"Nosso pacto começa." [3]

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"Demônios se mantêm com suas palavras, mas não achei que tudo é de graça."

  O medo de alguém, desabrocha lentamente, quando há coisas que não conseguimos, ver, ouvir, e sentir. A questão, é que sentimentos são tão únicos, quando a própria alma, e isso, é algo que onis, não se aprisionam tão facilmente.
  Tanjiro e Rengoku estavam como sempre, no horário de lazer. O sol já havia nascido, e como isso inverte muita coisa na vida dos demônios. Era a hora de recarregar energias, no caso adormecendo.
  Todos os onis já estavam em seus devidos 'quartos' onde era praticamente, o território de cada um.
  Kamado encarou seu 'irmão' desabotoando a camisa de botões do mesmo:
- Você sempre sendo descuidado, Ren... - Suspirou- Foi fundo o corte?
- Não acho.
Sorriu despreocupado. Katanas de caçadores deixavam marcas nos corpos de demônios, mas se não multilar tão parte do corpo, e sim fazer um corte, não seria nada eficiente para os onis. Kamado começou a desinfectar o corte, mas se mantida quieto:
- Ei... O que aconteceu, girassol? - Tanjiro riu com o apelido que havia ganho a um tempo de Kyōjurō- Está quieto.
- Você, já se apaixonou romanticamente, por alguém?
Rengoku negou com a cabeça e Tanjiro soltou um suspiro deitando sobre o mais velho:
- Kaigaku me insultou, dizendo que eu não sei o que é amor. - Falou irritado- Eu realmente não sei, mas, não tem o porquê de ficar jogando na cara.
- Ele só quer te irritar, vamos focar em melhorar - Sorriu gentil-, se descobrir o que é, me conte, está bem?
Tanjiro riu e afirmou.

  Um tempo depois, Rengoku foi-se para seu quarto, deixando Kamado sozinho. Olhou para o chão com um olhar de tédio, pois ainda estava esperando sua recompensa. A porta do quarto bateu, e Tanjiro foi abrir, quando percebeu, era Muichiro com corpos humanos nos braços, jogou no chão do quarto e se virou:
- Pronto, agora vê se para de me encher o saco.
Tanjiro olhou incrédulo com os cortes, e o corpo que estava avermelhado. Muichiro... Havia ligado com caçadores de demônios. Kamado suspirou e a porta se fechou com um alto barulho vindo de si:
- Bem... Eu vou ver ele, mas antes -se virou-, eu tô com fome!

  Depois de Kamado comer sua refeição, o mesmo limpou o quarto e saiu com uma caixa de primeiros socos, indo para o 'território' de Muichiro. Bateu alegre na porta, mas a mesma não estava trancada, já que não ouviu nem um barulho, entrou no quarto sem muita preocupação. Percebeu que estava bem organizado, e viu Tokito sair do banheiro com a toalha enrolada em seu quadril, piscou algumas vezes e seu rosto rubrou fortemente:
- O que... Você tá fazendo aqui!?
- B-bem, eu vi seus cortes, e a-achei que seria melhor te ajudar com isso, a-até porque... -Tanjiro estava tremendo, pois não deixou de reparar no físico do mesmo. Respirou fundo e lhe encarou indignado- Deixa pra lá!
Quando se virou Muichiro comentou:
- Pode ficar, eu não vou demorar muito.
Kamado sorriu mínimo ao ouvir aquilo, mas ao mesmo tempo se irritou com a ação que havia feito. Fechou a porta, e se aproximou de alguns livros que estavam empilhados no chão, em cima de um tapete azulado. Se sentou, e começou a ver os livros:
- Eu não sabia que você gostava de ler...
- Eu não sabia que você tinha intelecto pra ler.
Comentou Tokito com um sorriso travesso, Tanjiro lhe encarou com certo ódio, mas quando percebeu que o mesmo ainda estava sem nem uma vestimenta, tampou o rosto com o livro que estava em suas mãos:
- D-desculpe!
- Hum... - Tokito pegou uma calça escura- Por que se importou comigo? Não achei que fosse de fazer isso.
Tanjiro começou a folhear as páginas do objeto:
- Na verdade, eu me preocupei. Você poderia facilmente pegar uma inflamação, como as katanas dos Hashiras podem ser uma faca de dois gumes... Não quero me descuidar. E ainda, eu quero te superar, mas não faria sentido se você morresse, ou pegasse alguma doença, coisa meio imprevisível.
Tokito sorriu e se aproximou de Tanjiro se sentando na sua frente:
- Poderia ser mais claro, com... Eu me preocupo com você.
Kamado sorriu calmo, mas logo relembrou das palavras de Kaigaku. Ele estava certo, era isso que Tanjiro pensava, não havia hipóteses de paixão sobre nem uma relação dele. Com Muichiro seria igual, ele não podia se descuidar de um único motivo ou ação. Pois demônios nunca seguiram seu coração, então, por que agora ele seguiria o dele? Tanjiro estava tão confuso que começou a soar frio, Tokito percebeu aquela reflexão que o mesmo fazia:
- Você tá mais desacordado que eu... Está bem, Tanjiro?
O mais baixo afirmou com uma expressão triste e começou a cuidar dos machucados de Muichiro. Ele se sentia horrível, mas não havia como fazer com que mudasse, nunca que Tanjiro falaria para Tokito o que sentia, se o próprio Muichiro não descobrisse antes:
- Eu ouvi a conversa sua com Kaigaku. - Comentou seriamente- E confesso, que por vocês terem ditado meu nome, eu fiquei confuso, e muito curioso sobre o assunto. - Tanjiro começou a sentir um calafrio percorrer sua espinha- Mas, não se julgue tanto sobre esses sentimentos. Se eles não forem te levar a nada, então porque iria persistir sobre algo, tão insignificante?
Kamado se manteve quieto por um período de tempo, e logo após encarou Muichiro:
- Você não sabe o que eu quero, não fale nada da boca pra fora. - Se distanciou- Kaigaku sabe bem como usar as palavras, ele pode ser horrível em tudo, mas não deixa de ser inteligente. O seguinte é que mesmo sendo um demônio, eu quero saber como é isso.
Tokito soltou uma risada alta, e se aproximou de Tanjiro prendendo seus braços:
- Quer fazer um pacto?
- Que!? Por que eu iria querer fazer isso? -Muichiro lhe encarou com um olhar óbvio- Ham... Tá, depende do que for.
- Bem, eu proponho; Você será meu temporariamente - Sorriu- Em troca, pode pedir o que quiser, mas não julgue isso como um benefício.
Kamado encarou estranho e afirmou sem exitar:
- Então... Tá bom. Agora pode me soltar?
- Não vai discutir?
- É benefício meu, então pra que discutir?
Tokito suspirou e soltou o mais baixo, que se levantou com dúvida:
- Mas... Por onde eu vou começar?
Muichiro sorriu e segurou no quadril de Tanjiro:
- Que tal, com um beijo?
- Nhe, não. - Bufou- Isso não é romântico!
E assim, começaram uma discussão banal, mas Tanjiro se sentiu confortável com Muichiro. Ele não gostava nem um pouco do pilar da névoa, mas também não era impossível gostar de sua companhia, então, se sentiu bem por parte de si mesmo...
  Aquele pacto, não foi porque Tokito queria algo, mas também, porque ele não entendia nada daquilo, e o único demônio mais próximo de si para aquilo, era Tanjiro Kamado.

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