{25} A audiência prt.2

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Narrador on 

— Trouxe-a comigo — disse Dumbledore. — Está ali fora à porta. Devo...?

— Não... Weasley, vá você — disse Fudge com rispidez a Percy que se levantou imediatamente, desceu correndo os degraus de pedra da bancada dos juízes e passou na mesma velocidade por Dumbledore e Harry sem olhar para eles.

Um momento depois, voltou acompanhado pela Sra. Figg. Ela parecia apavorada e mais caduca que nunca. Harry desejou que a velhota tivesse se lembrado de trocar as pantufas.

Metade do Salão riu, mas Harry e os amigos continuaram olhando curiosos para Al e Rose.

Dumbledore se levantou e cedeu sua poltrona à recém-chegada, conjurando outra para si mesmo.Um momento depois, voltou acompanhado pela Sra. Figg. Ela parecia apavorada e mais caduca que nunca. Harry desejou que a velhota tivesse se lembrado de trocar as pantufas.

— Nome completo? — perguntou Fudge em voz alta, depois que a Sra. Figg se encarrapitou, nervosa, na borda da poltrona.

— Arabella Dora Figg — respondeu a bruxa, com a voz trêmula.

— E quem é a senhora exatamente? — perguntou Fudge, com uma voz arrogante e cheia de tédio.

— Sou residente em Little Whinging, próximo à casa onde mora Harry Potter.

— Não temos registro de nenhuma bruxa ou bruxo residindo em Little Whinging, a não ser Harry Potter — disse Madame Bones imediatamente. — A situação ali sempre foi acompanhada com muita atenção, em vista dos... em vista dos acontecimentos passados.

- Acontecimentos que parecem ter se esquecido de repente! – rosnou Sirius.

- Obrigado, Sirius – disse Dumbledore. – Continue, por favor. – pediu a Zacharias Smith.

— Sou uma bruxa abortada — disse a Sra. Figg. — Neste caso, a senhora não teria um registro meu, teria?

— Uma bruxa abortada, é? — comentou Fudge, olhando-a, desconfiado. — Verificaremos isso. Deixe as informações sobre seus pais com o meu assistente Weasley. Nesse meio tempo, bruxos abortados são capazes de ver dementadores? — perguntou, olhando para os bruxos sentados de um lado e outro do banco.— Claro que podemos! — disse a Sra. Figg indignada.

Fudge tornou a olhar a bruxa, com as sobrancelhas erguidas.

— Muito bem — disse com superioridade. — Qual é a sua história?

— Eu tinha saído para comprar comida para gatos na loja da esquina, no fim da Alameda das Glicínias, por volta das nove horas, na noite de dois de agosto — tagarelou a Sra. Figg sem pestanejar, como se tivesse decorado o que estava dizendo — então ouvi uma perturbação na travessa entre o largo das Magnólias e a Alameda das Glicínias. Quando me aproximei da entrada da travessa, vi dementadores correndo...

— Correndo? — perguntou Madame Bones rispidamente. — Dementadores não correm, deslizam.

- Aposto que essa mulher nem pode ver dementadores – desdenhou Umbridge, mas ninguém lhe deu atenção.

— Foi isso que quis dizer — corrigiu a Sra. Figg rapidamente, manchas rosadas surgindo em suas bochechas murchas. — Deslizando pela travessa em direção ao que me pareceram dois garotos.

— Que aparência tinham? — perguntou Madame Bones, apertando os olhos de modo que o contorno do monóculo desapareceu sob sua carne.

— Bem, um era bem grande e o outro um tanto magricela.

— Não, não — disse Madame Bones impaciente. — Os dementadores. Descreva-os.

— Ah — disse a Sra. Figg, o rubor subindo-lhe agora pelo pescoço. — Eram grandes. Grandes e usavam capas.

Harry sentiu um afundamento horrível no estômago. O que quer que a Sra. Figg pudesse dizer, passava a ele a impressão de que o máximo que ela vira fora um desenho de um dementador, e um desenho não era suficiente para transmitir a verdade sobre esses seres: o modo fantasmagórico com que se deslocavam, flutuando alguns centímetros acima do chão; ou o cheiro de podridão que exalavam; ou aquele horrível som de matraca que faziam quando sugavam o ar à sua volta...

— Que foi que os dementadores fizeram? — perguntou Madame Bones, e Harry sentiu uma infusão de esperança.

— Eles avançaram sobre os garotos — disse a Sra. Figg, a voz mais forte e confiante agora, o rubor se esvaindo do rosto. — Um deles caíra. O outro estava recuando, tentando repelir o dementador. Era Harry. Por duas vezes, ele tentou, mas só produziu um vaporzinho prateado. Na terceira tentativa, produziu um Patrono, que investiu contra o primeiro dementador e depois, encorajado por ele, afugentou o segundo de cima do primo. E isso... isso foi o que aconteceu — encerrou a Sra. Figg, de forma pouco conclusiva.

Harry queria olhar para os juízes lá no alto, mas descobriu que era, realmente, muito, mas muito mais fácil continuar a estudar os cordões dos seus sapatos.
— Os que são a favor de inocentar o acusado de todas as imputações? — soou a voz trovejante de Madame Bones.

Harry ergueu a cabeça com um movimento rápido. Havia mãos erguidas, muitas... mais da metade! Respirando muito rápido, ele tentou contar, mas antes que conseguisse terminar, Madame Bones já dizia:

— E os que são a favor da condenação?

Fudge ergueu a mão; o mesmo fizeram meia dúzia de bruxos, inclusive o bruxo bigodudo, a bruxa à sua direita e a outra de cabelos muito crespos na segunda fila.
Fudge correu os olhos pela corte, com cara de que tinha alguma coisa entalada na garganta, então baixou a mão. Inspirou duas vezes profundamente e disse, com a voz distorcida pela raiva reprimida:

— Muito bem, muito bem... inocente de todas as imputações.

Harry estava aliviado 

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