five; tournesols

87 18 4
                                    

AMELIE CARTIER POV'S

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

AMELIE CARTIER POV'S

girassóis  ~

OLHAVA PARA AQUELE QUADRO QUASE completo enquanto pensava o que aquela pintura retratava.

Eu estava triste naquele dia em que comecei a pintar ele, estava pensativa sobre tudo o que vem acontecendo na minha casa e meus problemas com meu irmão.

Eu queria tentar reproduzir a pintura de Van Gogh, os girassóis, mas por algum motivo, eu comecei a passar todas as emoções que eu estava sentindo para aquela pintura.

E quando percebi, os girassóis não estavam tão parecidos com os de Van Gogh, e sim parecido com tudo o que eu sentia e tudo o que eu queria expressar, mesmo sem saber como.

Talvez a música que tocava em meu fone não tivesse ajudado muito na hora que eu estava pintando. Mas no final, eu ainda não sabia o que aquela pintura significava.

— Olha só, Amelie! — O professor chegou ao meu lado e colocou a mão em meu ombro enquanto observava a pintura na minha frente. — Estava tentando reproduzir Van Gogh de novo, garotinha?

— Não sei ao certo professor, talvez sim. Ou talvez eu só deixei as emoções comandarem minha mão quando eu pintei. — Olhei para a pintura mais uma vez.

— Está magnífico, Amelie. Cada dia melhor no seu traço. — Sorri em agradecimento para ele e logo ele saiu do meu lado indo para o centro da sala. — A aula está encerrada por hoje pessoal. Espero vocês aqui na próxima aula.

Todos começaram a guardar suas coisas e eu apenas fiquei lá ainda encarando a pintura no cavalete, pensando se eu deveria terminar aquela pintura ou apenas joga-la fora e começar outra pintura.

— Amelie, vai ficar e terminar sua pintura? -- O professor perguntou e eu demorei alguns segundos antes de colocar a mochila no chão e acenar com a cabeça. — Tenha um bom dia.

Então me vi sozinha naquela sala novamente enquanto ainda encarava aqueles girassóis na tela quase toda pintada de amarela, a não ser pelo fundo pintado de azul. Talvez eu devesse desistir dela, mas quando eu olhava mais afundo aquela pintura, eu via tudo o que eu não consigo falar com palavras.

Peguei o meu avental e o vesti, prendi meu cabelo em um longo rabo de cavalo e coloquei meu fone conectado na minha playlist de pintura, logo depois pegando minhas tintas e pincéis, me perguntando por onde eu deveria retornar.

Quando a musica de Coldplay começou a tocar em meu fone, meu pincel tocou no quadro e logo me vi perdidamente concentrada no que eu estava fazendo, como se soubesse exatamente o que eu estava fazendo, sendo que no fundo eu não sabia. Apenas me deixei ser guiada por minhas emoções novamente.

Yellow apenas me prendeu pelos meus fones, parecendo a musica perfeita para este momento, enquanto tudo a minha volta parecia sumir e ficar calmo até demais. Eu estava sozinha naquela sala, então era apenas eu, Coldplay e meus pincéis e tintas.

O azul dominou boa parte do quadro e destacou ainda mais o amarelo dos girassóis e do vazo, deixando a tela ainda mais triste e melancólica.

Van Gogh amava girassóis porque para ele a cor amarela significava felicidade e alegria, então por que os meus parecem tão tristes?

No final, a resposta que eu tinha era que os meus girassóis só estavam tristes, por quê eu estou triste. Triste por tudo o que estava acontecendo com meu irmão, comigo.

E quando a artista fica triste, a obra também fica.

[...]

O saco com ração de cachorro estava em uma das minhas mãos e na minha outra mão havia uma pequena garrafa de água, o suficiente para encher a vasilha.

— Moon? — Chamei com a voz mansa enquanto me aproximava da caixa de papelão que eu havia colocado ali para ele. Logo uma pequena bolinha de pelo saiu da caixa, olhando para mim e logo depois correu em minha direção. — Oi meu amor!

O pequeno cachollo da raça pastor australiano correu até meu colo e começou a me lamber e logo eu a envolvi em meus braços, recebendo seus beijos e lambidas.

— Está com fome, Moonie? — Me levantei com o cachorro na mão e me abaixei para pegar a vasilha que ainda tinha alguns grãos de ração. — Não comeu tudo desta vez? O que aconteceu?

Como resposta o pequeno me deu uma lambida na bochecha e logo depois encostou a cabeça em meu peito, fazendo um carinho com a pata entre meus seios.

— Está doente? — Me agachei em frente a caixa e desamarrei o saco, colocando a bola de pelos no chão para que eu pudesse colocar sua comida melhor em sua vasilha. — Queria poder te dar um lugar melhor para ficar, ao invés de uma caixa de papelão no fundo da escola.

O pequeno latiu como se estivesse respondendo a tudo o que eu falava. Olhei para ele e dei um pequeno sorriso depois de colocar sua ração no vaso e amarrar o saco, me sentei ao seu lado.

— Não posso te levar para casa, Moonie. Não por agora, pelo menos. — O pequeno subiu em meu colo e deitou a cabeça em minha coxa, pedindo carinho, o que eu logo aceitei e coloquei minha mão eu sua cabeça. — Meu irmão não ia gostar de ter mais um lá em casa para alimentar.

— Amelie! — Virei minha cabeça em direção à entrada do beco e logo pude ver Saphira e Miles correndo em minha direção. — Lie!

— Meu Deus, o que ouve pra estarem desse jeito? — O cachorro que estava em meu colo, correu em direção aos dois, sendo carregada pelo Miles imediatamente.

— Vai ter uma festa na praia esta noite! O Mathis vai bancar tudo. O que acha? — Saphira falou rápido e euforia, como se estivesse mais do que animada em ir para aquela festa.

— Eu não posso, tenho um monte de atividades para fazer mais tarde. — Para falar a verdade, meu irmão nunca deixaria eu sair para uma festa lotada de adolescentes em uma praia durante a noite. — Inclusive, quem faz festa em plena terça feira?

— Você nunca pode nada, Amelie! — Miles foi o primeiro a se pôr contra as minhas reclamações, enquanto fazia carinho no pequeno cachorro. — Só desta vez, por favor.

— Eu não posso, Miles, já disse. — Peguei o pequeno de seu colo e o coloquei no chão, logo depois peguei minha mochila e comecei a sair do beco.

— A festa começa às sete, podemos te levar em casa até as nove, o que acha? — Saphira pegou meu braço e entrelaçou com o dela, tão animada quando Miles para essa festa. — Por favor..

Eu sabia que meu irmão nunca deixaria eu ir para esta festa, e mesmo que ele deixasse, ele iria ficaria reclamando e fazendo escândalo por eu ter ido para esta festa.

— O meu irmão não gosta disso, vocês sabem. — Eles acham que meu irmão é protetor, mesmo ele sendo, mas não do jeito que ele é de verdade.

— Nós podemos falar com ele, tenho certeza que ele vai deixar. — Miles falou como se ele conhecesse meu irmão, sendo que eles nunca nem chegaram a conversar pessoalmente com ele.

— Vocês não conhecem ele.

DESCOBRINDO O AMOR {Livro #2}Onde histórias criam vida. Descubra agora