Amor em Meio ao Caos

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**Elyzia**

No meu quarto, observei pela janela enquanto a chuva intensificava e o navio balançava violentamente por conta das ondas provocadas pela tempestade.

- Toda essa agitação está me deixando enjoada. - suspirei profundamente.

A tempestade fez a temperatura no navio cair drasticamente, e, mesmo vestida com roupas mais quentes, o frio ainda me alcançava.

Graças à chuva, a viagem para a ilha estava atrasada, e decidi ficar na minha cabine, pensando em maneiras de aliviar a culpa que Jasper sentia pelo que aconteceu na ilusão.

Sabia que ele estava abalado e se culpava pelo que fez, mas foi tudo uma ilusão; eu jamais o culparia por isso. Precisava fazê-lo entender que não era culpa dele.

Enquanto ponderava alternativas, ouvi uma batida na porta.

- Quem será? - murmurei.

Levantei-me lentamente da cama e fui atender. Ao abrir a porta, Johan estava parado diante de mim.

Não o via desde o dia em que beijei Jasper para deixar claro que o via apenas como amigo, mas vendo-o ali, me perguntava o que o trouxe até a minha cabine.

- Ouvi sobre o que aconteceu entre você e o capitão. - disse calmamente. - Também ouvi que foi descuido dele. É sério que você sente algo por alguém que te feriu, mesmo que em uma ilusão?

A expressão de Johan mostrava descontentamento ao saber que Jasper havia me colocado em perigo, ainda que acidentalmente e em ilusões fora de seu controle.

- Johan, Jasper não teve culpa nenhuma. Sei que ele foi descuidado ao usar cogumelos alucinógenos na minha refeição, mas não vou culpá-lo por isso. - minha voz era firme.

- Você está sendo ingênua. Jasper sempre é descuidado e impulsivo, e fará com que você sofra. Mas se é isso que você quer, não posso fazer nada. Considere-se avisada. - disse, antes de se afastar, me deixando sozinha.

Fiquei parada na porta, observando Johan se afastar com passos firmes, como se estivesse frustrado. Era como se ele quisesse me colocar contra Jasper por algo que ele realmente não tinha culpa.

Fechei a porta e voltei a pensar em como fazer Jasper se sentir melhor com toda aquela situação, mas, quanto mais pensava, menos ideias surgiam.

O tempo passou lentamente, e quando percebi já era noite, mas a chuva continuava a cair lá fora.

Apesar do frio intenso, decidi sair da cabine em busca de algo para comer, já que havia passado o dia inteiro sem me alimentar.

Enquanto caminhava pelo navio, encontrei alguns marujos, e, para minha surpresa, nenhum deles estava usando roupas quentes. Parecia que o frio não os afetava.

- Será que estão bêbados? Não é possível que não sintam frio. - murmurei para mim mesma.

Enquanto os observava, senti a presença de alguém atrás de mim. Virei-me abruptamente e vi Jasper me observando de longe. Fiquei feliz em vê-lo, mas optei por não me aproximar. Queria respeitar seu espaço; ele precisava de tempo para si e para seus pensamentos.

Mesmo assim, notei que ele se aproximava, mas, para minha surpresa, ele passou por mim sem dizer uma única palavra. Aquilo fez meu coração doer.

- Por que você está me evitando? Você não teve culpa de nada!

Ao ouvir meu questionamento, Jasper parou de andar, mas não se virou, como se quisesse evitar contato visual comigo.

- Você pode dizer que não tenho culpa, pode dizer que me perdoa, mas eu prometi que iria te proteger, e mesmo assim fui negligente e te fiz mal. Não consigo parar de me culpar por isso. - sua voz transmitia vulnerabilidade.

- Tudo o que aconteceu naquela ilusão foi só isso: uma ilusão. - disse em alto e bom tom. - Você não tem culpa de nada, então pare com isso.

Ele continuava evitando me olhar, então me aproximei, parando diante dele.

