Esta sou eu - Rabia

Capítulo 7 - A importância das artes

~ Rafa ~

Eu estava em apuros.

Eu podia sentir a batida pesada em meu coração, minha pulsação correndo ansiosamente. As luzes vermelhas de 'Atenção!' piscavam insistentemente em minha mente, advertindo-me de que eu estava pisando em território perigoso.

Mas o que eu deveria fazer, maldita seja? Quanto uma mulher de sangue quente poderia resistir? Deus sabe que eu estive tentando por semanas.

No entanto, todos esses esforços estavam rapidamente saindo pela janela agora mesmo. Eu podia ver a proverbial bandeira branca acenando orgulhosa e verdadeira enquanto eu observava a cena diante de mim: Bianca abaixando-se em um joelho, um olhar de afetuosa preocupação gravada claramente em suas feições enquanto ela embalava Mag gentilmente em seus braços. Ela se agarrou ao pescoço dela com as duas mãos enquanto ela enxugava as lágrimas dela e murmurava algo em seu ouvido que eu não consegui ouvir de onde estava sentada com Luiza e o resto dos Andrade. Mas, o que quer que ela tenha dito, teve o efeito imediato de transformar sua careta em uma risadinha e completamente dissolver as lágrimas que haviam caído com tanta insistência.

Observando-as interagir uma com a outra, eu tive que literalmente envolver meus pés em torno das pernas da cadeira para não fazer ou dizer algo que eu com certeza lamentaria pelo resto da vida. Se nada mais tinha conseguido derrubar minha vontade de ficar longe de Bianca, o carinho inegável entre ela e Mag estava prestes a fazer isso.

Por que a cena diante de mim me afetava tanto?

Oh, sim. Foi o que Luiza disse há um par de semanas.

Dois dias depois do meu aniversário, eu cedi e levei Mag ao estúdio de Luiza. Luiza tinha nos pedidos para vir depois que sua última aula terminasse, para que ela pudesse avaliar Mag em particular.

"Você gosta de O Quebra-Nozes, Mag?" Luiza perguntou a ela docemente, ajoelhando-se ao seu nível.

"O que é Quebanozes, Lui?" Mag respondeu, usando o termo carinhoso que ela havia adotado com Luiza.

Olhei em volta do estúdio de dança enquanto elas faziam a sua coisa. O estúdio de dança de Luiza consistia em uma grande área de recepção, onde os pais podiam sentar e esperar confortavelmente enquanto seus filhos dançavam na sala de dança. Havia uma grande tela plana pendurada em uma parede, e foi a partir desta TV que eu assisti Luiza e Mag na outra sala, a sala de dança.

Duas fotografias muito grandes e emolduradas estavam penduradas de cada lado da porta que dava para a sala de dança; a primeira era um retrato em tamanho quase natural em preto e branco de Luiza. Ela estava em um belo tutu branco, parada sobre as pontas dos seus pés. Um braço estava curvado graciosamente pela sua cintura enquanto o outro estava dobrado em uma pose semelhante sobre a sua cabeça, um sorriso pequeno, mas confiante, tocava levemente seu belo rosto. Fiquei maravilhada com o quanto ela fez parecer fácil e simples simplesmente ficar nas pontas dos pés assim.

Lembrei-me de ser uma criança e tentar fazer isso, ficar nas pontas dos meus pés por mais do que apenas uma fração de segundo. Eu encolhi, lembrando-me da torção no tornozelo que acompanhou essa tentativa.

A outra foto era uma grande colagem de Luiza e todas as suas diferentes turmas. Todas as meninas sorrindo alegremente em seus pequenos tutus e coques. Meus olhos voltaram para a imagem de Luiza, obviamente tirada durante uma apresentação importante da sua curta, mas bem sucedida, carreira como bailarina. Ela parecia tão... inspiradora. Quando ouvi os sons suaves da Valsa das Flores de Tchaikovsky, afastei meu olhar do retrato para prestar atenção ao que estava acontecendo na grande tela da TV.