15 pov Luke

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Eu escutei um bom sermão da minha mãe por sair da Fortaleza escondido, "onde você estava com a cabeça Luke? Você não é mais criança, podia ter se machucado!", depois de tudo isso ela ainda quis saber de mim se era verdade mesmo que eu tinha noivado com Aemond e se eu estava feliz com isso, se eu não estivesse ela não deixaria que acontecesse, apesar de não ser da forma que eu queria, estava feliz com meu parceiro.

Então ela sorriu, passou a mãos nos meus cabelos e começou a chorar e dizer que o menininho dela estava crescendo, o doce e pequeno Luke não era mais tão pequenino, mas que eu sempre seria um bebê pra ela.

- Mas com tantos alfas por aí meu filho, porque justo seu tio Aemond?

Ela perguntou depois de relembrar todas as coisas que ela podia sobre mim quando eu era criança, olhei para Daemon que estava sentado em uma cadeira acolchoada atrás de nós em silêncio, mas com uma cara azeda.

- Com tanto alfa por aí mãe, porque justo o seu tio Daemon?

Os olhos emotivos dela me olharam com surpresa, ela não me deu nenhuma resposta, apenas sorriu novamente e voltou a ser uma mãe normal chorosa porque seu bebê vai sair do ninho.

- Aí meus dois meninos vão se casar.

Espera, dois? Como assim dois, franzi as sobrancelhas pra ela, que sorriu animada fazendo carinho na barriga gigante de grávida, grávida de seu terceiro bebê com Daemon.

- Jace também vai casar! Com Baela.

Ela sorria tão abertamente que eu me sentia o pior filho do mundo por não estar feliz com essa notícia, eu amava Baela, ela era ótima, mas o que eu vou fazer agora? Além de um vou ter que estragar dois casamentos? Dei um sorriso amarelo pra ela que saiu batendo palminhas, Jace que tinha chegado apenas alguns minutos estava quieto sentado sem dizer nada, mas sorriu lindamente quando nossa mãe passou toda feliz por ele.

Ele olhou pra mim depois que ela e Daemon saíram, eu olhei pra ele também, me sentindo traído.

- Porque não me disse que ia se casar?

Perguntarmos ao mesmo tempo.

- Desde quando Jace?

- Desde o dia que te encontrei na biblioteca, eu disse que ia cumprir meus deveres como príncipe.

- Mas não achei que seria tão cedo!

Minha voz saiu estranhamente aguda, eu estava desesperado por dentro, eu não vou conseguir fazer isso, Baela era maravilhosa, seria um crime fazer isso com ela.

- Mas me diga, desde quando está com Aemond?

- Faz só dois dias, ele me pediu depois que Lorde Stark foi embora.

Respondi sem muito ânimo e Jace como o bom irmão que era percebeu.

- Achei que era isso que queria.

- E é!

- Então porque você parece triste com isso?

Eu também queria saber porque eu não estava contente, talvez seja porque ele não fez isso por que sente algo por mim mas sim pra livrar o irmão de um destino ruim, talvez porque ele pode estar tirando vantagem da minha situação e depois me trair enquanto eu me iludo com a imagem de um casamento feliz.

- Não estou triste.

- Lucerys eu te conheço.

- Ele só está casando comigo pra me ajudar.

Contei parcialmente a verdade, Jace não pareceu acreditar muito, uma de suas sobrancelhas estava erguida me questionando em silêncio, mas se ele pensou alguma coisa guardou pra sim mesmo.

Quando caminhamos juntos pra sala de jantar Jace estava muito quieto, quieto demais, seu semblante estava sério, mas seus olhos estavam perdidos como se os pensamentos dele estivessem em qualquer outro lugar menos no presente, seu aroma tranquilizador e equilibrado estava uma bagunça.

Me sentei na mesa ao lado Rhaena que já estava acenando pra mim, observei Jace ir se sentar ao lado de Baela, Helaena se sentou a uma cadeira de distância de mim, logo a cadeira ao meu lado esquerdo estava vazia. Os pratos já estavam sendo trazidos e nenhum sinal de Aemond ou Aegon.