- Não quero que você fique assim, se culpando e se lamentando. Estou aqui, firme e forte, então pare com isso imediatamente. - minha voz soou irritada.

Meus sentimentos por Jasper eram confusos, mas sabia que provavelmente gostava dele mais do que como amigo. Quando comecei a sentir isso? Nem eu sei, mas não me importava com esses detalhes.

Jasper me olhava em silêncio, seus olhos expressando tristeza e remorso.

- Pelo jeito, não tenho outra escolha. - murmurei, me aproximando ainda mais.

Fiquei bem perto dele, e ele me olhava sem entender o que eu pretendia fazer. Então, o puxei pela camisa, fazendo-o ficar na minha altura, e logo em seguida o beijei. Jasper ficou visivelmente surpreso, mas não recuei. Continuei beijando-o, e ele acabou correspondendo ao meu beijo com paixão e intensidade, me segurando contra si.

Enquanto nos beijávamos, parecia que o tempo havia parado. Só existíamos nós dois naquele navio, e perdi a noção do tempo. Nenhum de nós queria se afastar. Sabia que os marujos nos observavam, mas não me importava; queria continuar naquele momento.

Quando finalmente nos afastamos, estávamos sem fôlego e ofegantes. Meu rosto estava quente, e provavelmente eu estava corada. Olhando para Jasper, vi que ele também estava corado, e ele ficava ainda mais lindo daquele jeito.

- Eu te amo, Jasper. - minha voz soou doce e amorosa.

**Jasper**

A culpa me consumia após tudo que passamos naquela maldita ilusão compartilhada. Não conseguia me perdoar por ter feito mal à Elyzia, mesmo após prometer que a protegeria.

Para sua segurança, decidi me afastar para mantê-la segura, nem que fosse de mim mesmo. Mas ela era persistente e agora estava aqui, diante de mim. Eu não queria me afastar, mas também queria protegê-la.

Elyzia mostrava determinação nos olhos enquanto se aproximava de mim, ficando a poucos centímetros. Senti sua mão puxando minha camisa, e, ao conseguir o que queria, ela me beijou pela segunda vez. Aquilo me pegou de surpresa, mas não conseguia resistir a ela, então me deixei levar pelo sentimento que nutria por ela.

Enquanto nos beijávamos, parecia que o tempo havia parado ao nosso redor. Sentia meu amor por ela crescer a cada momento, e não queria me afastar. Queria sentir ainda mais o sabor dos seus lábios. Ela era doce e deliciosa.

Não sei quanto tempo passou, mas, quando nos afastamos, estávamos sem fôlego e ela estava corada. Era a visão mais bela que já vi na vida.

- Eu te amo, Jasper. - ela disse com uma voz suave e gentil.

Suas palavras me encheram de felicidade. Saber que ela correspondia aos meus sentimentos era incrível. Um sorriso genuíno surgiu no meu rosto, e, naquele momento, eu me sentia o homem mais feliz do mundo.

- Eu também te amo, Elyzia. Por você, viraria o mundo de cabeça para baixo. - dito isso, segurei seu rosto e a beijei novamente, ainda mais apaixonado que da primeira vez.

Aquele beijo foi mais curto, mas carregava todos os meus sentimentos por ela: amor, carinho e admiração.

Após o beijo, virei-me para os marujos que observavam incrédulos.

- Escutem aqui, todos vocês: não se atrevam a mexer com minha mulher. - minha voz soou alta, e o sorriso no meu rosto era evidente.

Minha mulher. Como eu amava poder chamá-la assim. Saber que ela finalmente era minha enchia meu peito de alegria.

Olhei pela janela e vi que a chuva finalmente havia cessado. A luz do luar iluminava o céu noturno e estrelado, e agora era questão de tempo até chegarmos ao nosso destino. Naquele momento, eu não temia absolutamente nada, pois tinha minha amada Elyzia ao meu lado para me apoiar durante nossa jornada.

Red StormOnde histórias criam vida. Descubra agora