Nossa História - Souya Kawata (Angry)

Apresentando o namorado

Capítulo 10

Meu despertador dispara em um som ensurdecedor, mas diferente da maioria das vezes, eu o desligo na maior paz de espírito, sem aquela vontade matinal de tacá-lo na parede.

Ultimamente tenho acordado de bom humor e isso é desde que um certo garoto entrou na minha vida, principalmente agora que ele está morando definitivamente conosco. Saber que vou ver seu rosto assim que acordo, me deixa totalmente em paz e feliz.

Pensando nisso, me veio um assunto na mente que eu tenho lutado pra não pensar a respeito, mas não posso negar: Angry está me mudando pouco a pouco.
Ele tem um controle tão grande sobre mim, sobre meus sentimentos, que as vezes até me sinto insegura. Sempre acreditei que uma pessoa não deve ser responsável pela felicidade de outra, é um peso muito grande para se carregar. É uma pressão enorme para ele e uma fraqueza crítica para mim.

Eu me sinto totalmente feliz com Angry, mas as vezes me sinto ansiosa. Sinto como se eu estivesse o amando muito intensamente sendo que nos conhecemos apenas a um mês e alguns dias. Tenho medo de estar muito entregue, de estar me entregando muito rápido e ainda pôr um peso muito grande em cima de Angry por eu estar sendo tão intensa.

Eu sempre tive problemas com intensidade, não só envolvendo o amor, mas com tudo na minha vida. Ou eu sou de mais ou eu sou de menos, nunca é um meio termo e, agora que estou amando pela primeira vez, tenho medo que isso se volte contra mim. O primeiro mal entendido entre mim e Angry foi justamente culpa dessa pressa que me consome. O assustei querendo ter tudo dele logo quando acabamos de nos conhecer, ele me repreendeu e decididamente me impediu de avançar, mas a consequência de sua coragem foi a conclusão de que eu não o queria mais. Dizem que os opostos se atraem, mas isso não é necessariamente bom. Eu e Angry somos muito opostos, enquanto eu sou intensa, ele é inseguro. Se não tivéssemos conversado logo após esse mal entendido, não sei o que teria sido de nós dois. Pelo visto, o diálogo será super importante no nosso relacionamento para evitar que a discrepância entre nossas personalidades cause desentendimentos desnecessários.

— Aaaah... — suspiro cansada de pensar demais — Não começa com melancolia logo pela manhã Canária. — repreendo a mim mesma

Me desenrolo da coberta e me levanto da cama, indo pro banheiro tomar banho. Só assim pra eu acordar de vez e espantar esses pensamentos corrosivos.

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— Bom dia, pessoal! — comprimento assim que chego na cozinha, me sentando entre Mikey e Draken.

— Bom dia! — todos respondem uníssono

Eu olho pra Angry que está sentado do outro lado da mesa, ao lado de seu irmão, e sorrio discretamente pra ele, que retribui e diz um "oi" mudo.

Os garotos começam a conversar como fazem em todas as refeições e eu me mantenho em silêncio, saboreando meu café da manhã.

Amo morar com todos eles, mas as vezes sinto falta de interações femininas, nunca mais tive uma conversa cara a cara com uma das minhas amigas, somente por celular. Que saudades da Hina e da Emma.

Solto um suspiro melancólico e isso chama atenção de Draken e Mikey que estão ao meu lado.

— O que houve, Cana? — Mikey pergunta, chamando a atenção de todos da mesa, que nos olham curiosos.

— Não é nada, só estou sentindo falta das meninas, nunca mais as vi.

— Não as viu porque não quis, poderia muito bem ter ido visita-las. — Draken sugere

— Como se eu tivesse tempo pra isso. — reviro os olhos — Acha que é fácil ser a secretária da gangue? Quando não estou com a cara enfiada no computador, eu estou descansando, afinal não sou de ferro.