Nicola
Meu coração disparado. Minhas mãos suando. Só percebi que estava no quarto quando escorreguei pela porta, até encostar meu bumbum no chão gelado. Eu acho que só corri e bati a porta. Nem dei boa noite, nem pensei nisso na hora, só pedi desculpas e saí. Eu pensei que ele fosse beijar o lado esquerdo da minha bochecha, e eu ia beijar a direita, normal. Mas acho que ele se enganou também.
Eu... eu dei um beijo no Lukey.
Calma aí, não é para tanto. Já fizemos isso antes. SÓ QUE NO TRABALHO, COM VÁRIAS PESSOAS E CÂMERAS AO NOSSO REDOR. Naquele momento estávamos nos despedindo. Foi só um toque. Foi sem querer. Eu pedi desculpas. Acho que ouvi ele rindo quando saí desesperada. Que vergonha!
— Eu acho que tô exagerando. Eu pedi desculpas, foi um engano. Ele não vai achar nada demais. É isso. — juntei minha bolsa do chão, junto do meu corpo e o resto de dignidade que ainda me restava, e fui para o banho.
Ainda bem que o dia tinha terminado. Eu nunca, na minha vida, fiz tal coisa... não beijar, isso eu já fiz. Não que o que aconteceu com Luke poderia ser um beijo, porque estava longe de ser, acredite em mim. Mas falo da minha total inabilidade de fazer as coisas direito. Toda vez que chego muito perto daquele garoto, acontecem coisas bobas e irritantes. Como isso, desta noite.
Ele em si tende a ser cuidadoso e carinhoso. Facilita as coisas sempre que pode, e eu o ajudo como posso. Nossa amizade funciona. Mas às vezes, basta ficarmos perto um do outro, que desastres começam a acontecer. Eu já contei de quando quebramos um móvel? Na verdade, não foi só um.
Já perdi as contas de quantas vezes derrubei bebida nele. Em mim mesma. Ketchup, refrigerante, já deixei até chá quente queimá-lo uma vez. Só não entendo o por que dele ainda ficar tão perto de mim. Se fosse o contrário, eu manteria distância.
Isso me faz rir.
— O que é isso, Nicola?! — Digo a mim mesma, retornando à realidade. Ainda pelada, ainda no chuveiro.
Eu devo ter me distraído um pouco. Minhas mãos e pés enrugados deixam isso claro. O que me resta agora é ir dormir. Minha cabeça estava latejando, tomei uma aspirina e quando deitei pra dormir, senti um pouco de enjoou. Meu Deus, eu preciso parar de beber tanto! Tenho certa resistência a álcool, mas meu corpo fica fraco quando estou nervosa.
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Depois de boas doses de cerveja, Nic e Luke resolveram que era hora de voltar para o hotel. Cambaleando pelo corredor, eles riam de algo engraçado que Luke fizera ainda no carro. Eles se apoiavam um no outro apenas por diversão, apesar de que Newton estivesse um pouco alto. Nicola agradeceu a amável companhia dos seguranças, que insistiram em acompanhá-los até seus quartos, mas Luke negou.
— Tudo bem, podemos seguir sozinhos a partir daqui. Boa noite!
A loira soltou um bocejo cansado, e isso foi mais um motivo para os dois rirem. No corredor, não se via mais do que apenas algumas camareiras. Já era tarde, o que elas ainda faziam ali? O Rio de Janeiro era quente durante o dia e aconchegante durante a noite. Um vento gelado entrou de repente, fazendo Coughlan tremer. Luke, num instinto impensável, a trouxe para mais perto, abraçando seus ombros. A mulher sorriu sem jeito; ele realmente era um homem atencioso.
A conversa foi ficando cada vez mais animada, e mesmo estando de frente para seus quartos, eles não sentiram pressa de entrar. O único som que se ouvia ecoando era o chiado da risada leve de Nicola. Luke se perdeu tantas vezes em seus pensamentos, e isso a fazia rir. Ele tinha uma grande dificuldade em manter a conversa fluída. Isso se dava ao seu déficit de atenção, mas não a impedia de zoar ele.
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There is fire - Newghlan
FanfictionBaseada em fatos criados em minha cabeça, tenho uma mente bem fértil. Com tudo acontecendo, será tudo RP, ou algo mais. Nicola tinha tudo sob controle, mas Luke tinha tudo para descarrilar aquele trem. Não era mais só trabalho, desde o momento em qu...