Capítulo 12 - Decepção

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Rafa

As folhas verdes e amarelas farfalhavam na brisa, caindo suavemente das enormes árvores cercando os prédios de tijolos vermelhos e brancos. Eu estava parada na frente de uma das estruturas, na torre do grande relógio que estava aqui há mais de 200 anos, mordendo meu lábio nervosamente.

Dartmouth College era tudo que eu esperava e muito mais. Muito para a minha amarga decepção. Eu embarquei nessa viagem com a esperança de odiar a faculdade. Esperando que seu portfólio tivesse exagerado em sua beleza, seu encanto da Nova Inglaterra, na imponência do seu corpo docente, dos seus cursos e programas. Mas, muito para o meu espanto, eu amei. A forma como o sol de New Hampshire brilhava na parte da manhã, lançando uma luz brilhante sobre os prédios antigos abaixo, a forma como o corpo estudantil passeava pelo campus, estudando no gramado quente e seco, o corpo docente parecia genuinamente preocupado com os seus alunos. Era uma pequena faculdade, apenas cerca de dois mil candidatos eram admitidos a cada ano, e este ano eu tinha sido um dos poucos sortudos aceitos na turma de calouros do próximo ano.

E eu jogaria tudo isso fora.

Não era como se eu pudesse deixar Rodolffo para trás. Nós brigamos a semana toda sobre essa viagem para New Hampshire. Eu havia prometido a Marcela meses atrás, antes de conhecer Rodolffo, que nós viríamos dar uma olhada na faculdade no início da primavera se fôssemos aceitas. Mas, muita coisa tinha mudado nos últimos meses. Eu não tinha tanta certeza se queria New Hampshire mais. Mas eu sabia que tinha que, pelo menos, vir olhar a faculdade, pelo menos dar-me uma chance de mudar de ideia. Lá no fundo, porém, eu sabia que minha mente já estava formada.

Marcela veio atrás de mim, tremendo de emoção. "O que você acha?"

Era óbvio o quanto ela havia amado a faculdade. Ela não tinha feito nada além de emitir 'oohs' e 'ahhs' através de toda a turnê, apontando isso e aquilo, qual era a situação do Departamento de Química, o quanto os professores eram amigáveis e conhecedores no Departamento Literatura. Eu sorri forçadamente e mordi o interior do meu lábio através da coisa toda.

"É bom." Eu murmurei, olhando acusadoramente para a torre do relógio - como se fosse, de alguma forma, a culpada pela minha situação.

"Bom?" Marcela repetiu. "O que você quer dizer com 'bom'? Isso aqui é tudo que você e eu temos sonhado pelos últimos dois anos da escola!"

"Eu não tenho... tanta certeza de que me encaixarei aqui. Quero dizer, é tão diferente de Olympia. E é tão longe de tudo..."

Marcela olhou para mim com desconfiança. "Você quer dizer que é muito longe dele".

Eu não respondi. Eu não conseguia nem mesmo olhar para ela. Eu sabia como eu estava sendo estúpida, como uma daquelas adolescentes doentes de amor daqueles programas de TV do Nick at Nite dos quais Jessica e eu costumávamos tirar sarro. O engraçado era que eu poderia gerenciar um relacionamento de longa distância. Mas não tinha realmente sido me dada uma escolha.

"Qual é o ponto?" Rodolffo perguntou um dia. "Se você vai para a faculdade lá, você e eu terminamos aqui. Eu não tenho relacionamentos de longa distância." Ele disse claramente, sem hostilidade, ou ameaça, ou desespero, ou ansiedade em seu tom. Simplesmente assim, com toda a naturalidade. Você vai, acabou. Não era bem uma escolha. Pelo menos, era o que eu pensava na época. "Marcela, eu-"

Esta sou eu - RabiaOnde histórias criam vida. Descubra agora