Capítulo 14 - Doces, travessuras, tempestades e, finalmente, tudo bem

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~ Bianca ~

"Não Bilanca, não é esse azul!" Mag gritou horrorizada. Ela puxou o giz de cera da minha mão, atirando-me um olhar confuso antes de empurrá-lo de volta em sua caixa e remexer nos outros com dedinhos determinados.

"Você não pode cololir o castelo da Cindelela com esse azul! É muito esculo!" Ela repreendeu em um tom que me dizia que esse fato deveria ter sido claramente óbvio, antes dos cantos da sua boca de querubim se contorcerem em um sorriso e seus olhos verdes brilharem quando ela encontrou o que estava procurando.

"Aqui." Ela suspirou triunfante, colocando outro giz de cera em minhas mãos. "Todo mundo sabe que o castelo da Cindelela é azul bebê e branco".

"Desculpe, princesa. Eu acho que devo ter faltado no dia em que ensinaram isso em Dartmouth." Eu ri, ocupando-me novamente em colorir com o giz de cera correto. Olhei ao redor para o que antes era meu reverenciado escritório, sorrindo em diversão para as pilhas de papéis, giz de cera, canetinhas, aquarelas, livros para colorir, brinquedos aleatórios e garrafas de água espalhadas não tão estrategicamente. Pouco mais de um centímetro quadrado do piso de madeira escuro permanecia visível. Em algum lugar sob toda essa confusão estava a minha mesa, assim como documentos, arquivos e propostas nos quais eu passei incontáveis horas trabalhando. Eu balancei minha cabeça, rindo para mim mesma.

"Por que eles não te ensinaram isso em Dahtmooth?" Mag perguntou, momentaneamente distraída da sua pintura. Eu continuava esquecendo que o sarcasmo, em qualquer forma ou maneira, passava despercebido em sua bela cabeça de uma criança de quatro anos.

"Não importa." Eu disse, sorrindo para ela. "Você está me ensinando agora, e eu aposto que você está fazendo um trabalho muito melhor do que qualquer um faria".

"Tudo bem." Ela concordou com um fácil encolher de ombros, antes de voltar sua atenção outra vez para o nosso trabalho artístico em conjunto. Eu sorri, olhando as duas pequenas linhas que se formaram entre suas sobrancelhas enquanto ela se concentrava em permanecer dentro das linhas. Eu tinha visto esse mesmo foco nítido em Rafa algumas vezes – aquelas exatas rugas entre as sobrancelhas – quando nós duas discutimos seus projetos. Infelizmente, ao longo dos últimos dias, esse tinha se tornado o único tópico de conversa aceitável entre nós. Felizmente, ela não tinha deixado a estranheza entre nós interferir com o encontro de brincar – como Mag o chamou – que sua filha e eu tínhamos planejado.

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Pequenos punhos ansiosos batendo contra a porta do meu escritório tinham me assegurado mais cedo esta manhã que a Rafa não tinha ignorado o nosso acordo. O tempo terrível lá fora tinha ajudado com a minha inquietação. Embora fosse apenas final de outubro, o serviço meteorológico tinha emitido advertências esta manhã para o que seria provavelmente uma das primeiras tempestades esperadas para a nova estação. Nova York foi avisada para esperar pelo menos 7,5 centímetros de chuva até o cair da noite, bem como ventos de mais de 80 quilômetros por hora. Com certeza não era a imagem de um dia perfeito lá fora, e eu estive com medo de que isso mantivesse as garotas Kalimann longe. Eu deveria saber melhor. Isto era provavelmente um passeio no parque para as garotas de Washington.

Surpresa com o meu próprio nível de entusiasmo, eu corri da minha cadeira e escancarei a porta para revelar uma pequena e brilhante princesa. Literalmente.

"Bilanca, eu estou aqui!" A princesa em frente a mim tinha exclamado sem fôlego. "Você está pronta para brincar comigo?" Vestida em um reluzente vestido de baile amarelo, com mangas bufantes e uma tiara brilhante, Mag se jogou em meus braços – nossa saudação típica – pronta para eu pegá-la. Eu obedeci ao seu entusiasmo.

Esta sou eu - RabiaOnde histórias criam vida. Descubra agora