XI

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Aviso:

O conteúdo a seguir apresenta violência, gatilhos e palavras de baixo calão. Se esses conteúdos causarem desconforto, recomendo interromper a leitura. Você foi avisado.

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Yoongi bateu na mão do outro, fazendo a maior careta de desgosto que seu rosto poderia expressar. Ele então se afastou do gângster, dirigindo-se para a sacada. Precisava respirar ar puro e tentar controlar a mente, que fora atordoada tão inesperadamente. No entanto, assim que a primeira corrente de ar atingiu seu corpo, arrependeu-se imediatamente: estava fria. Passou as mãos pelos braços, tentando se aquecer novamente. Não conseguia entender como seu corpo tinha ficado tão quente de repente, já que, segundos atrás, o ar de fora parecia fresco e agora estava gélido.

- Preciso me trocar... - murmurou, com os pensamentos a mil. Milhares de planos surgiam em sua mente de uma só vez. Ele direcionou seu olhar para os andares abaixo, sem a mínima vontade de encarar o rosado. A ideia de esborrachar-se no chão nunca lhe pareceu tão tentadora.

- Seus pertences estão dentro do armário. Assim que terminar de se arrumar, ligue para a recepção e peça seu café. Vou passar aqui daqui a... - Jimin olhou para o relógio no pulso - Uns vinte minutos - Yoongi arqueou as sobrancelhas, pronto para questioná-lo sobre algo, mas Jimin foi mais rápido e acrescentou: - Tem alguém querendo falar com você. Vou te levar até ela - Jimin se levantou e caminhou até a porta. Antes que pudesse sair, o loiro começou a falar.

- Dê um jeito de reverter essa história das bandeiras o quanto antes. Apenas diga que uma delas era falsa e limpe minha barra - começou, caminhando até o armário. Precisava se colocar novamente no jogo - Vou tomar café lá embaixo, então seja rápido - Ele fingiu analisar as roupas nos cabides, tentando parecer calmo, embora sentisse um medo crescente e uma ansiedade palpável só de imaginar-se no meio de tantos psicopatas novamente.

- O quê?! Você não po- Jimin começou a protestar, mas Yoongi mexeu nos cabides, arrastando-os pela barra com agressividade, emitindo um som alto o suficiente para interrompê-lo.

- Acho melhor você andar logo, ou me matarão assim que eu colocar os pés lá - Disse forjando um tom de deboche. Ele conseguiu ver de relance o gângster procurando argumentos, mas falhando miseravelmente. O Park saiu do quarto sem mais delongas.

Quando finalmente constatou que o gangster já estaria longe o suficiente, gritou raivoso, jogando as roupas no chão, puxando os cabides com agressividade, rasgando alguns tecidos no processo. Seu próximo alvo foi a cama; jogou todos os lençóis e cobertores no chão, e os travesseiros tiveram um fim mais agressivo, sendo arremessados sacada afora.

- SEUS FUNCIONÁRIOS NÃO PODEM ME PROTEGER LÁ FORA, NÃO É?! - esbravejou, jogando pequenos móveis no chão, sentindo seu ombro latejar - MAS PODEM PASSAR MINHAS ROUPAS?! - pisou em cima de alguns tecidos - OU ENTÃO ARRUMAR ESTA BELÍSSIMA CAMA?! - Com extremo esforço, conseguiu virar a cama, uma atitude que provavelmente atrasaria a cicatrização de seu ferimento - FILHO DA PUTA! - Sentiu sua garganta arder ao gritar tão alto. Caindo de joelhos no chão, agarrou-se aos tecidos aos seus pés, utilizando-os para absorver suas lágrimas. - Você vai se arrepender do dia em que decidiu me prender aqui, eu juro por Deus, Kitty... - Seu tom não chegava a ser ameaçador; a voz embargada e o nariz entupido não assustariam ninguém, mas havia certeza em sua voz. Era uma promessa.

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Yoongi se olhava no espelho, avaliando as roupas que havia escolhido: A camiseta social branca, um tanta amassada pelos acontecimentos da manhã, o colete social, a gravata, a calça de alfaiataria e os calçados sociais lhe caíram como luvas. Normalmente não se vestiria assim, mas agora estava mais obstinado do que nunca em finalmente levar a persona de Agust D para frente. Então, decidido a encarnar a cópia perfeita de seu gangster fictício preferido,"Tangerina" do filme "Trem bala", ele decidiu se vestir com as roupas sociais que nem sequer havia lembrado de colocar na mala. Talvez fosse o destino lhe assegurando de que havia feito a escolha certa, ele esperava que o destino não quisesse lhe dar um final parecido com o de "Tangerina".

PredadorOnde histórias criam vida. Descubra agora