"Viver é se arrepender, mas não viver de arrependimentos", disse-me uma vez, um palhaço, a qual me perguntou se eu queria sorrir? Mas a ironia, é que ele estava, derretido, em lágrimas.
Você sente esse vazio? Que aperta o peito? E acelera o coração? O que pode ser isso se não a mais pura chateação? Com o tempo, presente, passado e futuro? Chateado por coisas que disse, coisas que deixei de dizer, e pelo silêncio oportuno que me deram a oportunidade de ter, mas não calei-me, e falei, falei, falei... até que todos foram embora. Ao perguntar o do porque da breve despedida, diziam: "Nada, coisas da vida..."Então balbuciando, disse: "Perdão..."
Perdão uma palavra pesada, que enche a boca, muito usada, porém na maioria das vezes com pouco valor. Peço desculpas sem saber do porque, será que te machuquei ou machuquei a mim, esse ser de pura ignorância que quando acorda já que te ver, te amar, te abraçar, mas quando tem a oportunidade, pede a cada minuto: perdão.
Perdão pelo que? As lágrimas já escorridas , os sorrisos abobados, um beijo sem amor, um tempo que não para? Pra que suplicar tanto do perdão, se nem você sabe se perdoar. Um copo que quebra ao cair no chão, uma valsa emterrompida, um grito estridente na esquina. Uma marcha de soldados que tremem sua liberdade. O sangue, rubro, que serpenteia no chão. A amada em uma cadeira de praça vazia. Pensamentos ansiosos que tiram o fôlego. O que você fez? Pra termina esse ato, pedindo perdão?
Quando se assustar, lembra da contradição da vida, um enigma, uma efemeridade longínqua. Para não sair por aí gastando perdões. Pois de erros nos fazemos e ao tropeçar, caia sem medo, e à cambalhota, leve aos risos a multidão. E assim não ficará mais chateado, buscando rumo no escuro, e percas na claridade. Porque onde passo todos falam da economia, da escassez do dinheiro. E quanto a inflação do perdão? E a desvalorização dos sentimentos? De quem? Meu, seu, dela, dele, nosso. Guardando lágrimas pra economizar tristezas e sorrisos para economizar diversão. E você aí, pedindo perdão.Apostando, nos valores do esquecimento do proximo. Erros que se acomodam com o tempo. É que um dia tudo vai voltar a ser sereno como naquele por do sol de janeiro. Mas pedro, o que você sente? Com tudo isso, com seu sofrimento e sua frustração, de saber que o mundo não te escuta mais, pois a moda dos tempos modernos, é pedir perdão.
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A vaca de porcelana
KurzgeschichtenUma cabeça decepada cai aos pés de uma garota e diz: Atrabílis. Uma vaca contrai câncer de tanto ruminar seus sentimentos. Uma boneca que aprendeu a brincar... E muito outros. A vaca de porcelana é uma coletânea de textos surreais, prosas e contos s...