Um estrondo alta veio da porta, olhei pra mesma e encontrei com o olhar de Aemond em mim, furioso, parecia um trovão avisando que a tempestade estava chegando, eu estava achando que o problema era comigo, mas me atentei até onde seu olhar queria me levar, no casal Velaryon e Targaryen do outro lado da mesa e foi quando eu entendi, Aegon não se juntaria conosco essa noite.
Ele pisava duro no chão enquanto contornava a mesa pra se sentar na cadeira vazia ao meu lado, a puxou com tanta raiva que o barulho da cadeira sendo arrastada fez meus ouvidos doerem.

Seu cheiro estava azedo e ácido, era difícil não contorcer o nariz a cada respiração, meu olhar ainda estava nele, atento e preocupado, Aemond era rancoroso e apesar de ter aceitado ajudá-lo seria difícil se ele começasse a pensar em matar meu irmão.

- Aemond?

Chamei baixinho, mas ele não olhou pra mim, a veia na testa dele iria estourar eu tinha plena certeza disso, a mão direita dele estava em seu colo, meu primeiro pensamento foi segurá-la e tentar puxar a atenção dele pra outra coisa, mas eu não sabia se devia fazer isso, sendo meu noivo ou não, eu não tinha intimidade suficiente pra tal atitude e nem muita coragem.

- Porque Aegon não veio, Aemond?

A voz da rainha saiu autoritária, ela olhava pra mim com uma cara esquisita, a testa enrugada e as sobrancelhas quase se unindo de tão tensa que estava, tinha uma cadeira vazia ao lado dela, acho que ela esperava que Aemond fosse se sentar lá.

- Ele não está bem!

Sua voz saiu grave e cheia de ferocidade, seus punhos se fecharam e foi por puro reflexo que eu levei minha esquerda pra segurar sua direita, meu corpo ficou frio com essa atitude e deixei meu olhar cair sobre a mesa fingindo olhar o que eu queria pegar primeiro pra comer.

- Deixe Aegon em paz esposa! As criadas me contaram que ele ficou cuidando de Daeron pelo dia todo, deve estar cansado.

Meu avô, Viserys, respondeu bebendo de seu vinho, a voz fraca e cansada, nos informaram que ele estava ficando muito doente e não tinham uma cura para o que ele tinha, tudo que se podia fazer era fazê-lo descansar e tomar leite de papoula pra dor.

A mão de Aemond estava quente, muito quente, minha mão era muito pequena pra conseguir se fechar por completo no punho dele, eu estava ficando zonzo, já tinha decidido parar de tocá-lo, foi quando senti ele relaxar e segurar minha mão, firme mas sem machucar. Levantei um pouco o olhar pra ele, seu peito que antes subia e descia rapidamente estava voltando a um ritmo normal, sua expressão estava suavizando lentamente.

Ele soltou minha mão apenas quando começamos a comer, trocávamos olhares uma vez ou outra, e as vezes seu joelho encostava no meu, não se aquilo significava algo, mas no fundo eu queria acreditar que era um sinal secreto que ele pensou em usar pra dizer que estava aqui. Passei boa parte conversando com Rhaena, até que minha mãe se levantou com a taça na mão.

Pelos deuses, ela ia fazer um brinde.

Já comecei a me encolher na mesa, tentando me esconder de alguma forma, estava tudo indo bem enquanto ela brindava em nome de Jace e Baela, mas então ela olhou pra mim, parecia que meu coração ia sair pela boca de antecipação, então senti a mão de Aemond apertando meu joelho por baixo da mesa, olhei de canto pra ele, mas os olhos dele estavam em minha mãe e em suas palavras carinhosas com uma pitada de ameaça, aquele toque era pra eu me acalmar imagino, mas só deixava meu corpo mais quente e em estado de loucura.

A rainha olhou pra nós dois, seus olhos estavam tão abertos com a surpresa que eu jurava que ia saltar do crânio dele.

Ela não sabia de nada disso até agora.

Engoli a risada que subiu na garganta enquanto ela mudava de expressões pelas coisas que minha mãe dizia no brinde, novamente olhei pra Aemond pra ver se ele poderia me socorrer do olhar de fuzilamento da rainha, mas o que eu vi nele foi um sorriso largo sem mostrar os dentes, provavelmente pra provocar a mãe dele que parecia estar desfalecendo na mesa, mas aquele sorriso parecia muito verdadeiro pra mim e me ajudou a sustentar o resto do jantar. A mão dele continuou a descansar na minha perna enquanto ele bebia calmamente e o resto dos familiares davam felicitações.

Do ódio ao amorOnde histórias criam vida. Descubra agora