𝐒𝐔𝐒𝐏𝐄𝐈𝐓𝐎𝐒

Capítulo Um

— Nᴇssᴜɴᴏ Sᴀ Lᴀ Vᴇʀɪᴛᴀ̀ —
Chapter One

— Estamos diante do Navio Donato, propriedade do bilionário russo Heitor Rurik. — Começou a repórter. — De acordo com informações do departamento de homicídios de Miami, eles receberam um chamado por volta da uma e quarenta da manhã, relatando um possível homicídio. O delegado informou que a vítima é Humberto Iglesias, recentemente eleito a governador da Flórida. — Reportou. — Algumas testemunhas relataram que a festa estava animada e divertida até aquele momento, sem qualquer indício de atividade suspeita. O evento era em homenagem à extensa carreira de trinta anos do herdeiro de Antonella Donato. — Fez uma breve pausa. — Humberto Iglesias se tornou governador há poucos meses. Ele deixou para trás duas filhas com a ex-esposa, Verona Pestana, com quem foi casado por mais de uma década. Verona é herdeira do vinhedo StanWine, que agora é administrado pelas suas filhas, Lívia e Verônica Iglesias. — Detalhou. — O corpo de Humberto está no IML, os agentes aguardam a conclusão da autópsia, mas tudo indica que tenha sido assassinado com golpes de arma branca. — Falou de forma séria. — Humberto tinha 49 anos e, além da carreira política, era proprietário de uma empresa renomada de bebidas alcoólicas, a tão conhecida IG Beverages Bitter. — Continuou. — Até o momento, a polícia não tem nenhum principal suspeito. — Deslocou-se para o lado, tocando o ponto em sua orelha. — Acabamos de ser informados de que, nesta manhã, o caso foi transferido para o Departamento Federal de Investigação. — Acrescentou. — O FBI. — Informou Fisher, do Channel Six.

A cena diante do amplo navio de luxo era terrivelmente turbulenta, com repórteres aglomerados em tumulto. Rapidamente, a notícia da trágica morte do governador da Flórida se espalhou. O clima de choque e incredulidade envolvia tanto os convidados a bordo quanto os espectadores do lado de fora, enquanto as autoridades tentavam manter a ordem diante da curiosidade das pessoas sobre o terrível acontecimento. O porto, que há pouco havia sido palco da chegada triunfante do navio, agora se transformara em um cenário agitado e carregado.

Naquela noite, muitas pessoas interromperam brevemente suas rotinas monótonas para se concentrarem na trágica notícia que as impactou.

O murmúrio constante de conversas e os flashes intermitentes das câmeras contribuíam para o clima pesado que pairava sobre o local. As pessoas se mantinham agitadas, sem vestígio de remorso, ansiosas apenas para saciar a curiosidade que crescia a cada momento, sem dar importância à seriedade do acontecimento. Na verdade, aquelas pessoas não demonstravam se importar com o que havia acontecido, estavam apenas em busca de um possível novo tópico para animar os diálogos noturnos.

...

Após desbloquear a caixa de metal, o rosto da mulher, vestindo um terno escuro, se mostrou. Seu olhar permanecia distante e perdido. Levou alguns segundos até que ela percebesse que havia chegado ao andar desejado. Caminhou pelo corredor até chegar à porta com o nome "Dra. Vives - Advogada" gravado em uma placa de bronze. Com um breve suspiro, S/n bateu à porta e entrou quando ouviu a voz da advogada convidando-a.

A sala era uma extensão do profissionalismo da Dra. Vives, com estantes repletas de processos, uma grande mesa de madeira polida e uma série de documentos meticulosamente organizados. A advogada olhou para ela com atenção, pronta para discutir os detalhes do caso que estava prestes a assumir.

— Imaginei que sua irmã viesse junto. — Comentou, após levantar-se para cumprimentá-la. — Bom dia. — Desejou, logo após ambas se acomodarem nas cadeiras acolchoadas.

— Bom dia. — Respondeu. — Eu não sou mais criança, Lucy. — Ela suspirou. — Eu consigo resolver os meus problemas, apesar desse ser um tópico novo na minha vida. — A advogada concordou. — Espero que não seja tão complicado, mas é sempre bom estar preparada para o que possa surgir. — Começou. — Não quero que meu nome seja arrastado ou que fique em uma situação pior do que já está. Eu não tenho nada a ver com isso, Lucy, mas prefiro ter algo que me assegure.