A Verdade por Trás da Loucura

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A ilha do pesadelo, ilha das ilusões, ilha da desgraça... Muitos nomes são usados para descrever esse lugar maldito.

Historicamente, a ilha é conhecida por se alimentar da coragem daqueles que têm o azar de nela aportar. Mas como isso acontece e como evitar cair nessa armadilha? A verdade é que a ilha das ilusões se manifesta de forma imprevisível. Um grupo de pessoas pode chegar à ilha, mas apenas uma delas cair nas suas ilusões. Esse fenômeno é tão complexo que nenhum marinheiro ou pirata conseguiu explicar exatamente como ocorre.

Muitos acreditam que as ilusões são causadas pelo calor extremo que envolve a ilha, provocando alucinações em seus visitantes, mas essa hipótese nunca foi confirmada.

Aqueles que ficam presos na ilha enfrentam desafios e pesadelos lúcidos, às vezes compartilhados com outros desafortunados. Quanto maior a determinação de uma pessoa, mais difícil é escapar, pois os monstros da ilha se alimentam de sua coragem. Em teoria, se você for uma pessoa medrosa, provavelmente não sofrerá grandes perigos. Mas, novamente, isso não é comprovado.

Uma coisa, porém, é certa: mantenha distância de ilhas com calor excessivo...

Você foi avisado.

**Elyzia**

Depois que Jasper atirou em mim, senti meu corpo enfraquecer. Embora não conseguisse abrir os olhos, ainda estava consciente de tudo ao meu redor, inclusive do desespero dele enquanto me abraçava. No entanto, fomos atingidos por um impacto violento do monstro, o mesmo que eu havia sentido no dia anterior.

À medida que meu corpo se tornava leve, parecia que eu estava flutuando, envolta em uma estranha sensação de calmaria. Tentei abrir os olhos para entender o que estava acontecendo, mas não consegui. Estava certa de que morreria. Era jovem demais para partir assim, mas não havia nada que pudesse fazer.

Conformando-me com a iminente morte, meu corpo finalmente caiu. Para minha surpresa, não atingi o chão, mas algo que parecia ser água. Era difícil acreditar que morreria afogada, mas como poderia haver água em um deserto? Antes que pudesse entender, perdi a consciência novamente.

Não sei quanto tempo se passou, mas quando acordei, surpreendentemente estava de volta ao navio, e mais estranho ainda, em minha cama.

- O que está acontecendo? - murmurei, confusa.

Olhei ao redor, questionando se aquilo era real ou apenas outra ilusão.

Enquanto tentava processar os eventos, alguém entrou na cabine. Para minha surpresa, era Klaus.

- Finalmente você acordou, princesa. - disse ele, com uma expressão de alívio.

Aquilo era uma ilusão ou realidade? A única pessoa que aparecia para mim antes era Jasper, então não fazia sentido estar de volta ao navio.

- O que aconteceu? - perguntei, cautelosa.

Klaus se sentou próximo à minha cama, apoiando os braços na cadeira e me encarando.

- Em resumo, você e Jasper desmaiaram repentinamente. - Klaus respondeu, sério.

- Nós dois desmaiamos? Como assim?

- O capitão não é exatamente o mais inteligente dos homens. - disse Klaus, levantando-se e andando pela cabine. - Lembra-se da refeição que ele preparou para você? Bem, Jasper confundiu cogumelos alucinógenos com cogumelos comestíveis e acabou colocando-os na comida. Ele também comeu os mesmos cogumelos.

Klaus suspirava profundamente enquanto tentava conter o riso. Então, esse tempo todo, estávamos no navio? Aquele inferno foi causado por cogumelos?

- Mas o que cogumelos alucinógenos estavam fazendo na cozinha?

- Além de bebidas, drogas também são comuns em navios piratas. - Klaus explicou enquanto voltava a se sentar. - Os cogumelos alucinógenos são como drogas para nós, usados para distração e entretenimento. Mas não se preocupe, tanto você quanto o capitão estão bem agora.

Para se certificar de que eu estava realmente bem, Klaus começou a me examinar, mostrando-se bastante atencioso.

- Enquanto estava alucinando, Jasper estava comigo, e estávamos em uma ilha que vi em um livro.

Klaus continuou me examinando enquanto eu falava.

- A Ilha das Ilusões é uma história contada por gerações. Muitos marinheiros afirmam ter ficado presos em uma ilha infernal, mas acredito que ela não passe de imaginação.

Uma ilha imaginária, mas real demais para o meu gosto. Ainda assim, estava aliviada por tudo ter sido apenas uma alucinação.

Após terminar o exame, Klaus concluiu que eu estava realmente bem e saiu do quarto, sugerindo que eu descansasse.

- Descansar depois do que passei naquela ilha? - murmurei para mim mesma.

Eu realmente não me sentia confortável em dormir depois daquela experiência, temendo que pudesse voltar àquela ilha caso adormecesse.

Olhei pela janela e vi que o sol ainda estava alto. Resolvi aproveitar o dia antes que a noite chegasse.

Enquanto observava pela janela, alguém abriu a porta da minha cabine abruptamente. Ao desviar o olhar, vi Jasper parado diante de mim. Sem dizer uma palavra, ele veio até mim e me abraçou com força.

- Me desculpe. Fui um idiota e te coloquei em perigo. - sua voz soou como um sussurro enquanto continuava a me abraçar.

Pelo tom de voz, Jasper estava realmente arrependido do que havia feito.

- Não se preocupe, Jasper, foi um acidente. - respondi calmamente, tentando tranquilizá-lo. - Além disso, você também passou mal.

Apesar das minhas palavras, Jasper continuava me abraçando com força, mas com cuidado para não me machucar.

- Você também estava naquela ilha maldita. - ele sussurrou novamente, mas dessa vez sua voz soou mais perturbada. - Eu atirei em você.

Lágrimas começaram a escorrer dos olhos de Jasper enquanto ele lembrava o que aconteceu naquela ilha. A única coisa que consegui fazer foi abraçá-lo de volta, na esperança de confortá-lo. Mesmo sabendo que tudo foi apenas uma ilusão causada pelos cogumelos, como mencionado no livro, as alucinações eram compartilhadas de alguma forma. No entanto, sinceramente, eu só queria esquecer tudo o que aconteceu e seguir em frente. Sentia que coisas ruins poderiam acontecer se eu tentasse compreender aquele estranho fenômeno.

Cerca de um dia e meio havia se passado desde o incidente. Jasper ainda estava perturbado, não pela ilha em si, mas pelo tiro que ele havia me dado. Ele se sentia culpado e arrependido, mesmo eu já tendo perdoado-o, considerando que tudo foi apenas uma alucinação.

Durante esse tempo, ele evitava ficar perto de mim, temendo que pudesse me machucar de alguma forma.

- O que posso fazer para ele entender que não teve culpa? - pensei em voz alta.

Enquanto refletia, andava pelo navio observando o mar. O vento soprava forte e o céu estava cheio de nuvens, indicando que a chuva estava a caminho. Conforme avançava pelo convés, avistei algo ao longe. Olhando atentamente, percebi que era uma ilha.

- Uma ilha? Espero que não seja parecida com a Ilha das Ilusões.

Enquanto navegávamos em direção à ilha, a chuva começou a cair intensamente. Estávamos ainda longe do nosso destino, então levaria algum tempo até chegarmos. No entanto, eu sentia um misto de felicidade e preocupação sobre o que essa ilha nos reservava.

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