'|05 - Interesses.

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França.

—Preciso usar isso? Estamos no século XXI. — Reclamei sentindo Julie apertar mais o corset preto do meu vestido.

— Senhorita Laurent, você sabe como seu pai é, ele quer que você se pareça mais mulher o possível. — Sinto meus órgãos serem apertados, isso deveria ser crime.

Uma festa importante aconteceria na ''nossa'' casa entre os mais poderoso advogados, ministros,juízes entre outras pessoas importantes da França e hoje eu tomaria consciência do cara que daqui uns meses meu pai forçaria um casamento arranjado.

Não sei o motivo dele me fazer um casamento arranjado, eu sou a filha bastarda, ele nem deveria se importar comigo. Seria tudo mais fácil se ele só pagasse a pensão quando eu era criança e não me usar como um peão nos joguinhos dele.

Era isso que eu e seus filhos éramos para ele, muitos fantoches. Bonequinhos para ele conseguir mais dinheiro, mordi a língua quando senti Julie queimar minha orelha com a chapinha.

—Aiai, vai com calma Julie...

— Sinto muito Senhorita.— Ela continua a alisar minhas madeixas.

— Elisa estará no jantar de hoje? — Gostaria de ver minha meia irmã, acho que entre todos aqueles demônios da França, meus irmãos e eu tínhamos dores parecidas.

— Toda sua família Senhorita Valentine, Elisa, seu marido, seus irmãos, seu pai, a madame Luiza, as famílias Duvot, Robert, Bernard, Vieira,Vers...— Ela citava os sobrenomes das famílias que estariam presentes e senti tédio quando ela novamente queimou minha orelha e dessa vez me levantei e eu mesma terminei meu cabelo. Odiava esse tipo de evento.

Meus dedos estavam em sincronia com o piano como se fossemos um só, eu e a música clássica éramos um ser único de graça e elegância... aulas de piano a minha vida toda para no final ser uma mercadoria.

Finalizei e fui aplaudida com palmas secas, fiz reverência ao público, sorrisos maliciosos de velhos,cochichos de suas esposas e o chefe do inferno todo me encarando satisfeito, fui atrás de álcool...Não dá pra ficar sóbria naquele lugar.

Com uma taça de vinho na mão vou em direção de Elisa que se soltou de seu marido e veio ao meu encontro. Elisa, tinha diferença de 5 anos de mim, ela era idêntica a minha madrasta, única diferença entre ela e Luiza é que ela me adorava o que não podemos dizer do mesmo da mulher do meu pai. Seus cabelos ondulavam em seu rosto e faziam ela ficar belíssima, seu vestido longo vermelho era gratificante.

—Parabéns por estar conseguindo realizarseu sonho!! — Me abraçou, ela se referia a eu estar correndo em uma categoria que tanto sonhei.—Verstappen parece ser um garoto tão bonzinho. — Ela riu ao me ver revirar os olhos.

Aparentemente quem perdoava eram as forças oniscientes, porquê a Internet não, piorava toda a situação, as notícias mais relevantes no Twitter eram que a nova parceira do Verstappen havia o humilhado em rede internacional, nossa discussão estava por todo lado, ainda bem que não tinha o áudio.

Muitos caíram em cima de mim e muitos faziam memes ou me defendiam desse hate desnecessário.  Eu não ligo, mas prefiro não procurar o que dizem sobre mim.

— Obrigada...senti saudades, como você está? — Tomei um golo do meu vinho.

— Aparentemente bem, Bento é um ótimo marido e achamos que a família vai aumentar. — Ela acariciou sua barriga e meus olhos brilharam, fazia quase um ano de seu casamento, arranjado pra variar e ela estava grávida. — Segredinho nosso Liz.

Tomei mais vinho, ela foi chamada por seu marido e andei pela casa decepcionada por querer falar mais com minha meia irmã e ela estar "ocupada ",cacei com os olhos as duas pessoas mais decentes daquele ambiente, vejo Olivier e Theodor juntos jogados ao sofá com uma turminha.

Poderia facilmente denominar esse grupo de terroristas em formação que derrubarão a França ainda.

Andando em direção a eles, porém fui interrompida pelo velho que chamou por mim, uma coisa legal de saber é que eu me  chamo Valentine por causa dele, é o nome da minha vó, que nunca conheci, ela morreu a muito tempo.

Droga Alexandre, outro cara?

— Valentine, você está aí! Venha conhecer o Julian. — a Voz firme e grave do mais velho ecoou pelos meus ouvidos e eu sabia que ele estava abrindo os portões do inferno, segui em silêncio.

Ele apresentou Julian Bernard, alto com cabelos castanhos, maxilar bem marcado, barba feita, ombros largos e um sorriso lindo. Ele sorria para mim, ele era bem gostoso! Talvez dessa vez desse certo.

— Um prazer te conhecer Lady Valentine, espero que não aja problemas em me acompanhar.— Meu pai mandou o olhar que só nós da família conhecíamos, era como "Não estrague tudo" Sorri para ele e saímos pela festa.

— A festa está sendo gratificante. — Ele tinha uma taça na mão assim como eu e seu sorriso poderia ser comparado a de um príncipe.

— Que ótimo Bernard, esperamos que todos os convidados estejam se divertindo. — Senti o seu olhar sobre mim.

— Por favor me chame apenas de Julian. — Isso é novo, pensei, geralmente os caras gostam de ouvir o próprio sobrenome na boca de uma mulher bonita.

— Tudo bem, Julian — Ele sorriu, ele entrelaçou seu braço no meu. Certo, não surta Liz, não gostei daquele toque, me senti desconfortável.

— Quer dançar essa comigo? — Como em um baile de escola, ele me puxou pelo salão e dançamos, sem ao menos ouvir uma confirmação minha, sei que não há interesse em mim, posso sentir. Eu também não tenho interesse nele, mas sua família e meu pai tem muitos interesses.

— Você é linda, Valentine. — Pena que não posso dizer o mesmo, pensei, não falei nada além de sorrir para ele.

Suas mãos estava em minha cintura e me conduzia pelo salão, eu odiava valsa, odiava ver meu pai feliz com aquilo. Suas mãos não eram tímidas, eu queria sair dali agora, mas suas mãos tinham o controle sobre meu corpo.

𝑱𝒆 𝒕'𝒂𝒊𝒎𝒆 ''| Max Verstappen Onde histórias criam vida. Descubra agora