Felix estava sozinho.
Não no sentido que estamos acostumados, não como se estivesse se sentindo só, muito menos como se tivesse sido abandonado.
Quer dizer, esse último até se enquadrava em seu sozinho.
Mas, não era bem isso... Estava literalmente sozinho. Há meses! Já tinha perdido a conta de quanto tempo estava sozinho naquela maldita cidade.
Não via uma pessoa, animal ou até mesmo inseto, há tempos. Não sabia o que havia acontecido, mas, um belo dia, era o único ser vivo na face da terra.
Sequer fazia ideia de onde sua família, amigos e conhecidos estavam, ou o que havia acontecido. Eletricidade era algo que simplesmente não existia mais, parecia que todas as pessoas do mundo haviam sido aniquiladas em um estalar de dedos, e chegou à se perguntar se Thanos poderia realmente ter acabado com toda a vida daquele mundo, e esquecido de si.
Os dias pareciam iguais, e as noites, infinitas.
Lee Felix nunca gostou de escuro, era o típico cagão que se assusta até com a própria sombra, então, estar sozinho era aterrador, perturbador e extraordinariamente cruel.
Passava suas tardes inteiras andando, devorando livros em uma livraria que ficava próxima ao lugar em que costumava conviver com sua família.
Não tinha saído de lá, todos os finais de tarde, voltava para dentro de sua casa, acendendo velas e lampeõs para afastar a escuridão do lado de fora.
Aquela casa lhe passava a sensação de conforto. Fazia-o lembrar-se de como era o calor de outras pessoas, como era não se sentir só. As fotos, roupas, sapatos e pertences, todos eles ainda estavam lá, evidenciando de que, sim, um dia uma família já residirá aquele lugar.
Naquela tarde em especial, Felix não aguentava mais aquela porra de silêncio, e por isso, decidiu realizar algo que já estava ponderando à algum tempo.
Caminhou até a livraria de placa azul marinho, pegando o livro grosso de Joe Hill que estava terminando de ler e se atirando em um dos puffs vermelhos velhos que havia por ali. Faltavam exatas sete páginas para terminar aquele... Era seu trigéssimo oitavo livro lido desde que se viu sozinho, assim como todos os outros, com, no minímo, trezentas e cinquenta páginas.
Felix gostava de livros grossos, para si, eles pareciam dar mais imagens ao leitor, pareciam guia-lo melhor, não que desgostasse de livros pequenos, pelo contrário, também os lia, mas, ler um livro pequeno nas condições em que estava, não o faria sentir o tempo passar mais rápido.
Uma das mãos se ocupava em trocar cuidadosamente as páginas do livro, enquanto a outra, virava o pacote de salgadinho em sua boca, variando em levar a garrafa de cerveja até seus lábios.

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Surgit •Chanlix
FanfictionOnde Felix estava completamente sozinho, no sentido mais literalmente da palavra, todos no mundo inteiro aparentemente haviam sumido... Bom, pelo menos era o que ele pensava. [Repostada de acordo com as diretrizes da plataforma]