• Ciúmes •

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Luke

O que aconteceria se num breve momento de coragem, eu matasse a minha curiosidade? A curiosidade e a dúvida que me assombram há cinco anos. Vendo ela aqui, tão vulnerável, tão perto e ao mesmo tempo tão longe de mim. Meus pensamentos têm sido invadidos por imagens dela sendo minha. E não digo minha de um jeito abusivo, mas ela demonstrando que sente o mesmo que eu. Algo que eu venho tentando: e falhando miseravelmente esconder. Minha única angústia tem sido ficar longe dela.

Me contento em fazer coisas que ela goste. Adoro vê-la sorrir.

Minhas dúvidas, não são sobre o que eu sinto, são sobre ela. Se ela me vê como eu quero que ela veja. Se ela se sente loucamente atraída por minha boca. Se ela se perde no meu olhar, se perde todo e qualquer raciocínio. Se tem dificuldade em pegar no sono, pois tem noção de que eu estou no quarto ao lado. Que com apenas alguns passos, poderia saciar a sede que tem dos meus lábios.

Isso é tudo que eu queria que ela sentisse. Queria que ela sentisse tudo que eu sinto quando se trata dela.

Apesar de eu saber que ela não gostaria nada se eu a beijasse, da última vez, bom, sabemos o que aconteceu. Mas é viciante a maneira como ela me olha, parecendo confusa, como se seus olhos buscassem desesperadamente uma explicação em meu rosto, e sua respiração está agitada. Eu não digo muita coisa desde que chegamos aqui; só queria ouvi-la.

E agora estamos no momento X da questão. Eu devo estar paralisado também; eu deveria me aproximar e ver sua reação, a resposta de seu corpo. Ela vai recuar? Ou vai ficar parada?

E foi o que eu tentei fazer. Aproximei-me um pouco, encarando seus lábios, mas seu rosto se afastou num pulo.

— É... — disse, limpando a garganta, sem fôlego. —... foi um ótimo passeio... mas não acha melhor irmos? Hein?

Pressionei a mão sobre meus lábios, também sem fôlego. Apenas concordei. Pelo visto, ela quer fingir que nada aconteceu, igual à outra noite. Não apenas isso, acho que eu não deveria ter nem tentado. Na verdade, acho que não tentarei nenhuma besteira assim no futuro. Ela obviamente me rejeitou.

Não tive nem o que dizer. Entrei no carro e fiquei no meu canto. Ela também não disse nada. Nem conseguiria dizer algo agora; meu coração está despedaçado. Meu peito dói, minhas mãos estão trêmulas e suando. Preferia continuar sem saber o que ela faria se eu tentasse beijá-la. Fico na dúvida se aquilo foi repulsa ou medo. Medo de quê, eu não sei, então ficarei apenas com a repulsa. O que não ameniza nada a minha dor.

Meus olhos queimam, algumas lágrimas tentam vir, mas eu as afasto, rindo e olhando para a janela do carro. Que patético. O que eu estava pensando? Se eu tiver estragado tudo de novo com a Nic, eu juro que amanhã mesmo eu me jogo na frente de um caminhão. Estávamos indo tão bem, ela estava tão confortável de novo. E agora eu a afastei.

— O que achou do passeio? — digo, olhando para meu colo. Não tenho como encará-la neste estado.

— Eu achei maravilhoso. Obrigada. — ela diz, nervosa. — A noite estava bem... bonita.

Entendo. Deve estar sendo uma tortura, isso sim. Que ideia foi essa de apenas um carro? Oh meu Deus, quanto mais eu tento, piores as coisas ficam. Esfrego as mãos suadas na calça, depois as entrelaço; elas não param nunca. A situação no carro era de total silêncio mais uma vez. Nic estava em uma ponta e eu na outra; parecia que eu estava me fundindo ao carro.

Chegamos ao hotel, eu dei boa noite e segui para o meu quarto. Ela vinha um pouco atrás de mim; eu tentei manter-me seguro de mim mesmo, pelo menos enquanto ela estava perto. Depois, eu poderia pular da janela. Antes de ir para o quarto, ela me deu uma olhada preocupada. Eu sorri para ela, e ela retribuiu sem graça. Deu um tchauzinho e entrou. Pronto, agora eu posso me açoitar e tentar parar de ser tão burro.

There is fire - NewghlanOnde histórias criam vida. Descubra agora