Dizem que vingança é um prato que se come frio, se isso é certo, eu não sei, mas a simples ideia de vingar-me do Konrad, me dá um certo gostinho de vitória. Apesar de não me sentir capaz de tal ato, a curiosidade falou mais alto.
— Qual o plano? — A questiono, com a voz baixa, no mesmo tom que a dela.
— Bom, isso não é algo que eu saia divulgando por aí, até porque é muito sigiloso, mas creio que isso cairá como uma luva e tenho certeza que você não irá se arrepender. — Ela trás consigo um sorriso malicioso. — Já imaginou um lugar que permita realizar todas as suas fantasias, até aquelas imensuráveis?
— É impossível, sabemos que esse lugar não existe.
— Talvez exista. — Murmurou Verônica.
Analisei atentamente a expressão em seu rosto, antes de me atrever a lhe perguntar:— Você pode me explicar sobre o que exatamente estamos falando?
— Pen, existe um lugar onde todos os seus desejos sexuais podem ser realizados. Você não conhece... Ainda!
— Tenho a impressão que você não está brincando, mesmo sabendo o quanto você pode ser maluca.
— Pior que não estou. — Ela respondeu, olhando diretamente nos meus olhos , confirmando suas palavras.
— Ainda não entendi. - Verônica inclinou levemente o corpo para frente e baixou o tom de voz, como quem se prepara para confidenciar o mais importante dos segredos.
— Tem um lugar, um clube na verdade, muito exclusivo, criado para pessoas que querem um pouco de emoção, me entende? Esse clube é muito seguro e preserva a privacidade e o bom nome das pessoas, essa sociedade é totalmente anônima. Eu mesma a frequento há mais de três anos e nem você que é minha melhor amiga, descobriu. — Acredito que minha expressão logo me denuncia, pois Verônica logo volta a se pronunciar.
— Sei que parece loucura, Pen, mas quando você experimentar a sociedade, vai entender o que estou falando.
— Como assim Verônica? Por que está cogitando que eu aceite entrar nessa loucura? — Falo incrédula.
— Amiga, sai dessa, aquele desgraçado do Konrad tem que levar no mínimo, uns cem mil chifres por esses seis anos que fez você sofrer. — Ela fala um pouco alterada. — Olha, uma vez por ano temos permissão de apresentar um candidato para se tornar um novo membro do clube. A pessoa em questão tem que cumprir dois requisitos, a primeira, ser íntima e ser extremamente confiável. Já a segunda, tem que ser do mesmo padrão social, é claro. Lembrando, Pen, todos temos algo a perder com isso, todos do grupo garantem a sua própria privacidade.
— Se a sociedade é um clube tão privado, por que admitem novos “sócios”?
— Renovação. Muitas coisas acontecem ao longo dos anos, a vida das pessoas mudam e algumas delas deixam de frequentar o clube. — Ela pega novamente em uma das minhas mãos . — Sei que está um pouco confusa, é muita informação para absorver agora, mas posso te explicar mais detalhadamente outra hora. A seleção vai acontecer dentro de três semanas, em uma festa para receber os possíveis novos membros, se você for e ser bem aceita, receberá um pequeno colar de ouro maciço como este, está chave te dá acesso as reuniões do clube. — Ela monstra um pequeno colar em seu pescoço com uma pequena chave no centro, já tinha observado outras vezes, em várias ocasiões ela usando o mesmo.
— Você sempre anda com ele, pensei que usava muito porque gostava demais do colar. — Comento.
— Os homens também usam, mas o deles é feito de ouro branco. A seleção é feita pelo membro mais antigo da sociedade, e após você ser aceita, um e-mail é mandado com a data e os locais das reuniões.
— Amiga, eu não sou igual a ele. - Comento, fazendo ela entender ligeiramente que estou falando de Konrad.
— Eu sei amiga, você é melhor do que ele, e merece ser um pouco feliz, pelo menos na cama.
Nosso pedido chega, assim, rapidamente mudados de assunto.
(...)
