Um dia, um Adeus.

Capítulo Cinco - "Maitê era um veneno..."

Arcanjo 🪽

- Negão quer tua cabeça como troféu... - Pitbull começa a falar e acendo meu balão encostando a cabeça no sofá. - Se eu fosse tu ficava esperto, Negão já jogou de vala vários dos nossos. Não falando que vai acontecer mas todo cuidado é pouco na tua situação.

Achei que o bagulho tava pacífico. Sou um moleque calmo em relação aos sustos da polícia mas esse Negão me deixa intrigado desde que entrei nessa vida. Menór era miliciano e conseguiu confiança do BOPE por entregar todos os traficantes que eram "aliados". Mó parada.

Sou homem pô, ter medo de homem não é meu bagulho, mas brabão que eu ia ficar esperando esse filho da puta botar a cara pra me deixar virar camiseta de saudade. Pela primeira vez na vida não sabia o que fazer pra tirar o meu da reta, eles não tem meu rosto mas tem meu nome completo incluindo do meu falecido pai.

Nós não é criança no crime, macaco velho contra macaco velho. Se eu morrer ainda desço bala naquele arrombado pra vingar os que viraram saudade no mundão.

- Fazendinha vai estar gostosinho igual azeite... Só as selecionadas na pista pra descer e subir pros mano. - LK brota com o fuzil nas costas e lança a quebradeira que se quebra mermo ao perceber o Pitbul na sala. - Boa tarde chefe! - Sua postura frouxa brota e o menór Pit emite um "Tsc" com os lábios saindo da sala.

Fico em silêncio e me sento na poltrona da sala tentando pensar em algo. Não queria preocupar minha coroa tá ligado? Sei que a oração daquela lá é forte mas não tem bagulho que tire o meu da reta do BOPE nessa situação. Se eu for preso pego uns quinze anos de cadeia e se for morto... Bom, eu morro!

- Tua mãe mandou te acionar pro churrasquinho maneiro... - LK diz pra mim e me levanto. - Nem convida os amigos pô?!

Nem dou ouvidos ao que o Rato falava e saio da sala sentindo o ar livre ao invés do cheiro de morte e cigarro que aquela sala tinha.

Não sou um mano de ter amigos, tenho amigos que dão pra contar com uma mão e sempre de olhos abertos em relação a amizade mas se for pra contar com toda a certeza o Lk não está presente nessa lista.

Minha Kenner batia no chão do asfalto emitindo um barulho que poderia ser escutado a metrôs de distância, sol que não dava moca no Rio. Papo de dor de cabeça, pressão baixa e essas parada!

Entro em casa sentindo um cheiro bom de comida fresca, junto a isto uma risada escândalosa que chegava a doer os tímpanos e eu a conhecia. Aquela risada era assustadora mas se tornou inesquecível ao saber de quem se tratava.

Maitê!

Com tanta pica que tive que escutar acabei esquecendo do quanto seu beijo era bom, e do quanto que nosso beijo foi um encaixe. Brinquei comigo mesmo ao chamá-la de cabelos de mel mas aquela garota era inteira feita de mel, até na saliva. Lembrava do gosto que aquele beijo teve desde que encostei em sua boca e aquilo era algo que eu precisava relembrar de alguma maneira.

Licor de mel. Era aquilo que invandia os lábios da Maitê, não era apenas aquilo, tenho certeza mas o que era até hoje não consegui identificar. Como uma mulher conseguia ser feita de mel por inteira! Algo que me deixava intrigado.

Aquela garota roubou minha brisa, só não podia admitir.

- Boa tarde... - Digo e as duas se espantam olhando pra mim.