O Extenso Deserto

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Eu viajo por este deserto,
Sem olhar para trás,
Vivenciando o que ele tem me oferecido,
Tristeza, alegria, guerra e paz.

Estou acostumado com o poderoso sol,
E com as areias ardentes,
Os pássaros que aqui voam
Sabem tudo que tú sentes.

As nuvens nem sempre
Te protegerão do calor,
Aqui a água é escassa,
Assim como o amor.

Corpos decrépitos
De homens derrotados
Estão ao meu redor,
De nada valeu tanto suor.

A canção deste lugar
É uma marcha fúnebre
Que nunca para.

Os fantasmas deste deserto
Te fazem ver ilusões,
Eles deixam-te com fome,
E te alimentam com alucinações.

As sombras da noite
Dançam ao som
De tuas lágrimas,
Elas tem o poder do açoite,
E a impureza das fábricas.

Entre os viajantes
Muitos tornaram-se zumbis,
Não suportaram viver
Sem olhar para o mar,
Sem ter um lugar
Para chamar de lar.

Meu camelo se foi
No meio da jornada,
Desde então tenho caminhado sozinho
Ao longo desta estrada.

A canção deste lugar
É uma marcha fúnebre
Que nunca para.

Neste lugar inóspito
Vejo aqueles que andam em círculos,
Enganados pelas miragens,
Assombrados pelas visagens.

Os basiliscos se alimentam
Dessas almas perdidas,
Encantadas pelas serpentes da magia,
Passam a viver
Uma eterna fantasia.

Eu vejo aqueles semelhantes a mim,
Que incessantemente procuram pelo fim
Deste tão extenso deserto,
Que sonham com o dia
Em que as flores estarão perto.

Enquanto isso, sigo adiante
Em direção a estrela,
Para longe do brilhante diamante,
Distante da pata do elefante,
Fora das garras da amante,
Sobreviverei por mais um instante.

A canção deste lugar
É uma marcha fúnebre
Que nunca para.

Poemas e Poesias - Volume 02Onde histórias criam vida. Descubra agora