Narrador on
— Testemunha de defesa, Alvo Percival Wulfric Brian Dumbledore — disse uma voz baixa atrás de Harry e ele virou a cabeça tão rápido que estalou o pescoço.
Ao ver Dumbledore, uma intensa emoção despertou no peito de Harry, um sentimento de fortalecida esperança muito semelhante à que o canto da fênix lhe propiciara. Ele queria chamar a atenção de Dumbledore, mas o diretor não estava olhando para o seu lado; continuava com os olhos erguidos para o obviamente constrangido Fudge.
— Ah — exclamou Fudge, que parecia completamente desconcertado. — Dumbledore. Então, você... hum... recebeu a nossa... mensagem que a hora e... local da audiência foram mudados?
— Não chegou a tempo — respondeu Dumbledore animado. — Porém, graças a um feliz engano cheguei ao Ministério três horas mais cedo, por isso não houve prejuízo.
Fudge permaneceu em silêncio; de fato, esperava que tanto Dumbledore como Potter perdessem a audiência, mas parecia ter subestimado os dois.
— Ah... bem... suponho que iremos precisar de mais uma cadeira... eu... Weasley, será que você poderia...?
— Não se preocupe, não se preocupe — disse Dumbledore gentilmente; puxou então a varinha, fez um breve aceno, e uma confortável poltrona de chintz apareceu ao lado de Harry.
Dumbledore se sentou, juntou as pontas dos longos dedos e ficou olhando Fudge por cima deles com uma expressão de educado interesse. Os bruxos da corte continuaram a murmurar e a se inquietar; somente quando Fudge retomou a palavra é que eles se aquietaram.
— Sim — repetiu Fudge, folheando suas anotações. — Bom, então. Portanto. As acusações. Sim.
Ele retirou um pergaminho da pilha à sua frente, inspirou longamente e leu:
— As acusações são as seguintes: "Que ele intencionalmente, deliberadamente e com plena consciência da ilegalidade dos seus atos, já tendo recebido anteriormente um aviso do Ministério da Magia, por escrito, por uma acusação semelhante, executou o Feitiço do Patrono em uma área habitada por trouxas, na presença de um trouxa, no dia dois de agosto às nove horas e vinte e três minutos, o que constitui uma violação ao parágrafo C do Decreto de Restrição à Prática de Magia por Menores, de 1875, e também à Seção 13 do Estatuto de Sigilo da Confederação Internacional dos Bruxos." O senhor é Harry Tiago Potter, da Rua dos Alfeneiros, número quatro, Little Whinging, Surrey? — perguntou Fudge, lançando a Harry um olhar penetrante por cima do pergaminho.
— Sim, senhor — respondeu Harry.
— O senhor recebeu um aviso oficial do Ministério por ter feito uso ilegal de magia há três anos, não foi?
— Sim, senhor, mas...
— E ainda assim conjurou um Patrono na noite do dia dois de agosto? — perguntou Fudge.
— Sim, senhor, mas...
— Sabendo que não tem permissão para usar magia fora da escola enquanto for menor de dezessete anos de idade?
— Sim, senhor, mas...
— Sabendo que se encontrava em uma área povoada por trouxas?
— Sim, senhor, mas...
— Inteiramente consciente de que estava muito próximo de um trouxa naquele momento?
— Sim, senhor — disse Harry zangado — mas só usei magia porque estávamos...
A bruxa de monóculo interrompeu-o com uma voz trovejante:
— Você produziu um Patrono inteiramente desenvolvido?
— Sim, senhora, porque...
— Um Patrono corpóreo?
— Um... o quê? — perguntou Harry.
— Sim, senhora — disse Harry, sentindo-se ao mesmo tempo impaciente e levemente desesperado. — É um veado, sempre foi um veado.
— Sempre? — trovejou Madame Bones. — Você já havia produzido um Patrono antes?
— Sim, senhora. Venho fazendo isso há um ano.
— E o senhor tem quinze anos de idade?
— Sim, senhora, e...
— O senhor aprendeu isso na escola?
