• A distância entre nós •

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Luke

— Acho que estou apaixonada por você. — Seu peito subia e descia rapidamente.

Ela soltou de repente. Pareceu que ela tinha tomado coragem o suficiente apenas por três segundos, porque foi nessa velocidade que ela despejou essa verdade sobre mim. Eu senti meu corpo congelar e ficar totalmente inerte. Aquelas palavras que eu pensei que ela nunca me diria, ou, pelo menos, demoraria para me dizer.

— Você... o que? — Repeti, angustiado. — O que disse? Nic...

— Esse... maldito sentimento tem tomado o meu tempo e a minha paz. Eu não... Luke, eu realmente não quero mais sentir isso. — Seu olhar triste me partiu o coração. Eu nunca quis magoá-la e nem sabia o que tinha feito.

— Mas por que não? Nic, me dê uma boa razão para não sentir isso?! Eu não entendo! — Minha angústia me fazia perder a razão. Minhas mãos tremiam sobre a mesa e minha respiração estava entrecortada.

— Eu preciso ir embora. — Seus olhos estavam marejados.

— Nic...! — Ela parou, não se permitindo olhar para mim. — O que houve?! Não vou deixar que você vá embora sem antes conversarmos.

— Eu... eu acho melhor não levarmos essa história adiante, Luke. Fui muito ingênua ao cogitar uma relação baseada nos nossos últimos encontros e... também me arrependo de ter permitido que nossa relação ultrapassasse os limites de apenas bons amigos e colegas de trabalho.

— Você não está falando sério. Eu tenho certeza de que há algum mal-entendido, e se você me der uma chance, eu juro que...

— Não existem mal-entendidos, apenas uma dura e cruel realidade. Realidade essa que devemos aceitar. — A vi pegar sua bolsa.

Levantei da minha cadeira, disposto a correr atrás dela se fosse necessário.

— Nicola, não dá para aceitar algo que eu nem sequer entendo! Você não me deu uma explicação, um único motivo. Está apenas decidindo que "é melhor", e quanto ao que é o certo? Nós dois. Isso é certo. Eu não aceito um final. Pelo menos não enquanto sentir que ainda tem sentimentos por mim.

— Eu nem acreditava que iríamos dar certo. Talvez isso que estamos pensando ser amor seja apenas carinho. — Nesse momento, ela levantou seu rosto, e ele não parecia o rosto de alguém confiante.

Eu sabia que ela estava segurando algumas lágrimas. Estava vermelha. Seus olhos abaixaram, e a partir daí, Nicola não deixou transparecer mais nada.

— Não é verdade. Você acabou de me confessar que está apaixonada. E se for na mesma intensidade que eu sinto, não acho que isso seja apenas carinho. Me diga...

— Vou indo. Espero que possamos continuar fazendo um ótimo trabalho. Daqui a alguns meses, estaremos livres um do outro. — Ela se levantou, determinada. Seu perfil mudou. Acredito que não tenha mais nada da Nic de umas horas atrás.

Ela caminhou rapidamente e elegantemente até a saída. Eu fiquei imóvel, disperso em minha própria mente. Esperei ali sentado; minha esperança era que ela estivesse fazendo uma piada. Logo ela voltaria e diria que só queria me pregar uma peça, sentaria ao meu lado e me daria um beijo. Mas as horas continuavam a passar sem o menor sinal de sua volta. O pior é que teria de trabalhar o dia todo no dia seguinte e não fazia a menor ideia de como faria.

Eu não lembro de ter saído do restaurante; só me dei conta de que cheguei na minha cama quando acordei. Agora eu não consigo parar de pensar no que pode ter acontecido para ela ter me deixado. Meus olhos estão vermelhos e inchados; eu bebi ontem à noite e devo ter chorado.

There is fire - NewghlanOnde histórias criam vida. Descubra agora