Os dias seguintes transcorreram de maneira monótona, nada fora do normal, a não ser pelos meus pensamentos que giravam em torno da conversa que tive com Verônica. À primeira vista, me pareceu uma loucura, mas após tanto me recriminar, resolvi abrir um pouco a mente sobre o assunto.
“Amiga, pensei melhor sobre ‘aquele assunto’, e queria saber o que preciso fazer para participar.”Meus dedos tremiam sobre a tela do celular, e eu temia muito o que viria após o envio da mensagem.
Respirei fundo, fechei os olhos e toquei na tela.
Mensagem enviada.Meus Deus, eu vou apagar!
Mas antes que pudesse fazer algo, a mensagem foi visualizada.
“Amigaaaa, você não imagina o quanto estou pulando de felicidade! Vou te passar o número para o qual você terá que ligar, eles te passarão as instruções do que precisa ser feito. Não esquece de me ligar depois.”Ligar? Eu vou ter que ligar para alguém que eu nunca vi na vida pra falar sobre isso?!
Poucos segundos após o envio da primeira mensagem, Verônica me envia a segunda, contendo um número de celular. Caminho em círculos pela sala com o celular em mãos. Eu não vou ligar, melhor desistir.
— Algum problema? — Konrad me aborda, me olhando de cima a baixo.— Não... — Sento-me no sofá e volto a olhá-lo. — Qual o seu próximo destino?
— O questiono ao ver a grande mala que carrega consigo.
— Milão. — Ele é curto e grosso, sem explicações, sem desculpas... apenas ele sendo ele. Provavelmente irá tirar algumas férias com uma de suas amantes.
— Ok.
— Creio que volto em 15 dias, ou talvez mais. — Como pensei, ele passará os próximos 15 dias comendo alguma vadia em Milão.
— Tudo bem. — O respondo. Ele se vira, segurando a mala.
— Aproveite que não estarei em casa e faça uma dieta. Talvez se estiver um pouco mais magra, possamos passar uma noite juntos. — Diz enquanto caminha até a porta e a fecha atrás de si antes que eu possa falar algo.
SEU IDIOTA, DESGRAÇADO, EU TE ODEIO!Sinto meu corpo esquentar, minha respiração pesar e as gotas de água salgada rolarem incontroláveis em meu rosto. Ele não vai acabar com o meu psicológico de novo, não dessa vez!
Desbloqueio a tela do celular e disco o número que Verônica me enviou. Ouço chamar uma, duas, na terceira vez, uma voz grossa e firme diz um “Alô”. Estremeço e penso em desligar.— Alô? — Mais uma vez ouço a voz do outro lado da linha.
— Olá, a Verônica me passou o contato e...
— Não necessita explicar, já estamos a par de tudo e só estávamos esperando a sua ligação. Me envie por mensagem um endereço válido, te enviaremos por lá tudo que você necessita saber. — Permaneço muda por alguns segundos, até que ele mais uma vez quebra o silêncio. — Ah, antes que eu esqueça, nomes pessoais não são permitidos por privacidade de nossos sócios. Então, use uma denominação diferente de seu nome verdadeiro e o envie junto com o endereço.
— Tudo bem. — Ele agradece meu contato e logo finaliza a ligação.
Passo alguns minutos perdida em pensamentos.
Será que fiz certo?Disco o número de Verônica, ela logo atente. Não preciso nem dizer o quanto ela estava animada na ligação. Falei que talvez tivesse agido no impulso, mas ela me fez mudar de opinião, ainda mais depois que lhe contei sobre o que o Konrad me disse antes de sair. Em meio a conversa, fico sabendo que ela não irá para a festa de novos membros, pois, não é permitido que a pessoa que convidou, esteja presente.
Será meio estranho ir para um lugar onde eu não conheço ninguém, e que não sei o que realmente acontece lá. Mas não posso negar que estou curiosa para saber se isso é real, e já estou me sentindo envolvida nesse “jogo".
Continua...
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Harmony of secrets
RomanceO que se pode esperar de uma mãe controladora e de um casamento fracassado? Nada. Há cinco anos, eu, Penélope Debling, vivo uma vida pacata com pessoas extremamente controladoras que mandam um foda-se a tudo que eu penso. Até que, em uma noite, reso...