Pietro

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Itália

      Pietro havia sido entregue a uma família Italiana. Seu pai era um empresário milionário e sua mãe era dona de alguns restaurantes espalhados pela Itália.

   Dr. Lin fez inúmeras pesquisas e os contactou um ano após descobrir que teria seu projeto cancelado. Eles sempre quiseram ter filhos, então, aceitaram de primeira.

  Quando Pietro fez 7 anos de idade, seus "dons" começaram a ser bem perceptíveis, principalmente na escola, onde os amigos se assustavam com a inteligência avançada do garoto. Seus professores o consideraram um gênio prodígio. Aos 18 anos, concluiu sua 3ª faculdade.

   Também nessa idade, ele descobriu sobre a existência de seu implante, mas não teve tempo de questionar sobre isso, seus pais o trancaram em uma casa estritamente isolada no topo de uma montanha, quando os primeiros casos de Clonstro começaram a surgir. Mesmo que fizessem visitas frequentes, nunca ficavam tempo o bastante para que Pietro pudesse perguntar alguma coisa. Depois do grande apagão, Pietro nunca mais os viu.

   Sua casa era grande, mas não havia estradas que ele pudesse seguir, nem populações por perto, ele conseguia uma ampla visão, do topo da montanha. Aparentemente a única forma para sair dali seria um helicóptero,  Pietro não tinha acesso a um.

   A casa era composta por 4 andares e algumas áreas exteriores. Apesar das paredes serem reforçadas com aço, aparentavam ser feitas de madeira, por fora, por dentro eram acinzentadas, até Pietro decidir desenhar por elas, quando encontrou um conjunto de tintas e pincéis perdido no quarto de seus pais (o tédio já o estava consumindo, a essa altura) ele desenhou por todas as paredes da sala e da cozinha, no primeiro andar, a única parede que se safou, foi a de vidro, uma espécie de janela estendida do primeiro ao quarto andar, a qual podia se visualizar todo o vale, abaixo da montanha e algumas cachoeiras. No segundo andar haviam alguns quartos ainda inexplorados por ele e o quarto de seus pais. No terceiro ele fez adaptações, removendo algumas paredes e transformando o local em uma espécie de laboratório, cheio de computadores e telas gigantes, agora quase inutilizáveis, ja que o apagão fez com que a internet deixasse de existir. A eletricidade que ele tinha disponível, usava para aquecer a água e a comida, algumas das placas solares  foram danificadas com uma das ventanias, o que limitou o uso da energia. No último andar ele fez seu quarto, com uma cama que cabiam, no mínimo, 5 pessoas, ao lado ficava "seu espaço pensativo" com seus consoles de vídeo game, telões de tv e mais alguns móveis, do outro lado, encontrava-se uma hidromassagem ostentosa que se encontrava com a parede de vidro vinda debaixo, o banheiro ficava na parede oposta a essa. Também nesse andar, ele havia montado uma pequena academia com alguns aparelhos e uma área de leitura, cheia de estantes. Em um dos espaços externos, Pietro deu o seu melhor, na tentativa de construir uma estufa, nessa, ele cultivava alguns tomates, batatas e outros legumes, que agora eram sua maior fonte de alimento, mesmo com um estoque exagerado de enlatados e não perecíveis, ele sabia que precisava se atentar e limitar seu consumo, afinal, não podia contar com a volta de seus pais.. ou com a ajuda de qualquer um.

  Ele fez o possível para manter sua rotina de exercícios e seus treinos mentais em dia. Afinal ainda tinha que descobrir seus limites.

  Buscou por todos os livros que pode, qualquer coisa que lhe desse alguma dica sobre o implante. Ele tinha recebido apenas uma instrução de seus pais, antes do apagão: "tome suas vitaminas e se elas acabarem, siga as receitas e faça mais,  nunca pare de tomar" ele já tinha decorado a receita, de tanto ver o vídeo de despedida. Mas sabia que seus comprimidos durariam séculos.

