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— Você sabia que eu vou morrer? — Catharina fala dentro da banheira enquanto Miranda esfrega a cabeça dela cheia de espuma.

Miranda trava, os remédios que Miranda sabe que a garotinha toma são controlados, — Quem disse isso? — Miranda pondera a maneira de abordar esse assunto.

— Eu ouvi a Natasha falando com a Andy. Ela disse que era para a Andy me deixar no orfanato porque eles iriam ter dinheiro para comprar meus remédios até o dia que morrer. — Ela suspira.

— E Andreah deixou você ouvir isso? — O coração da Miranda estava doendo, entretanto a raiva sobre essa possibilidade dominava seu ser.

— Elas pensaram que eu estava dormindo, a Andy brigou feio com ela, e por minha causa a Natasha nunca mais voltou lá em casa.

— Não foi por sua causa, meu bem. — Miranda enxagua os cabelos castanhos. — Eu tenho certeza que foi pelo comportamento horroroso que ela teve. — Miranda sorrir tentando disfarçar o aperto que sente no coração. — E a Andy fez muito bem em coloca-la para fora. — Miranda ao perceber que chamou Andreah de Andy, sente seu rosto ruborizar.

— A Andy não sabe que eu escutei, mas, eu a ouço chorando muitas às vezes, eu só não quero ter que ir para o orfanato.

— Eu tenho certeza que a Andreah não mandaria você para lá. — Miranda entrega a toalha para a garota. — Sua roupa está na cama, agora é minha vez de tomar banho. — Miranda tenta passar tranquilidade para aquela garota de apenas oito anos que ela afeiçoou-se em tão poucas horas.

Assim que Catharina sai do banheiro, deixando a editora sozinha, marejaram-se lhe os olhos de pranto e, inflexão de tristeza ela pensava na vida da Andreah, o que ela tem vivido e suportado, o que tem sofrido e o que vai sofrer. Ali, banhando-se em lágrimas, de olhar parado, escutava adentro de si própria, acentuou que não detinha qualquer motivo para malquerer Andreah. Então lembranças de sua severidade desenhava sua mente, fazendo-a sentir-se culpada. A ventania da angustia sobre o ânimo atribulado perdurou longos minutos em puro martírio mental. Refeita e a recompor o semblante que o sofrimento transfigurara, a editora por fim deu inicio ao seu banho.

— O que podemos fazer?

Miranda é abordada pela voz doce e infantil da garota que parecia cansada de esperar pela mulher.

— Eu tenho trabalho para fazer. — Miranda caminha para o closet.

— Eu também tenho, era para eu ter feito ontem, mas a Andy deixou para hoje para me ajudar.

— Que tipo de trabalho você teria para fazer? — Miranda questiona arqueando uma das sobrancelhas.

— O da escola é claro.

A editora escuta de dentro do closet e sorrir balançando a cabeça em negação. Ao sair elegantemente com roupas confortáveis, a editora instrui a garota sobre o que ela pode fazer enquanto ela revisa o livro, para logo depois voltar a dar atenção à garota. A mulher prometera fazer o tempo da garota passar da melhor maneira depois que ela terminasse o livro.

E assim aconteceu, vez ou outra a garotinha perguntava se Andreah demoraria muito para chegar, e vez ou outra fazia Miranda encher seus olhos de lágrimas com falas sobre o que passa, ou com perguntas relacionadas ao que ela fazia para se divertir com suas filhas. Mas, em um balanço geral, para as duas o dia tinha sido bom. Miranda gostou da casa mais barulhenta, mesmo com a tristeza dentro de si, ela se sentiu viva sem precisar sentir a emoção de roubar.

— Eu vou levar você para a cama, você já está pescando. — A editora fala se levantando do sofá.

— Eu quero esperar a Andy.

— Ela vai chegar lá pelas onze horas, você já vai está dormindo.

— Mas você me acorda para eu me despedir de você? — Os olhos vermelhos de sono estão em expectativas.

— Acordo! — Miranda balança a cabeça em negação e sorrir arrastando Catharina para cima.

Ela entra com a garota em seu quarto, ela faz menção em apagar a luz, mas a menina pede para ela deixar acessa porque ela tem medo do escuro. Miranda sente a dor da recordação das suas filhas sempre pedindo a mesma coisa.

— Eu deixo o abajur acesso. — Miranda fala calmamente desligando o interruptor da luz central.

— Deita comigo. — A menina chama.

Miranda aproxima da cama, ela ajuda a menina a se cobrir, ela deita de lado e delicadamente o corpo infantil aproxima do seu. Miranda fecha os olhos sorrindo.

— Você tem cheiro de mãe. — A voz sonolenta confidencia se aconchegando melhor nos braços da editora. — Eu sinto falta do cheiro de mãe, a Andy tem cheiro de irmã, o que é bom também.

As lágrimas brotam nos olhos azuis, mas, Miranda tenta controlar e com a voz embargada deseja boa noite para a garota que logo pega no sono. Calmante Miranda sai do quarto. Ela solta a respiração na ponta da escada. E ainda ali, ela se abaixa sentando-se. Exibia telas mentais complexas em pensamentos desencontrados.

"O eu estou fazendo com a minha vida?" Perpetua na mente da editora que segue em crise existencial.

Depois de um longo tempo, ela desce as escadas, ela não pode negar que está nervosa com a chegada da Andreah. O que ela vai dizer? Como ela vai se explicar? Não dar mais para esconder e negar seus atos para a garota. Ela tem vergonha. Uma dose de uísque é o que parece que seu corpo precisa. Então ela oferta para si duas dose da bebida da cor de carvalho.

A degustação do liquido amadeirado acentuando a baunilha, ela ouve a campainha tocar. Ela sabe que é Andreah. Ela respira fundo e elegantemente caminha até a porta, abrindo-a.

Andreah fita a editora com uma postura e olhar dolorida de um cão abatido. Ela está em uma calça jeans e suéter azul, o mesmo suéter que já foi motivo para Miranda humilha-la muitas vezes.

— Eu vim buscar a minha irmã. — A voz submissa justifica-se com medo.

— Entre. — Miranda dar passagem para a garota que timidamente e com ombros baixos entra.

Miranda a olha agora não mais com o olhar de alguém que julga a falta de código de vestimenta. Ela navega seus olhos pelas roupas que provavelmente tem muita historia para está ali. Ela deglute. O olhar castanhos amendoados, estranhamente não são olhos acusadores e tampouco julgadores, o que é conflituoso para Miranda entender.

— Por que você fez aquilo? — A pergunta que perpetuou o dia todo na mente da editora sai por sua boca.

— Aconteceu ontem, e hoje já está esquecido — O sorriso melódico denuncia a timidez da assistente. — Se fosse com você, seria diferente. — A garota coloca as mãos no bolso.

— Não desvie suas respostas.

— Bem, eu acho que você já tem motivos suficientes para sofrer, e só fiz, não saberei de te dar outra resposta.

— Eu não tenho sido gentil com você, peço desculpas. — As palavras eram formais, a editora estava se esforçando para se desculpar, pois, não estava acostumada a isso.

O olhar confuso da garota faz Miranda perceber o quão expressiva a garota é, os lábios carnudos, sem batom, ainda parecem bonitos ao ver da editora. É a segunda vez que aqueles lábios chamam a atenção dos olhos azuis.

— Você precisa de ajuda, Miranda. — A garota encontra coragem para realmente entrar no assunto. — Ontem estava ao seu lado, mas, nem sempre eu estou perto de você.

— Vamos ao escritório. — Miranda desvia o olhar e aponta o caminho para Andreah.


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