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RICHARD

CT do Palmeiras
7 jun. 2024
11h47

Estou fazendo mais uma série de abdominais na bola suíça, tentando me concentrar. Cada vez que eu forço meu corpo a continuar, a dor é uma distração bem-vinda, mas é só até eu ouvir aquela risada dela ao longe que todo meu foco vai por água abaixo. Anna está conversando com Raphael, Murilo e Lázaro, e eu, só observando.

Ontem quando saí do apartamento fiquei pensando nesse lance de provocar ela e porque continuo… Eu sei que é coisa de moleque, mas parece que é a única maneira de estar perto. Se eu não for atrás, se eu não criar essas situações, ela vai encontrar uma maneira de me manter à distância. E eu não posso deixar isso acontecer.

Olho para Anna de lado, tentando não parecer óbvio. Raphael diz alguma coisa engraçada, Lázaro ri de um jeito exagerado e Murilo o acompanha.

Fecho os olhos. Meu corpo está aqui, fazendo esse exercício idiota, mas minha mente está lá com ela, tentando entender o que diabos está acontecendo entre nós.

Eu sei que ela sente essa mesma sensação estranha de estar próximo, esse mesmo desejo de algo que nunca foi possível, porque toda vez que a provoco, toda vez que chego perto demais, eu percebo algo. É sutil, mas está lá. Ela desvia o olhar, a respiração dela fica levemente descompassada, e é nesse momento que eu me sinto no controle, como se eu pudesse ver através da muralha que ela ergueu entre nós.

Apoio os braços na bola, tentando aliviar a tensão dos músculos. Eles estão tensos, mas não tanto quanto minha cabeça.

Anna me olha, eu sei que ela está me olhando. Ela sabe que eu também estou olhando pra ela. A morena acha que consegue se esconder, manter esse ar de profissionalismo, de quem não se deixa abalar, mas eu conheço ela, sei que é só uma fachada e que está tão envolvida nisso quanto eu, só que é teimosa demais para admitir.

Respiro fundo. Deveria me concentrar nos meus exercícios, mas olho de novo para ela, distraída com algo que Raphael diz.

Reviro os olhos.

ANNA

Me encosto na parede, meu pé torcido descansa sobre um step. Acordei sem saco nenhum de ficar em casa, largada como uma inútil, então vim para o CT. Raphael me buscou, mesmo julgando e achando que era um erro, mas a ideia de ficar em casa, imobilizada e entediada, me parece muito pior.


Raphael, Lázaro e Murilo estão por perto, rindo por eu ter ameaçado o camisa 23 pra ir me buscar. Tentando me distrair, focar no que eles estão dizendo, mas não é fácil. Meu olhar teimoso, acaba vagando para o outro lado da sala, onde Richard está. Ele está focado em seus exercícios, ou pelo menos tentando parecer que está, mas eu conheço aquele olhar de relance, aquela tensão nos ombros. Ele está de olho em mim. De novo.

Richard é complicado. Ele joga esse jogo de provocações, eu tento me esquivar, mas não é fácil lidar com isso. Não é fácil admitir, nem para mim mesma, que isso mexe comigo. Cada vez que ele me olha desse jeito, fico tentando ignorar a sensação de que estou em uma corda bamba.

Lázaro diz algo engraçado e eu dou uma risada automática, sem prestar muita atenção. É um riso forçado. O problema é que, mesmo quando estou tentando me manter focada no que está ao meu redor, minha mente está sempre dividida. Metade de mim está aqui, conversando, sorrindo, tentando ser parte da brincadeira, mas a outra metade está com Richard, tentando entender o que ele quer de mim, o que ele está pensando.

Desvio o olhar dele, fingindo que estou totalmente imersa na conversa com os meninos. Sei que ele ainda está lá, me observando. Não posso deixar que eles percebam, especialmente Raphael, que me encara com seus olhos estreitos. Não sei se percebendo minha distância da conversa ou se é o desconforto no pé.

Pego uma garrafinha de água, tomando um gole rápido para disfarçar.

- Você está bem? - Raphael pergunta e agora todos estão olhando para mim, esperando uma resposta.

- Estou, sim. - Forço um sorriso.

Raphael arqueia uma sobrancelha, claramente não convencido, mas deixa pra lá. Mudando de assunto, falando sobre um novo pub que inaugurou perto daqui.

- Vamos lá depois? Para comemorar a recuperação do seu pé. - Murilo sugere, com um sorriso travesso.

Eu gargalho, dessa vez minha atenção voltada pra eles.

- Comemorar o quê? Que estou com o pé enfaixado e presa a esse step?

Lázaro balança a cabeça.

- Pelo menos foi só um.

- Eu nem posso beber, que castigo.

Parte de mim quer ir, quero me distrair, mas a outra parte sabe que, inevitavelmente, ele vai acabar se juntando a nós. E então, tudo vai ficar mais complicado.

- Então, estamos combinados. - Raphael diz, interrompendo meus pensamentos novamente. - Depois do treino, vamos ao pub.


Como uma seta maldita Richard se aproxima de nós, parecendo tão confiante, como sempre. Ele pega sua garrafinha de água e dá um gole, seus olhos estão em mim, como se ele estivesse esperando alguma reação. Respiro fundo, tentando parecer calma, mas por dentro sinto o turbilhão aumentar.

- Vocês estão falando sobre o pub novo? - Ele pergunta, como quem não quer nada, mas eu sei que ele está prestando atenção em cada detalhe.

- Sim. - Raphael responde. - Você vem com a gente?

Richard faz uma pausa, como se estivesse considerando a ideia, mas eu sei que ele vai. Ele não perde a oportunidade de estar por perto, de continuar esse jogo que já me cansa, mas do qual não consigo sair.

- Claro. - Um sorriso provocador brincando em seus lábios. - Estou precisando relaxar um pouco. Você também vai, né Anna?

Suspiro, tentando manter a postura. Esse jogo entre nós… não sei quanto tempo mais vou conseguir manter. Às vezes, sinto que ele está tentando me empurrar para algo que eu não estou pronta para enfrentar, mas outras vezes, sinto que estou me enganando, que estou gostando disso.


Assinto com um sorriso fraco e trato de me distrair no meu celular, enquanto eles vão falando sobre.

Assinto com um sorriso fraco e trato de me distrair no meu celular, enquanto eles vão falando sobre

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ᴀᴍᴏʀ ꜱᴇᴍ ᴍᴇᴅɪᴅᴀ, ʀɪᴄʜᴀʀᴅ ʀɪ́ᴏꜱOnde histórias criam vida. Descubra agora