Perdoname

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Os meses que se seguiram após a alta hospitalar de Camila foram um teste constante para ambos. Lauren estava sempre presente, ajudando com as consultas médicas, comprando itens essenciais para o bebê e garantindo que Camila tivesse tudo o que precisava. No entanto, a mágoa entre elas era uma constante sombra.

Camila se dedicava a mostrar a Lauren que havia mudado. Preparava refeições, organizava o apartamento e fazia questão de compartilhar todos os momentos especiais da gravidez com ela. Ela queria que Lauren visse que ela estava comprometida em ser uma boa mãe e, eventualmente, uma boa parceira.

Em uma tarde ensolarada, enquanto estavam na sala de estar, Camila sentiu o bebê se mexer.

— Lauren, venha aqui! — chamou ela, a excitação evidente em sua voz.

Lauren se aproximou, hesitante. Camila pegou a mão dela e a colocou suavemente sobre sua barriga.

— Ele está se mexendo — sussurrou ela, seus olhos brilhando.

Lauren sentiu o leve movimento sob sua mão e não conseguiu conter o sorriso. Era um momento mágico, uma conexão direta com seu filho. Mas logo a realidade a atingiu, e ela recuou um pouco.

— É incrível sentir isso — disse ela, tentando manter a voz neutra. — Matteo parece estar forte.

Camila assentiu, tentando esconder a decepção com a reação contida da de olhos verdes.

— Sim, ele está. E eu estou me cuidando para que continue assim.

Lauren se levantou e foi até a cozinha, buscando uma desculpa para sair daquele momento emocionalmente carregado.

Conforme os meses passavam, Lauren se envolvia cada vez mais nos preparativos para a chegada de Matteo, mas mantinha-se emocionalmente distante de Camila. Ela participava de aulas de preparação para o parto, ajudava a montar o quarto do bebê e acompanhava Camila em todas as consultas médicas. No entanto, qualquer tentativa de Camila de se aproximar emocionalmente era bloqueada por uma parede invisível, mas impenetrável.

Uma noite, enquanto estavam no quarto de Matteo montando uma prateleira, Camila tentou mais uma vez se abrir.

— Lauren, sei que está difícil. Mas você poderia pelo menos tentar falar sobre o que sente? — perguntou ela, a voz cheia de esperança.

Lauren continuou a montar a prateleira, sua expressão fechada.

— Não é tão simples, Camila. Não posso simplesmente apagar tudo o que aconteceu — respondeu ela, sem olhar para a latina.

Camila sentiu uma pontada de dor. Sabia que não seria fácil, mas a resistência de Lauren parecia intransponível.

— Eu só queria que você soubesse que estou aqui, pronta para fazer qualquer coisa para reparar o que aconteceu. Quero que sejamos uma família de verdade.

Lauren finalmente olhou para ela, seus olhos cheios de uma tristeza profunda.

— E eu quero ser uma boa mãe para Matteo. Mas, por enquanto, é tudo o que posso oferecer.

Camila assentiu, segurando as lágrimas. Sabia que forçar a situação não ajudaria, mas a dor de vê-la tão distante era quase insuportável.