~ Bianca ~
Como uma visão sonhada inconscientemente, sem que eu tivesse sequer tido conhecimento de que isto era o que eu queria ou o que eu precisava, Rafa Kalimann estava parada no meio da varanda de Luiza e Valentina.
Que diabos?
O que ela estava fazendo aqui?
Sem o pensamento consciente, minhas pernas se moveram em sua direção. No fundo da minha mente – enquanto eu observava a sua forma esbelta de pé ali, completamente relaxada enquanto olhava para o pôr do sol sobre os altos e cintilantes arranha-céus – eu sabia que a minha política de prevenção rigorosa tinha ido pela janela. Porque, horizonte da cidade ou não, pôr do sol ou não, eu nunca tinha visto uma visão tão linda na minha vida.
Ela não me ouviu se aproximando enquanto eu entrava na varanda. Sempre tão inconsciente dos seus arredores. "Linda vista." Eu murmurei. Eu não estava me referindo à linha do horizonte, mas ela não precisava saber disso.
Ela saltou, derramando o vinho tinto do copo que estava segurando. Seus olhos arregalaram quando ela me viu. Nós nos olhamos pelo que pareceu uma eternidade até que ela balançou a cabeça rapidamente e olhou para o chão da varanda, para o vinho derramado.
"Droga, eu fiz uma bagunça!" Ela se queixou.
"Não. Não se preocupe com isso." Eu me virei e procurei pelo quarto de Luiza. Vendo um conjunto de toalhas em sua cômoda, atravessei o quarto para pegar uma. Voltei à varanda rapidamente e me ajoelhei para secar o chão.
"Aqui, deixe-me fazer isso." Rafa insistiu, ajoelhando-se diante de mim. "A bagunça é minha".
"Eu tenho tudo sob controle." Assegurei a ela, e rapidamente sequei o líquido derramado. Olhei para onde ela estava ajoelhada ao meu lado, e meus olhos foram direto para os dela. Sorri para ela como uma idiota impotente. Depois do que pareceu uma espécie de debate interno, ela ofereceu-me um sorriso hesitante em troca.
Ao contrário da maquiagem suave que ela sempre usava no escritório, ela usava batom vermelho esta noite. Jesus, Senhor Todo Poderoso.
Vermelho.
Levou toda a força de vontade que eu tinha para me forçar a desviar o olhar daqueles lábios vermelhos rubi e manter meus olhos nos dela.
"Obrigada." Ela sussurrou, o sorriso hesitante ainda no lugar.
"Pelo quê?" Eu perguntei confusa. Eu tinha elogiado sua escolha da cor dos lábios em voz alta? "Por limpar o vinho, Luiza me mataria." Seu sorriso relaxou.
"Oh." Eu balancei minha cabeça, sentindo-me uma idiota. "Não se preocupe com isso. Tenho certeza que ela não teria sequer notado." Eu menti. Aquela mulher com TOC notava quando um dos seus vasos estava dois milímetros fora do lugar.
Ficamos em silêncio, nós duas ainda ajoelhadas sobre uma perna. Bem atrás da Rafa, o sol se pondo fazia o seu caminho passando pelos edifícios altos e descendo para o rio, formando uma névoa laranja e rosa no céu e iluminando o rio e tudo ao seu redor em uma brilhante luz celestial. Enquanto Rafa continuou ajoelhada na minha frente, os raios do sol saltavam do seu cabelo, fazendo parecer como uma auréola brilhante e gloriosa que cercava seu quadro inteiro. Ela estava absolutamente de tirar o fôlego. Eu tive que reprimir um suspiro.
Após alguns segundos, percebi que eu precisava dizer alguma coisa antes que ela acrescentasse 'pateta esquisita' à sua lista dos meus defeitos.
Limpei minha garganta. "Como você está, Rafa?" Eu consegui colocar para fora.
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Esta sou eu - Rabia
FanfictionBianca Andrade, executiva de negócios bem sucedida e cada dia está com uma mulher. Rafa Kalimann, mãe divorciada/artista gráfica/relutante em confiar seu coração para alguém como Bianca novamente. Será que ela merece uma chance? Esta história não me...