Meus passos eram apressados sobre o piso polido do hospital. As pessoas ocupadas em seus afazeres não percebiam a apreensão em meu semblante. O barulho causado pela movimentação presente no espaço era silenciado pelo turbilhão de pensamentos acelerados em minha mente.Eu irei me casar.
A constatação ainda parece absurda demais para mim. Jamais imaginei que estaria em minha atual posição quando aceitei a proposta de Klajner.
A sequência dos fatos que planejei era simples e enxuta:
1. Me acomodar no país.
2. Imergir 100% no projeto.
3. Desenvolver novas técnicas de tratamento emergencial.
4. Conhecer um pouco da cultura local nesse meio tempo.
5. Retornar ao Brasil com potenciais mudanças significativas para o sistema.Apenas isso. Não tinha como dar errado. Mas, pelo visto, tudo é possível na Índia. Então, aqui estou, prometida a um casamento com uma jovem que mal conheço.
Como tudo saiu dos trilhos tão rápido?
Balanço a cabeça rapidamente, tentando limpar essa confusão mental instalada e sigo o percurso até o setor cardiológico. O hospital aparenta estar bastante movimentado hoje. Vejo funcionários indo para lá e para cá de modo apressado. Apesar de parecer egoísta, fico feliz com a possível fluxo intenso, já que, assim, poderei manter meu corpo e mente ocupados, sem espaço para pensamentos ansiosos.
Ao me aproximar do elevador, aciono o painel prateado e espero a caixa metálica descer até o andar em que me encontro. De repente, sinto meu celular vibrar dentro da bolsa de couro escuro. Ao desbloquear o aparelho, estranho o número desconhecido acima da mensagem exibida.
"Bom dia, Helena. Escolhi enviar uma mensagem ao invés de te ligar, pois imagino que esteja bastante ocupada em seu trabalho. Preciso que compareça à minha casa hoje à noite para uma jantar entre nós duas e meu pai. Ele insiste em ter uma conversa definitiva para acertar todos os detalhes e deixá-la ciente de tudo o que engloba um casamento em...
— Não vai entrar?
Dou um leve salto ao ser surpreendida pela voz. Quando elevo o olhar até a mulher dentro do elevador, imediatamente reconheço o seu semblante.
Hannah, a jornalista.
— Helena? - seu tom é surpreso.
— Sim... Oi, Hannah. Que surpresa encontrá-la aqui. - digo, entrando no espaço pequeno.
— Eu digo o mesmo. Não imaginei que trabalharia justo nesse hospital. - seus olhos se estreitam e um silêncio repentino rodeia o quadrado por alguns segundos. — Como pude ser tão dispersa? Claro que você trabalharia aqui. Hospital recém construído, custeado por um grupo de bilionários asiáticos e atual centro de atividade dos melhores médicos do globo. - emite, elevando um dedo a cada pontuação. — Bom, você tem cara de que se enquadra muito bem nesse último quesito, então... - seu rosto é divertido ao falar.
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Yatra - Um Amor Inesperado
RomanceEm busca de melhorias no precário sistema de saúde do seu país, Helena Castellani, uma renomada cirurgiã cardiovascular hispano-brasileira, abandona o seu cargo como chefe do setor de cirurgia no Brasil e se dirige à India quando um complexo hospita...