Ajustando as Velas: Conflitos a Bordo

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Conforme os dias passaram, tentei ao máximo me acostumar com a vida no navio, por mais difícil que fosse, já que sempre vivi no luxo da realeza.

Jasper me observava, questionando se eu realmente me adaptaria à vida no mar. Para ele, eu parecia apenas uma riquinha criada em berço de ouro. Ele ficou pensativo por um momento, enquanto coçava a barba.

- Bem, Elyzia, parece que temos desafios pela frente. Sou um pirata, acostumado com liberdade e aventura, enquanto você cresceu em um ambiente de realeza, onde tudo era dado. Será um choque de realidades, sem dúvida. - Disse ele, colocando a mão no meu ombro. - Mas, minha querida, a vida é cheia de surpresas e aprendizados. Estou disposto a ajudá-la a se adaptar a essa nova realidade. Vamos enfrentar esses desafios juntos, com paciência e compreensão.

Eu sabia que, naquele navio, era apenas mais uma tripulante, uma mulher que precisava conquistar seu lugar a bordo e no mundo. Estava disposta a aprender, pois não queria depender dos outros marujos. A vida pirata era perigosa, e eu precisava aprender a me virar sozinha.

Mesmo com minha determinação, ainda era difícil abandonar completamente meus costumes de princesa.

- Elyzia, entendo que você foi criada em um ambiente completamente diferente do meu. - Ele suspirou profundamente. - Admiro sua vontade de mudar, de aprender nesse novo ambiente onde você se encontra agora. - Disse ele, com um sorriso encorajador.

Para mostrar que estava disposta a mudar, comecei a interagir com a tripulação, buscando aprender algo com eles. A primeira pessoa com quem eu queria conversar era Jeffrey. Segundo Jasper, Jeffrey era responsável pela navegação e sabia muito sobre o clima e como se localizar caso o navio ficasse à deriva.

Jasper descreveu Jeffrey como um homem com uma cicatriz que ia da testa até abaixo do olho, o que facilitaria encontrá-lo.

Andei pelo navio à procura de Jeffrey, mas, como ainda não estava familiarizada com o ambiente, acabei me perdendo. Enquanto tentava me localizar, me perguntava por que aquele navio era tão grande, parecendo um navio luxuoso, e não um pirata.

Seguindo pelos vastos corredores, deparei-me com uma porta que chamou minha atenção; diferente das demais, era branca com nuvens azuis desenhadas.

Curiosa, caminhei até ela e, lentamente, a abri. A porta deu um leve rangido. Ao entrar, vi uma quantidade extraordinária de livros. Era incrível como um navio pirata podia ter tantos livros.

Observei a biblioteca encantada, não só pela quantidade de livros, mas também pelo ambiente bem iluminado, graças a um teto de vidro que permitia a entrada de luz natural. Estava limpa e organizada, como se alguém se esforçasse para mantê-la assim.

Enquanto explorava, algo no canto do meu olho chamou minha atenção. Olhei e vi um homem de altura média, cabelos grisalhos e meio gordinho. Estava sentado em uma cadeira velha, concentrado em um livro.

Notei a cicatriz que começava na testa e terminava abaixo do olho, percebendo que aquele era Jeffrey, o navegador dos Red Storm.

Me aproximei lentamente de Jeffrey, percebendo sua concentração no livro que lia sobre como as horas funcionam em alto mar. Quando ele notou minha presença, ergueu levemente a cabeça para me olhar.

- Oh, você é a nova tripulante, certo? - perguntou ele, com voz calma e gentil.

Concordei com um leve aceno.

- Sim, sou Elyzia. É um prazer conhecê-lo - respondi com um sorriso amigável.

Jeffrey retribuiu o sorriso e me convidou com um gesto para me juntar a ele.

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