Capítulo 04

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   Faz exatamente cinco dias desde que liguei para o tal número. Há exatamente três semanas que tive a primeira conversa com Verônica, e estou com meus nervos à flor da pele. Fico me perguntando se não passei no primeiro teste por ter falado o nome da Vê, e por isso até agora não recebi nada.

  — Droga. — Resmungo, fungando enquanto caminha até a estufa. 

  — Senhora, tem um rapaz com uma encomenda. Diz que só pode entregar-lhe em mãos. — Simone me alcança antes que eu chegue até meu destino.

  Meu coração dispara e minhas mãos soam.
  Será que é o que estou pensando?
Dispenso Simone e vou até a entrada de casa.

  — Senhorita Psiquê? — Um rapaz bem trajado e jovem pergunta, assim que me aproximo. 

  — Senhora. — O corrijo. — Sim, eu mesma. — Ele me estende as mãos, entregando-me uma bela e sofisticada caixa de presentes, envolta com um laço de  seda dourado. Sobre a caixa há um pequeno envelope com o nome que escolhi para usar, escrito em uma bela caligrafia.

  — Tenha um bom dia. — Me diz sorrindo, antes de ir embora.
Subo rapidamente a escadaria da casa, indo direto para o meu quarto, fechando a porta e depositando a caixa sobre a cama.

  Me aconchego sobre a mesma, deixando de lado o envelope e matando a minha curiosidade de saber o que estava dentro da caixa. Ao abri-la, me deparei com um delicado papel branco, que envolvia o objeto. Sem demora, abri suas extremidades, revelando uma linda máscara preta, confeccionada com renda da mais alta qualidade, em suas laterais fitas de seda igualmente pretas findam a máscara. A segurei  sentindo a delicadeza de cada detalhe. Não me contendo, fui a frente do espelho, colocando-a sobre meu rosto e fiquei simplesmente encantada! Ela se ajustou perfeitamente a minha face, e incrivelmente destacou ainda mais o tom de azul dos meus olhos. Ela é realmente linda, não posso negar.Mas ainda havia o envelope!

  Voltei a me sentar sobre a cama, guardando a máscara de volta na caixa e abrindo o misterioso envelope. Dentro dele, um cartão informava um endereço, data e horário que aconteceria a tal festa. E as seguintes instruções ao final do mesmo:

  “Compareça sozinha. 
O uso da máscara é imprescindível! 
Não se identifique, apenas forneça a senha: 
“hoje à noite está tão quente.” 
E em hipótese alguma converse ou aborde os convidados fora da residência.
Seja bem-vinda à Sociedade Secreta!”

   Um leve arrepio me corre a espinha, isso sim é bem estranho. Um convite pomposo e formal, talvez não me surpreendesse tanto, mas a mensagem do envelope, sim. Me senti em um filme de suspense, prestes a adentrar a casa onde tem um assassinato escondido pronto para pegar a mocinha. 
Apesar do receio, não nego que minha ansiedade aumentou drasticamente, me deixando em um misto de medo, excitação e euforia.

  Eram 16:00 horas, e no convite informa que a festa acontecerá às 20:00. Tenho exatamente quatro horas para decidir se aceito ou não o convite.

    (...)

   Duas horas haviam se passado e minha cabeça latejava. Passei as últimas horas pensando e repensando em todos os riscos  que eu poderia correr ao aceitar entrar em algo assim.

  Meu telefone tocou e do outro lado da linha, a voz estridente de Verônica me cumprimenta.

— Já está pronta?

— Como assim? Você sabe da festa?

  — Claro, bobinha! Como sócia fixa da sociedade, sempre estou a par do que acontece. Apenas não posso comparecer dessa vez.

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