XVII

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A noite já havia caído, e desde a conversa na sacada, Yoongi não viu o rosado pelo resto do dia. Estava ocupado demais se instalando no quarto onde ficaria hospedado e realizando outras pequenas atividades, mas nada grandioso. Precisava economizar energia para o jogo que aconteceria à noite. Jimin tinha sido flexível com ele, mas não o suficiente para cancelar os planos que já estavam em andamento.

O agora ex-loiro não contestou a decisão alheia. Sabia que, cedo ou tarde, teria que lidar novamente com todos aqueles psicopatas.

Ele estava no grande jardim do hotel mais uma vez. O vento frio batia contra seu corpo, provocando arrepios e desconforto. Sua pele, já tão pálida, adquiria tons avermelhados em alguns pontos, evidenciando o efeito do frio em seu corpo esguio. Seus olhos estavam fixos na roseira distante, evocando uma avalanche de sentimentos em seu peito, lembrando-o constantemente do motivo pelo qual ele estava ali.

O ruído branco que ressoava em sua mente não se refletia no ambiente externo, onde conversas e risadas preenchiam todo o lugar. Os participantes estavam espalhados pela vasta área do jogo, já familiarizados com as regras que seriam aplicadas, apenas aguardando o disparo de largada.

A imagem do oponente labirinto despertava nele um sentimento forte, talvez nostalgia, talvez ansiedade; ainda não sabia defini-lo. Controlava a respiração com contagens mentais, ignorando a sensação de queimação causada pelos olhares alheios. Sabia que comentavam sobre ele; havia desaparecido por tempo demais para que ninguém notasse. Estar ali novamente alimentava as especulações de muitos, mas ele não poderia se importar menos com isso. Para alcançar seus objetivos naquele lugar, teria que agir como o desgraçado que tanto evitava ser, e que tantos achavam que ele era.

O jogo da noite consistia em eliminar alvos, algo que Min considerava irônico, já que ele mesmo havia feito uma analogia semelhante sobre sua situação naquele ambiente. Talvez Kitty tenha sido influenciado por suas palavras, ou talvez apenas tenha copiado suas ideias. Para sua "sorte", não foi um dos sorteados para carregar o grande símbolo consigo. Coincidentemente, Killer Bunny exibia o emblema com orgulho em sua jaqueta. Azar ou não, ele havia sido escolhido como um dos alvos da noite.

Kitty não lhe deu muita abertura para opinar sobre nada, mas permitiu que ele decidisse onde o jogo seria realizado. A equipe do rosado sugeriu que fosse no conjunto de obras abandonado, mas Min preferiu o labirinto. A equipe de Park estaria em peso lá, por ser sua "sede", e também por já estarem minimamente habituados ao local. Surpreendentemente, Kitty acatou sua sugestão e seguiu a escolha do moreno.

Havia um ponto de comunicação em seu ouvido e diversas câmeras espalhadas pelos corredores verdejantes e escuros. Ele seria vigiado e, consequentemente, protegido. Precisava estar presente para não levantar mais suspeitas, mas também não poderia se expor a riscos extremos. Por isso, seu principal inimigo havia recebido um alvo para se manter ocupado e, assim, evitar que lembrasse de sua miserável existência. Park falou mais sobre as medidas de segurança, mas Min estava distraído demais para ouvir. Tudo o que ele conseguia pensar era no encontro que inevitavelmente teria com Bunny, no que diria e no que faria, pois sabia que, independentemente de tudo, iria encontrá-lo.

O som de disparo ecoou alto, sinalizando o início do jogo e fazendo com que todos os alvos se dirigissem rapidamente para dentro do labirinto escuro. Eles tinham cerca de dez segundos de vantagem antes que o restante dos participantes fosse liberado para caçá-los. Para sua surpresa, Namu e Winter Bear não acompanharam Bunny, o que deixou Min apreensivo. Ele contava com a união do trio para facilitar a tarefa de "evitá-los".

Após o tempo determinado e se quase todos os demais participantes adentrarem o local, o moreno avançou pelo labirinto com passos rápidos e cautelosos, o coração batendo acelerado. As paredes verdes e escuras pareciam se fechar ao seu redor, criando um túnel claustrofóbico e impenetrável. O frio que penetrava seus ossos só aumentava a tensão. Cada som, cada movimento nas sombras, fazia seu pulso acelerar ainda mais.

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