Eros

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Brasil

Eros era uma criança atrevida, mesmo com 2 anos de idade, quando foi adotado por Patrícia e Andressa, ele já aprontava, atirando qualquer coisa que visse pela frente contra os médicos que cuidavam dele, Dr. Lin teve um trabalho e tanto para contê-lo, mas até ela se entregava a diversão do pequeno.

Quando se tornou um jovem, essa diversão não sumiu, mas agora ele se atirava nas águas salgadas das praias nordestinas. Suas mães moravam em Florianópolis, mas não foram contra a mudança do filho, principalmente quando perceberam que a coisa ia ficar feia na questão do vírus. Então elas ajudaram a levar as coisas do jovem para a casa isolada, numa cidade pequena, a qual elas esvaziaram, sem que Eros soubesse.



Patrícia era dona da maioria dos imóveis da cidade, alugando-os para aquelas pessoas, ela havia comprado algumas das casas com o dinheiro herdado de seu pai, por ser filha única, depois de alugar algumas, sua fortuna aumentou e foi aumentando cada vez mais. O remorso por ter de fazer aquilo com os moradores a corroía, mas a vida de seu filho era mais importante que todo o resto, então ela não hesitou quando despejou as pessoas e fez algumas doações para que elas encontrassem outro lugar para residir (ela sabia que isso não iria alterar o destino daquelas pessoas, elas morreriam de qualquer forma).

Só levaram Eros para a casa quando se certificaram de que não havia mais ninguém lá. Patrícia construiu um muro excessivamente alto ao redor da casa, a única construção com muro naquela primeira fileira que ficava de frente ao mar. Mas foi generosa deixando um portão para que o filho pudesse ir ao mar. Quem sabe elas pudessem chegar até ele algum dia para andarem juntos.

Eros não conseguiu se comunicar com elas após o apagão, mas sabia que as mães estavam bem em sua casa.. ele tinha que pensar assim para não enlouquecer, ele queria poder chegar até elas, mas era impossível, ele só tinha dois barcos e um carro com meio tanque de gasolina.



Era difícil para ele administrar seus mantimentos, então ele quase sempre pescava seu jantar, depois de se divertir nadando e surfando.

Sua pele ficava cada vez mais bronzeada devido ao tempo que ele passava no sol, em excesso, afinal, dia após dia ia para o mar, nadar e surfar se tornou seu único alívio ali. Havia muita preocupação e culpa em sua mente, pois queria encontrar suas mães e não conseguia sair daquele lugar para isso, mas sabia que as encontraria, ele precisava encontrá-las. Só não tinha ideia de como fazê-lo, então aproveitava os momentos embaixo d'água para refletir sobre as ideias e deixá-las mais claras.

As vezes ele ficava submerso por muito tempo, sem perceber, até que uma coceira repentina se formava em sua coluna e ele percebesse a necessidade de oxigênio, só então ele voltava seu corpo para cima e emergia sua cabeça.

Seus olhos, verdes como a água que o rodeava, já haviam se adaptado, agora ele podia mantê-los abertos sem sofrer os danos e a irritação causada pela água salgada. Seu corpo também parecia ter sido moldado exatamente para aquelas atividades, os músculos eram incrivelmente demarcados, todos definidos e esculpidos para o nado. Mas seus cabelos, pretos escuros, protestavam com a areia e algumas sujeiras marítimas e o esforço para remover essas impurezas.

Ele era coberto de tatuagens no tronco, desenhos negros em formas tribais que acompanhavam a linha reta de sua coluna até embaixo, já acima, faziam ondulações nos ombros, como redemoinhos. Na parte da frente, os desenhos em seu peitoral, eram parecidos com os das costas, porém, mais delicados, como se os traços tivessem sido feitos por mãos de veludo, não parecia que foram necessárias 15 repassadas de agulha para que cada partícula de tinta fosse finalmente fixada na pele, devido a sua cicatrização rápida, os retoques tiveram que ser frequentes, até que a pele parou de relutar e finalmente aceitou as marcas, fixando as tatuagens. Isso também foi feito naquelas que serpenteavam os braços do jovem, diversos traços e riscos, alguns em formato de escrita em romano, outros em latim, tudo se juntando a desenhos que se aparentavam a mapas e estrelas, fechando quase toda a pele de seus membros. Já nas pernas ele tinha apenas uma na coxa que se desenhava como uma corda em formato de onda, ao redor do músculo, na outra, uma âncora com gaivotas envolta.

O Jogo, 23Onde histórias criam vida. Descubra agora