"Quando crescer pequeno passarinho, quero ser que nem você, livre" disse a pequena Carmem a seu pardal certa vez.Carmem agora era mulher a qual percebeu que a liberdade não era tão boa assim, suas escolhas viam sempre acompanhadas de consequências, e na medida que iam aparecendo já era passado, e simplesmente as ignorava. Carmem sentia uma inconsciente raiva pela ideia de liberdade, não era menos que em sua casa possuía 6 aves engaiolados, dizia que ia protegê-las das consequências de seus atos, uma mentira boba, mas que um dia elas iam agradecer pela sua companhia. Ate que um dia, seu corvo, cansado da tirania da mulher grasnou: "mentir não nos protege, apenas nos impede de sermos mais fortes"
Carmem se assustou com a declaração da ave, e sem entender, debulhou em lágrimas, como se a ave houvesse a esfaqueado em seu coração, e ali percebeu que todos seus problemas se tornaram mentiras, mentiras a qual agora ela não poderia mais ignorar. Cresceu em lágrimas, sozinha, pois preferia ser só com pássaros do que atrapalhar na liberdade de alguém. Mal sabia Carmem que única liberdade que ela tinha a qual se importar era a dela, e que as consequências de seus atos, deveriam ser medidas pelas formas que ela a reagia.
"Não chore boba, crescer doi pelo fato de não saber quem você é e como vai ser, mas só em liberdade que você poderá descobrir" disse uma coruja
"Mas se eu for livre mais consequências vão vir sobre mim, e não sei se aguentaria a dor de sofrer pela minhas próprias escolhas" respondeu Carmem em lágrimas
"A injustiça de sofrer pelo fato de senti dor faz com que possamos buscar a nos conhecer, a mesma liberdade que reprime, também liberta, e é a mesma que te constrói" - respondeu a coruja
"Mas se eu soltar vocês, eu estarei só, e não aguento viver desta maneira"
"Pequena, encoste minha gaiola por um segundo" ordenou o corvo educadamente
Carmem suspendeu a gaiola da escura ave e ali havia um espelho, a qual não lembrava de seu paradeiro.
"O que você vê hein? Hein?" - disse em orquestra os queros queros
"Eu vejo a mim mesma"
"Então você não irá ficar só quando nós soltar" disse o corvo
"Mas é só um reflexo bobo, não há vida" respondeu de supetão ao corvo.
"Como não? Você não está viva?" - disse o sabiá
"Viva sim, mas sinto que estou morta"
"Uma viva morta?! Esses humanos e suas alusões malucas, como ser viva e morta ao mesmo tempo?" Revoltou-se a cordorna
"Eu sinto um vazio, sinto que não sou mais a pequena Carmem de antes e que meus sonhos e anseios não são mais os mesmos, eu não consigo me amar, e tão pouco ser livre como desejei."
"Carmem querida, você está viva, e radia em teu explendor, você está apenas perdida nas questões novas de sua vida. Se as coisas não deram certo ou parecem ser o fim, espere, e reaja conforme deve agir e vera sentido no que vives e achará novamente aquele sonho infantil" - disse o corvo
Carmem encarou mais uma vez o espelho e via ali não mais uma mulher e sim novamente uma criança, e quando voltou a olhar às aves, elas não estavam mais lá, só havia um pardal pequeno, a qual ela fez questão de o libertar, pois agora ela sabia o esplendor da liberdade de se amar.
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A vaca de porcelana
Short StoryUma cabeça decepada cai aos pés de uma garota e diz: Atrabílis. Uma vaca contrai câncer de tanto ruminar seus sentimentos. Uma boneca que aprendeu a brincar... E muito outros. A vaca de porcelana é uma coletânea de textos surreais, prosas e contos s...