Slow Recovery.

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Pov's Autora:


O amanhecer trazia com ele o peso de uma noite intensa. Lauren acordou com os primeiros raios de sol entrando pela janela, seu corpo ainda embalado pelo calor de Camila, que dormia serenamente ao seu lado. Um sorriso suave formou-se nos lábios da mais nova, mas rapidamente foi substituído pela lembrança do que o dia lhe reservava: um plantão longo e incerto no hospital.

Ela se desvencilhou com cuidado, sem querer interromper o sono profundo de Camila, e começou a se preparar para o dia. Seus pensamentos ainda estavam enredados nas lembranças da noite anterior, mas ela sabia que, em poucas horas, sua mente precisaria estar completamente focada em outra coisa: salvar vidas.

O hospital estava mais agitado do que de costume. Emergências inesperadas lotavam as salas de triagem, e o som incessante de sirenes indicava que aquele dia seria longo. Lauren já havia terminado duas pequenas cirurgias quando seu pager vibrou, exigindo sua presença imediata na sala de operações. Um paciente jovem havia sido trazido às pressas, vítima de um acidente grave de moto.

Ao chegar à sala de emergência, a visão que encontrou fez seu coração pesar. O homem, com seus vinte e poucos anos, estava gravemente machucado, com múltiplas fraturas e um traumatismo craniano grave. Sangue cobria parte de seu rosto, e os monitores ao seu redor pareciam um prelúdio de uma luta que ela sabia que seria árdua.

Lauren colocou a máscara cirúrgica e assumiu sua posição na mesa de operação, seu semblante transformando-se de suavidade em pura concentração. Ela guiava a equipe com precisão, suas mãos hábeis tentando reparar o que parecia ser irreparável. Cada movimento era crítico, cada minuto uma corrida contra o tempo. Sabrina, a residente loira com quem dividira tantos momentos nos últimos tempos, estava na sala, prestando apoio na cirurgia, seus olhos frequentemente voltando-se para Lauren com uma mistura de admiração e preocupação.

A tensão na sala era palpável, e o ritmo acelerado dos médicos só fazia crescer a pressão. Horas passaram sem que Lauren se desse conta, até que um sinal na tela dos monitores a fez parar. O coração do paciente estava enfraquecendo rapidamente. Suas mãos tremeram por um segundo, algo incomum para ela, e naquele instante, o silêncio absoluto invadiu a sala.

O apito contínuo do monitor cardíaco anunciou o que todos temiam. Lauren fechou os olhos por um breve momento, sentindo o peso do fracasso desabar sobre seus ombros.

— Hora da morte: 15h47 — disse alguém, mas a voz soou distante, abafada pelos ecos da frustração que reverberavam dentro dela.

Lauren olhou para o rosto pálido do paciente, incapaz de conter o sentimento de impotência que a assombrava. Ela tinha dado tudo de si, mas nem sempre isso era suficiente. Às vezes, a morte ganhava a batalha.

Com o coração pesado, saiu da sala de operações, seus passos lentos ecoando pelos corredores do hospital. A frustração era evidente em seu rosto, a luta interna entre aceitar que havia feito o melhor e a dor de não ter conseguido salvar uma vida. As memórias da noite anterior com Camila pareciam distantes agora, como um sonho do qual havia sido arrancada bruscamente.

Enquanto caminhava, Sabrina a viu e correu até ela, percebendo a tristeza que Lauren carregava. Seus olhos estavam cheios de uma preocupação sincera, mas também de algo mais. Havia uma tensão não dita entre elas, uma conexão mal resolvida.

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