Perdoname

Scars.

Pov's Autora....

O sol mal começava a surgir no horizonte, espalhando uma luz pálida pelo luxuoso apartamento. Matteo dormia tranquilamente no berço ao lado da cama, respirando ritmicamente, enquanto Camila, ainda sonolenta, estendeu a mão pelo espaço vazio na cama.

Sentiu apenas o lençol frio.

Confusa, abriu os olhos devagar, piscando contra a luz fraca que começava a invadir o quarto. Lauren não estava lá. Não era algo incomum que Lauren acordasse cedo, mas o vazio que sentia naquela manhã trazia uma sensação inquietante. Camila se levantou lentamente, tentando não fazer barulho para não acordar Matteo, e saiu do quarto, caminhando pelo apartamento silenciosamente.

Seus pés descalços tocavam o chão frio enquanto ela vagava pela sala e pela cozinha, até ouvir sons surdos de batidas vindos do andar de baixo. Ela franziu o cenho e seguiu os sons, descendo a escada que levava à academia particular de Lauren. O coração de Camila bateu mais forte, uma mistura de curiosidade e apreensão se apoderando dela.

Ao chegar à porta entreaberta da academia, Camila parou abruptamente. Lá dentro, viu Lauren, sem camisa, com luvas de UFC, jogando golpes rápidos e violentos contra o saco de pancadas suspenso. O ritmo era frenético, os punhos acertando o couro do saco com uma força que parecia reverberar por todo o ambiente.

O corpo de Lauren estava diferente, mais magro do que o Camila lembrava, as curvas musculosas substituídas por cicatrizes irregulares que se destacavam contra sua pele. Cicatrizes profundas, memórias visíveis das múltiplas cirurgias, do sofrimento físico e mental que ela havia passado desde o acidente.

Camila ficou paralisada na porta, os olhos arregalados. A visão daquelas cicatrizes a atingiu como uma onda. Cada marca contava uma história de dor que ela conhecia, mas que nunca havia realmente confrontado. Uma culpa esmagadora começou a crescer dentro dela, sufocando-a.

"Isso é por minha causa...", pensou Camila, sentindo o peso da responsabilidade cair sobre seus ombros com força. As lembranças dolorosas da ausência de Lauren, do acidente, do tempo que ela passou em coma, tudo começou a girar em sua mente. Camila sentiu o estômago apertar, as lágrimas ameaçando se formar.

Ela observou Lauren por mais alguns segundos, notando como o suor escorria por sua pele marcada, os músculos se contraindo a cada soco. O som das respirações rápidas de Lauren preenchia o silêncio, e havia uma intensidade no olhar dela, uma raiva silenciosa, uma necessidade de liberação.

Sem conseguir se conter, Camila entrou na sala, com passos hesitantes.

— Lauren... — chamou, com a voz trêmula.

Lauren não respondeu de imediato. Continuou socando o saco de pancadas com força, mas agora com um ritmo mais lento, quase hesitante. Ela sabia que Camila estava ali, sentindo o olhar dela sobre si, mas parecia resistir a essa presença, como se estivesse presa em seu próprio mundo de dor e angústia.

— Lauren, por favor, pare... — Camila pediu com mais urgência, sua voz embargada pela culpa. Ela se aproximou lentamente, seus olhos fixos nas cicatrizes que decoravam o corpo de Lauren. Cada uma delas era uma lembrança viva do que ela tinha causado, do que Lauren havia sofrido.

Lauren finalmente parou, segurando o saco de pancadas para estabilizá-lo, mas não se virou imediatamente. Respirava pesadamente, suas costas subiam e desciam em um ritmo irregular. O silêncio no ambiente era quase ensurdecedor, uma tensão palpável que parecia encher o espaço entre as duas.