Após quase dois anos separados por circunstâncias além de seu controle, Richard e Anna se reencontram: ele, um talentoso jogador de futebol; ela, uma dedicada fisioterapeuta que trabalha no mesmo time. O que começou como uma amizade no passado, agor...
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ANNA
CT do Palmeiras 02 jun. 2023 12h21
Minha mente está à todo vapor. Tento me concentrar nos relatórios. Olho para a tela do notebook, mas as palavras e números não fazem sentido. Fecho os olhos, tentando afastar a sensação de desconforto que me persegue desde que Richard me tocou no vestiário e o jantar na casa de Raphael. Quando eu lembro daquela noite fico tensa. O pior, quando o efeito do álcool passou a vergonha me atingiu com tudo, mas o arrependimento, é nulo. Eu gostei demais e é isso que está me matando.
Faz quase uma semana que eu fujo do campo de visão dos jogadores.
Respiro fundo.
Preciso encontrar uma maneira de lidar com isso. Talvez conversar com alguém possa ajudar. Tomas é um bom ouvinte, mas é fofoqueiro na mesma proporção e eu não quero meu nome em alguma página de fofoca no dia seguinte.
Decido que a melhor forma de enfrentar isso é seguir em frente e tentar manter a normalidade. Ou talvez, continuar fugindo seja mais fácil?
Minutos depois, a porta da minha sala se abre e vejo Raphael colocar a cabeça para dentro.
- Não sabe bater na porta? - Pergunto, tentando esconder o susto que levo.
Raphael levanta as mãos em um gesto de rendição.
- Desculpe, Anna. Só queria ter certeza de que você está bem.
- Estou bem, só ocupada. - Tento manter meu tom firme e não gaguejar.
- Faz dias que não conversamos. - Ele entra na sala e encosta a porta. - Não vai almoçar?
Mordo minha bochecha por dentro e balanço a cabeça negando.
- Desse jeito tô começando a acreditar que está fugindo de mim. - Sua voz soa como se estivesse pisando em ovos.
Ergo meus olhos do notebook para ele e libero todo o ar dos meus pulmões, como se esvazia um balão.
- Talvez esteja.
- Arrependida?
Raphael pende a cabeça para o lado e cruza os braços
Engulo em seco, demoro segundo até conseguir abrir minha garrafinha e dar goladas na água.
- Estou ocupada agora, podemos...hm... terminar essa conversa depois? - Tenho dificuldade em falar.
