no escuro.

- Tudo bem agora? Eu só quero que a gente fale calmamente sobre o que aconteceu - disse Newton, com as mãos em frente ao corpo.

Nicola suspirou. Parecia cansada. Finalmente, cansara de brigar.

- Fale o que quer, Luke, e me deixe sair. Cansei dessa brincadeira.

- Eu não sei o que aconteceu. Estava dando tudo certo, eu ia até te pedir... - ele se levantou e foi em direção a ela.

- Luke! Do que está falando? É melhor não se aproximar.

Passando as mãos histéricas pelos cabelos, ele se sentou.

- Eu não entendo! Por que me evita? Por que me odeia?

- Eu não odeio você. - Sua cabeça descansou no encosto da poltrona. - Só que as coisas mudaram.

- Então... não gosta mais de mim?

Ela tentou, mas suas palavras não se formavam em sua boca.

- E quanto ao nosso jantar? E aos nossos beijos? Tudo aquilo foi só uma confusão, não existe mais aquela Nic?

- Luke... eu... não posso. Você ainda está em uma fase diferente da minha. E eu não estou disposta a esperar que amadureça. Nem mesmo espero que me entenda. Eu não posso continuar, e espero que respeite minha decisão.

Os olhos de Luke ardiam. Não só pelas lágrimas, mas por confirmar o que sempre se perguntara: Coughlan ainda o via como imaturo... ele não havia provado que sentia o mais puro sentimento e que ardia por ela?

- Tudo bem. - Ele não a encarou por medo de desmoronar diante dela. - Uma última coisa: o que a fez mudar de ideia?

Suas mãos deslizaram sobre as pernas.

- Eu não quero falar sobre isso. E acho que você já deve imaginar o que seja. Então, pra que me constranger mais?

- Nicola, não é nada disso! O que eu posso fazer para te fazer entender que eu só tenho olhos para você? Não entende que eu te amo?!

- Nada. Eu não quero mais saber. Luke... - Nicola parecia se esforçar ao máximo para terminar cada frase. Ela suspirou, com as mãos no rosto. - ...me deixa ir.

- Ok. Está bem. Se é o que quer. - Bufou. Luke abriu a porta e se afastou sem olhá-la.

- Eu não estou brava, muito menos quero que a gente se afaste. Podemos ser amigos ainda, se você...

- Nicola, não me peça para ser apenas seu amigo. Por favor, vá embora. Não temos mais o que falar; está tudo claro. Agora sou eu quem quero ficar sozinho.

Os olhos de Coughlan pareciam indecisos entre a saída e o rosto de Luke. Será que ela estaria tomando a pior das decisões? O sentimento de traição que pairava em seu peito era verdadeiramente fundamentado? Ou apenas uma grande brincadeira do destino? Tantas perguntas e apenas uma resposta lhe foi dada. Luke saiu de seu quarto, tomando a frente do fatídico término.

There is fire - NewghlanOnde histórias criam vida. Descubra agora