  Ele agora se encontrava fazendo uma sessão intensa de exercícios variados entre os equipamentos, deixando sua roupa encharcada de suor e seus músculos visivelmente tensos devido ao esforço. Sua pele se encontrava mais pálida que nunca, mesmo com aquela janela imensa, o sol não o tocará o suficiente. Seu cabelo, castanho claro, pingava suor e as poucas sardas de seu rosto agora se misturavam com a vermelhidão, seus olhos verdes pareciam cansados.. ele estava exausto, cansado demais por tentar encontrar respostas e nunca achá-las, Pietro poderia ser tudo, menos indeterminado.

  Após seu descarrego físico, Pietro se lançou para um banho, ele apalpou com as pontas dos dedos a leve ondulação em seu cóccix, era quase imperceptível, nem mesmo ele entendia como havia notado, mas tinha uma pulsação diferente naquela região. A região do implante. Ele sabia que era impossível removê-lo, de certa forma, não se importava com a presença do implante, mas a forma como aquilo fazia parte de seu corpo, sem que ele soubesse sequer para que servia... aquilo o deixava louco.

   "Talvez se eu metesse uma faca aqui e arrancasse isso logo, a dúvida cessasse.." ele pensava, toda vez que passava a mão pela região.

  Decidiu que não o faria, ele não sabia os danos que aquilo podia causar, também não queria correr o risco de sangrar até a morte, ele não tinha sobrevivido por tanto tempo, para morrer por uma besteira assim.

  Tomou seus comprimidos controlados, uma pílula verde e uma azul, seguiu para sua área de descanso, pensando se ligaria ou não o console.. ele não entrava no jogo desde o grande apagão, mesmo sabendo que o jogo funcionaria independente de qualquer apagão que fosse, independente de uma bomba nuclear destruir meio mundo, independente de um vírus, ou vinte vírus, mortal devastar toda a humanidade.. aquele console ligaria, mesmo que atirasse nele, que batesse nele com martelos, machados, espadas, o que fosse, o console sobreviveria. Ele sabia, pois já tinha testado algumas.

  Mesmo assim, Pietro estremeceu ao sentir o toque gelado dos óculos de alta realidade, sentiu todo seu corpo gelar conforme ele analisava os controles e materiais usados para jogar em um só console, mas dava a impressão de um pequeno arsenal, com controles em formatos estranhos e nenhum fio se conectando, era tudo ligado pela mesma força que mantinha o aparelho funcionando, nenhum cientista conseguia explicar aquilo, exceto os próprios criadores, os quais não se davam ao trabalho de tal explicação. Alguns dos controles, eram parecidos com as armas humanas, como metralhadoras e pistolas, outros pareciam armas alienígenas (segundo a sua imaginação), obviamente, elas não disparavam projéteis, mas sim, raios lasers inofensivos, também haviam alguns tipos de facas não afiadas.. ao todo, haviam 15 armas a disposição, pelo menos em seus aposentos, ele não sabia até onde o arsenal do jogo se estendia, cada jogador escolhia as armas que gostaria de levar consigo durante a jornada.

   Os criadores não tiveram tempo para mais atualizações, então, provavelmente, essas armas seriam as únicas que ele usaria, por muito tempo, se é que usaria.. o jogo agora era uma surpresa, ele não sabia se ainda restaria algum jogador on-line, não depois de tanto tempo, ele havia ficado 2 anos sem jogar, antes o jogo fazia parte dele, era uma forma de se distrair de seus pensamentos constantes, de suas dúvidas e temores quanto ao resto do mundo.

   Ele pensou por longos minutos, então ligou seus óculos de realidade virtual, minimalistas, consistiam em um material branco com alguns detalhes pretos brilhantes,  devido às luzes internas da tecnologia, essa era a coloração de algumas das armas também, as outras consistiam em preto e vermelho, preto e laranja, preto e azul.. mas ele não se atentava muito a cores e sim a eficiência.

  Seu personagem era uma cópia fiel do jogador que o comandava, tirando alguns músculos extras; usava uma camiseta branca e um sobretudo marrom com pelugem de animal envolta do pescoço, cobrindo parte de seu peitoral, tinha duas pistolas em sua cintura e uma espada prateada nas costas, algumas mini pistolas dentro de suas botas pretas longas e algumas lâminas no mini-cinto em sua coxa, que passava por cima da calça larga, também negra. Seus cabelos eram maiores no jogo, também.

O Jogo, 23Onde histórias criam vida. Descubra agora