O Preço da Paz

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Três meses haviam se passado desde os testes, e agora Allys me acompanhava por todos os cantos do castelo. Nesse período, também iniciei meus estudos para me tornar uma boa esposa. Entre as matérias, estavam educação doméstica, onde aprendia a supervisionar os servos, administrar recursos e organizar eventos; educação religiosa, para ser um exemplo de virtude e piedade; além de etiqueta, aulas de arte como música, dança, poesia e idiomas. Também estudava sobre como cuidar da minha saúde, já que era meu dever dar herdeiros ao meu futuro marido.



Quando completei doze anos, uma guerra eclodiu entre Fay-Eryndell e Drakdorn-Rend. Ambos os reinos já tinham um histórico de hostilidade, mas um novo conflito precipitou a guerra. Meu pai tentou negociar com o rei de Drakdorn-Rend, Kaeeron, mas ele não quis ouvir.



Na guerra, muitos morreram de ambos os lados, e meu pai desejava acabar com o conflito para evitar mais mortes. Aproveitando-se disso, Kaeeron sugeriu um acordo de paz, mas em troca, ele queria me desposar. Meu pai, um covarde que nunca se importou comigo, concordou sem hesitar. Meu irmão, Raey-han, se opôs veementemente à ideia de me casar com um homem cruel e trinta anos mais velho, conhecido por seu histórico horrível. No entanto, meu pai não deu ouvidos, e assim, meu casamento foi arranjado.



Eu chorava desesperadamente, pois não queria me casar com um homem tão horrível. Meu pai, enfurecido, me deu um tapa no rosto.



- Você quer que mais pessoas morram na guerra por causa da birra de uma pirralha? Se ele te quer, então você vai se casar, e assim não haverá mais mortes. Você deveria ficar feliz, pois pela primeira vez na vida servirá para algo - disse ele, me deixando sozinha com meus pensamentos.



Eu sabia que meu casamento era inevitável e não podia simplesmente fugir e deixar meu povo sofrer por conta do meu egoísmo. Sentia um enorme peso no peito, como se estivesse presa em um lago e não conseguisse sair, ficando sem ar e sem alternativas. Então, aceitei minha condição e me conformei com meu destino.



Mesmo assim, meu irmão não desistiu de mim e fez o possível e o impossível para adiar o casamento, na esperança de encontrar uma solução. Após muita insistência, Raey-han conseguiu convencer a todos que eu só deveria me casar aos dezesseis anos, pois era imatura e precisava aprender tudo o que pudesse para agradar meu futuro marido e honrar o nome da família real.



A guerra teve uma trégua nos próximos três anos, graças ao acordo de casamento aos dezesseis anos. Enquanto isso, meu irmão lutava contra o tempo para me salvar daquele casamento, disposto a fazer qualquer coisa para impedir a união.



- Elyzia, minha irmã, não importa o que aconteça, farei o que for necessário para você não se casar com aquele rei ordinário - disse ele, sua voz carregada de determinação. - Jamais permitirei que minha irmãzinha se case com aquele homem e toque em você.



Raey-han sabia do histórico de Kaeeron: ele havia sido casado quatro vezes, e todas as esposas morreram misteriosamente após não darem um herdeiro homem. Meu irmão queria me poupar desse destino.



- Meu irmão, sei que você quer me poupar de tamanho sofrimento, mas talvez não haja o que fazer... Terei que aceitar meu destino e me casar com Kaeeron para que ninguém mais sofra, como nosso pai deseja.

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