— Sim, senhora, o Prof. Lupin me ensinou a produzir um Patrono no terceiro ano, por causa do...
— Impressionante — disse Madame Bones, olhando-o com altivez — um Patrono verdadeiro na sua idade... realmente impressionante.
— O seu Patrono tinha uma forma claramente definida? Quero dizer, era mais do que vapor ou fumaça?
Alguns bruxos e bruxas ao redor dela recomeçaram a murmurar; alguns faziam sinais de concordância, outros franziam a testa e sacudiam a cabeça.
— A questão não é até que ponto a mágica é impressionante — lembrou Fudge num tom rabugento. — De fato, quanto mais impressionante for, pior é, penso eu, uma vez que o rapaz realizou o Patrono bem à vista de um trouxa!
Os que tinham franzido a testa havia pouco agora murmuravam sua concordância, mas foi a visão do virtuoso e discreto aceno de cabeça de Percy que compeliu Harry a falar.
— Fiz isso por causa dos dementadores! — disse em voz alta, antes que alguém pudesse interrompê-lo.
Harry esperava que houvesse mais murmúrios, mas o silêncio que sobreveio pareceu-lhe de alguma forma mais denso que antes.
— Dementadores? — exclamou Madame Bones passado um momento, suas espessas sobrancelhas se erguendo até o monóculo parecer que ia cair. — Que quer dizer com isso, garoto?
— Quero dizer que havia dois dementadores na travessa, e que eles atacaram a mim e ao meu primo!
— Ah — disse Fudge mais uma vez, olhando os membros da corte a toda volta com um sorriso antipático, como se os convidasse a compartir com ele o gracejo. — Sim. Sei. Pensei ter ouvido alguma coisa assim.
— Dementadores em Little Whinging? — exclamou Madame Bones extremamente surpresa. — Não estou entendendo...
— Não está, Amélia? — respondeu Fudge, ainda sorrindo. — Deixe-me explicar. O garoto andou pensando e decidiu que dementadores dariam realmente uma bela reportagem de capa. Trouxas não podem ver dementadores, não é mesmo garoto? Muito conveniente, muito conveniente... então é apenas a sua palavra e nenhuma testemunha...
— Eu não estou mentindo — disse Harry em voz alta, abafando mais um surto de murmúrios entre os membros da corte. — Havia dois, vindos de lados opostos da travessa, tudo ficou escuro e frio, e meu primo sentiu a presença deles e procurou fugir...
— Basta, basta! — disse Fudge, com uma expressão de grande superioridade no rosto. — Lamento interromper o que certamente seria uma história muito bem ensaiada...
Dumbledore pigarreou. Os membros da corte tornaram a fazer silêncio.
— Na realidade, temos uma testemunha da presença dos dementadores naquela travessa, além de Duda Dursley, quero dizer.
A cara gorda de Fudge pareceu murchar, como se alguém a tivesse esvaziado. Ele encarou Dumbledore por alguns momentos, dando a impressão de alguém que procura se controlar, e disse:
— Receio que não tenhamos tempo para ouvir mais lorotas, Dumbledore. Quero cuidar desse caso sem delongas.
— Posso estar errado — disse Dumbledore agradavelmente — mas tenho certeza de que, pela Carta de Direitos da Suprema Corte dos Bruxos, o acusado tem direito a apresentar testemunhas para a defesa do seu caso, não? Não é essa a diretriz do Departamento de Execução das Leis da Magia, Madame Bones? — continuou ele, dirigindo-se à bruxa de monóculo.
— É verdade. Inteiramente verdade.
— Ah, muito bem, muito bem — retrucou Fudge. — Onde está essa pessoa?
Perguntou impaciente
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- Veneno - Harry Potter
FanfictionSn Black, uma jovem brilhante da Sonserina, cuja mãe faleceu durante seu nascimento. Criada por seu pai, um renomado bruxo de linhagem antiga, Sn cresce em meio ao luxo e à influência da alta sociedade bruxa. No entanto, seu destino toma um rumo ine...