capítulo 3

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Avia uma tigela com um líquido vermelho, deve ser as mil vodcas misturadas e os 40 energéticos, não tinha nada além disso lá.

Não era só eu e João de excluído que avia lá, muitos alunos excluídos estavam presentes. Os professores a essa hora já estavam dormindo em seus quartos. Não avia musica, mas o barulho que vinha de dentro fazia parecer que avia uma balada aqui dentro.

- galera, galera! Vamos nos preparar que a Maia tá chegando - alertou Ricardo. Avia um bolo para ela, bolo de morango com cobertura de chocolate. Sou uma pessoa que amo doce, seja qualquer tipo, mas esse bolo que fizeram estava com uma cara estranha. Trouxeram ele de São paulo então o bolo não devia estar daquela qualidade toda.

Todo mundo estava em silêncio, Ricardo acendeu a vela de 17 anos, Maia avia repetido um ano na escola. Então além de Maia estavam alguns caras do time de futebol junto com as amigas dela e o Patrick.
- parabéns - disse todo mundo no volume mais baixo para não acordarmos toda a pousada. Depois de cortarem o bolo e algumas poucas pessoas comerem, todo mundo se reuniu para jogar o jogo da garrafa. Era como o verdade ou desafio, você girava a garrafa e nas duas pessoas que os lados caírem iriam ter que se beijar, e caso não fizessem isso iriam ter que pagar uma prenda, mas a prenda é elevada a um outro patamar.

Claro que não quis jogar este jogo, João decidiu participar junto com julia, eu o avisei que se caísse ele, ele teria que pagar prenda mas ele teve coragem de participar. Não existia restrição, garotas podiam beijar garotas e garotos podiam beijar garotos. Na última vez que alguém não decidiu beijar a pessoa, ela teve que andar pelada na rua usando apenas uma calcinha. Toda a escola soube na época.

Quando vi eu era o único que não quis jogar, parecia que todo mundo queria beijar naquele dia. Tinha alguns gays na roda também. Todo mundo estava sentado em roda quando começaram a perguntar o por que eu não iria participar.
- vamos felipe entra vai ser divertido - disse João tentando me convencer. A probabilidade de ir em mim era baixa, avia muitas pessoas na roda então digamos que talvez eu não seja o escolhido pela garrafa.
- tudo bem - disse eu envergonhado. Sentei ao lado de julia.
- e então vamos lá! - disse Ricardo. E foi assim que começou. Muitos beijaram, até que a garrafa chegou em João e em Maia, eu avisei. João não aceitou beijar Maia e nem Maia aceitou beijar João. Então os dois tiveram que pagar prenda.

Fiquei com crise de riso quando ele rejeitou a prenda, eu tinha avisado a ele. E então decidiram que a prenda dele era dizer algum defeito da julia. Bom vamos lá, quem está jogando na roda tem que ter consciência que jogará. Pois se não nem deveria ter entrado no jogo, então se a pessoa rejeitasse os dois desafios ia ter fama de frouxo pelo resto do ano. João não via isso como castigo mas decidiu responder.
- Julia as vezes se olha no espelho dizendo que está feia sendo que é a pessoa mais linda que existe.
Bom não foi tão difícil, era só dizer algo ao mesmo tempo positivo e ao mesmo tempo irritante, julia ficou vermelha após isso e deu um sorrisinho para ele. Não foi o que as pessoas estavam esperando mas pelo o menos ele respondeu. Maia também disse um defeito sobre Ricardo, ela disse que ele se acha o comediante sendo que é o maior pateta. É, coisas bestas.

Giraram a garrafa outra vez, e outra vez e outra vez. Até que chegou um momento que estava ficando chato a brincadeira. Não estava com tanta vontade mais de ficar sentado lá até que...
- Felipe! Caiu você - disse Maia. Eu não acreditava nisso, não era nem por causa de ter caído eu mas sim de ter caído eu e o Patrick.

Nós dois nos olhamos por uns 3 segundos. Vejo que ele também não esperava isso.
- e aí vocês dois? - disse uma pessoa. Não conseguia parar de pensar o qual besta eu fui de entrar nesta roda.

Meus olhos paralisaram na tampa da garrafa, sinto meus dedos gelados como se tivesse ficado com eles presos num cubo de gelo. E então digo:
- não - disse eu e Patrick ao mesmo tempo. Não dava, não conseguia pensar em beijar ele.
- hum, então vamos para a prenda dos dois - disse Ricardo. Ele ficou pensando e olhando ao redor do quarto tentando decidir a prenda.
- já sei - disse ele apontando ao pote com vodca - vocês vão beber toda a vodca que a naquele pote.
João olhou para mim parecendo que estava desesperado por mim. Se eu não fizesse isso eu iria ter fama de frouxo o ano todo, ser o nerd excluído já era demais.

Mas não foi por causa disso que decidi beber a vodca, foi para não entenderem ao contrário. Eu e Patrick nos dirigimos ao pote, colocamos uma concha em seis copos, três para cada. Então bebemos. Ao fundo as pessoas estavam gritando: vira, vira, vira.

Minha boca estava com um gosto horrível, além de serem todo mundo um bando de adolescente sem noção da vida, tinha da pior vodca ali. No primeiro copo já senti vontade de vomitar.
Enquanto bebia o segundo as pessoas continuavam gritando para mim e para Patrick.

Vira...vira...vira.

Quando terminamos de beber a vodca, Patrick correu ao banheiro e eu corri ao meu quarto. Entrei no banheiro e vomitei. Uma das coisas que mais odeio na vida é vomitar. Então, vomito num intervalo de 10 segundos, vomito um pouco e depois mais e mais. Quando sinto que já saiu tudo que avia dentro de mim, começo a pensar sobre.

Eu e Patrick tivemos que beber vodca para não dar na cara ou pensarem outra coisa, todos sabem que eu sou gay, mas ninguém sabe que Patrick é Bi. E ninguém sabe que eu e ele já tivemos um caso a alguns meses atrás.

Ninguém pode descobrir, NINGUÉM!

o beijo, O segredo e o jogoOnde histórias criam vida. Descubra agora