A Princesa e a Plebeia

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Durante meu sono, experimentei uma paz que nunca havia sentido antes, até começar a sonhar com meu lar.



Fay-Eryndell, meu reino natal. Nasci numa manhã quente e ensolarada, o que seria comum, não fosse o fato de estarmos no meio do inverno, quando normalmente deveria estar nevando.



Segundo os anciões do reino, meu nascimento naquele dia inusitado significava que eu teria um destino brilhante, independentemente das circunstâncias difíceis e desafiadoras.



Desde criança, fui curiosa e um tanto desobediente, com um espírito livre que não se contentava com pouco. Isso era um problema para meu pai, que esperava que eu fosse uma dama reservada e comportada, pois temia que minha má reputação afetasse meus futuros casamentos. Apesar de não ser herdeira do trono, meu pai ainda se preocupava com meu futuro e a continuidade da linhagem real.



Para moldar quem eu era, meu pai me aprisionou no castelo, na tentativa de me "corrigir" e transformar-me numa dama digna da nobreza. Embora pudesse passear pelos corredores e pelo amplo jardim do castelo, sempre estava sob vigilância de guardas.



Lembro-me claramente de quando tinha oito anos, numa tarde chuvosa permeada pelo aroma da terra úmida. Passeava pelo castelo em busca de distração quando, por curiosidade, entrei na cozinha, um local proibido para alguém da minha posição. Minha curiosidade falou mais alto ao explorar aquele ambiente vazio. As paredes de tijolos escuros queimados contrastavam com o piso de arenito, típico dos cômodos do castelo. Meu olhar foi atraído por um fogão feito de pedras negras com uma superfície plana de ferro. Ao chegar perto, senti o calor e observei a madeira queimando, intrigando-me com seu propósito.

 Ao chegar perto, senti o calor e observei a madeira queimando, intrigando-me com seu propósito

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- Você... Não deveria estar na cozinha, é um lugar inapropriado para alguém da nobreza. Pode sujar suas roupas - uma voz surgiu do canto escuro da cozinha.



Virei-me rapidamente na direção da voz e deparei-me com uma garota da minha idade. Seus cabelos negros brilhavam como carvão, seus olhos verdes pareciam pedras preciosas, e seu rosto pálido contrastava com suas roupas remendadas e ligeiramente sujas.



- O que é isso? - indaguei, apontando para o fogão de pedras.



Ela me encarou, confusa com minha pergunta.



- Isso? Está se referindo ao forno a lenha? - ela questionou.



Forno a lenha? Nunca ouvira falar.



- Forno a lenha? Para que serve? - perguntei curiosa.

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