Katherine

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Nova York

Briana e Dylan tiveram muitos problemas em ter filhos, Dylan não admitiria ou se rebaixaria a fazer um teste de esterilidade, ele preferia pensar que o problema estava na esposa. Quando Dr. Lin os ofereceu a oportunidade de adotar Katherine, seus olhos brilharam, pelo simples pensamento de que realizariam aquele sonho.. mesmo com todas as limitações impostas pela doutora.

Quando eles confirmaram a adoção, ela os disse: "fiquem cientes, que, após adotarem essa criança, não poderão gerar ou adotar nenhuma outra, isso interferirá na criação; Seus suplementos não podem cessar, nem por um dia sequer; Vocês não podem agir com agressividade, não podem ameaça-lá, nem fazer com que ela "exploda", isso pode causar danos, tanto pra ela quanto para vocês, mas claro, mantenham as rédeas curtas; Se certifiquem sempre de que ela não está cuspindo as vitaminas ou escondendo coisas; Preciso que me mantenham informada de qualquer mudança que notem, me mantenham informada de tudo em seu comportamento, vocês não podem se descuidar, tomem cuidado quando os olhos dela brilharem demais.. principalmente se o brilho for de raiva, ela é dócil a todo tempo, mas não sabe se controlar quando isso acontece".

Aquela conversa os tinha assustado, mas quando eles conheceram Katherine.. tudo se dissipou, o medo e qualquer receio que tiveram, quando eles a pegaram no colo, aquela pequena bebezinha, indefesa e curiosa, que também os olhava, como se ela soubesse que eles eram seu destino, que eles seriam seus protetores, que seriam seu lar. Nesse dia, eles a levaram pra casa. Uma cobertura, no centro de NY, um dos maiores prédios da cidade.

Katherine teve uma infância privilegiada, assim como a adolescência. No início da 1ª onda, sua mãe foi contaminada, já nos primeiros indícios, ela se isolou em uma casa longe da cobertura, foram os piores meses de sua vida, antes da mãe começar a apresentar os sintomas finais, a loucura e a violência.. ela a viu uma última vez, a fera que tinha se tornado. Se despediu nesse dia.

O pai comprou o restante do prédio em que eles moravam, isolou Katherine nele, mais do que antes. Antes do apagão, ele ainda a visitava, tentando dar o seu melhor para não transparecer o luto pela esposa, tentando e falhando, pois ele não conseguia nem sorrir ao lado da filha sem que seus olhos o entregassem, mostrassem a ela o quão podre sua alma estava agora.

Antes de Briana, Dylan era um homem.. ruim. Um amigo de mafiosos e traficantes, cheio de ódio, ele mandava matar quem quer que entrasse em seu caminho, algumas vezes ele mesmo o fazia, com as próprias mãos. Quando Briana entrou em sua vida, ele não cortou totalmente os laços com esse lado maligno seu, mas ele já não se arriscava tanto, tornou-se um empresário, dono de imobiliárias e redes de turismo, construindo seu grande império, protegendo sua família com unhas e dentes. Briana por outro lado, era uma doce escritora, ela e Dylan se encontraram em um clube de livros, o interesse mútuo surgiu, ele fez de tudo para conquista-la, ela sabia de seu lado sombrio, mesmo assim, tentava entendê-lo e via o seu desejo em melhorar, mesmo que o homem tivesse suas falhas, ela sentia que ele a amava. E amava. Tanto, que não suportou a morte da esposa, se jogou em drogas e se perdeu numa violência descompassada, era um péssimo jeito de lidar, ele não queria que a filha soubesse, por isso, quando decidiu se afastar de vez, usou o apagão como desculpa, mas na verdade ele se escondeu dela, em um bunker escondido que nem ele sabia ao certo onde ficava, sua mente já havia sido devorada, agora ele não tinha medo de vírus nenhum, pra ele nada mais fazia sentido. Ele saia do bunker apenas para matar o máximo de desgraçados infectados que pudesse.

3 anos depois do apagão, seu corpo já havia se decomposto naquele bunker, os ossos já haviam mofado. Ele finalmente se entregou ao destino final, quando viu seu braço arranhado por um dos infectados, o medo de se perder fez com que ele mesmo desse fim a tudo antes.

O Jogo, 23Onde histórias criam vida. Descubra agora